The Ghost in the Shell | Impressões
20/12/2017The Ghost in the Shell sempre foi uma das minhas animações prediletas dos anos 90, ao lado do maravilhoso AKIRA.
Só que, nunca tive qualquer contato com o mangá derivou as animações durante todos esses anos. Por sorte, com a adaptação de um filme ocidental chegando ao cinemas, isso possibilitou o aumento de interesse sobre o mangá original e consequentemente, interessados na publicação do mangá.
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A editora JBC, esperta, anunciou que iria publicar o mangá. Seria a primeira vez que o manga ganharia uma publicação Br em nosso país, e o melhor de tudo, em volume único.
Entrei em contato com a editora, que para minha surpresa gentilmente cederam uma cópia para que pudesse ler e avaliar esse fantástico mangá. Peço desculpas quanto a demora, afinal, o recebi em Março, mas só consegui terminar de ler esse mês.
Mas cá está minhas impressões!
O mangá The Ghost in the Shell é bem diferente do que pensávamos com relação ao anime e filme. Posso dizer que a personalidade da Major Motoko Kusanagi difere em cada uma das obras citadas. Enquanto nas adaptações que se seguiram temos uma personagem mais séria e soturna, no mangá ela é extrovertida e faz piada sujas a todo momento, além de ser totalmente desinibida. O que não muda os questionamentos levantados quanto ao conceito de alma e como seria esse mundo cibernético.
Ambientado no ano de 2029, uma data não tão distante da nossa realidade atual, onde um neurochip criado tem a capacidade de se conectar com as fibras neurais, ampliando a velocidade da transmissão e processamento de dados.
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O que possibilita a criação de cérebros cibernéticos. É ai que a seção 9, uma unidade do governo que é especializada ao combate de crime tecnológicos e a Major Motoko entram. Eles precisam impedir que pessoas sejam hackeadas. É na perspectiva dos personagens dessa seção que somos levados a situações e questionamentos que vão muito além de uma pequena aventura.
Há situações em que você se pergunta se realmente estamos tão longe de ser absorvidos por completo pela tecnologia. Por exemplo: Na seção 9 somente um personagem não possui prótese ou implante, ou seja, ele é totalmente humano. E seria isso uma vantagem ou desvantagem diante desse universo onde a tecnologia está presente?
Perguntas como essa acabam ficando no ar, deixando ao leitor interpretá-las como quiser, levando-nos a uma discussão filosófica quanto ao significa de ser humano em um mundo dominado pela tecnologia.
Quanto a edição, uma das coisas que me chamou a atenção nessa obra original foram as notas de rodapé, onde o autor explica algumas situações e elucida que não seriam possíveis aplicá-las no mundo real, mas que ficaram boas desenhadas. Eu achei isso uma sacada genial, porque é como se o autor conversasse contigo durante todo o mangá.
Por outro lado, recomendo a leitura dessas notas de rodapés somente após a conclusão de do mangá, porque ler a todas as notas enquanto você acompanha a história acaba tornando a leitura um pouco tediosa, mas isso é a minha opinião, faça como bem quiser e depois me diga como foi a experiência.
Ah, também preciso ressaltar que a fonte utilizada nos rodapés por vezes dificultam a leitura, talvez se fosse um pouco maior ou em arial – HAHAHA – . Claro, sei que essa escolhas foi do autor que supervisionou todo o processo de remasterização e as notas, mas não podia deixar de apontar porque minha vista sofreu com isso, mas também não é nada que comprometa a qualidade.
A arte de Shirow Masamune é incrível, o autor não perdeu a mão em nenhum momento durante todo o mangá. Por vezes eu apenas ficava olhando todos os detalhes do traço e cenário ao redor. E como um bom apreciador da violência explicita em mangás, fiquei extasiado com o quão visceral são as cenas de morte no mangá. Uma simples rajada de tiro arranca pedaços dos personagens, que são desenhadas sem qualquer tipo de censura – Nas páginas coloridas fica ainda mais bonito de se ver.
Eu me diverti muito com as situações das missões que o setor 9 precisa encarar, principalmente os vilões que Major Motoko precisa lidar. Eles possuem uma razão e suas histórias estão bem além das motivações simples, até porque o que constitui um personagem ser o vilão? As vezes é apenas o ângulo e posições em que estamos torna outros em vilões.
É muito bom ver as questões que são levantadas durante todo o mangá, mas não pense que a leitura é chata e entupida de filosofia, o autor faz bom o autor também faz bom uso dos alivio cômicos em diversos momentos, tornando a leitura leve e descontraída mesmo abordando temas complexos, o que é mostra a preocupação do autor em tornar a leitura acessível a todos sem exigir um conhecimento profundo do tema.
The Ghost in the Shell é um mangá muito melhor do que eu esperava, posso dizer que fiquei muito surpreso com as diferenças do anime e mangá. Essa edição certamente vale a pena ter na estante para se ler e reler varias vezes.
Um fato interessante é que se você gosta de ficção, tenha certeza que vai identificar muitas, mas muitas coisas que já estiveram no cinema, como o clássico Blade Runner – Caçador de Androide do gênio, Ridley Scott e Matrix das irmãs Wachowski.
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Nesse caso, muitos dos conceitos e até mesmo situações criados por Shirow Masamune foram transportadas para Matrix. Então se vocês gostam de mangá e dessas obras cinematográficas da ficção, sem dúvida The Ghost in the Shell merece sua atenção.
Para situá-los melhor quanto a obra, recentemente o mangá ganhou como melhor edição estrangeira durante o 29º Troféu HQMix, considerado o Oscar dos quadrinhos e humor no Brasil, que ocorreu no mês de agosto.
Sem dúvida mais do que merecido, e se você ficaram interessados basta acessar a página da Editora JBC e garantir sua cópia. Não, eu não ganho comissão, mas uma obra como essa merece a atenção.
É isso, até a próxima quarta!