Horizon Chase Turbo | A verdadeira continuação de Top Gear

Horizon Chase Turbo | A verdadeira continuação de Top Gear

29/05/2018 0 Por Tony Santos

A ORIGEM

Ah, Top Gear… um clássico da infância de 11 em cada 10 brasileiros. Muito me assustou quando descobri, durante o show do Vídeo Game Live, que a série é completamente desconhecida em territórios como EUA e Europa (nesse último talvez menos).

Lançado como “Top Racer” no Japão em 1992, Top Gear era uma versão adaptada da série Lotus Challenge, que teve versões para o Amiga e Mega Drive, produzida TALVEZ pela própria Gremlin Graphics (que é creditada na tela título) e publicado pela japonesa Kemco.

Eu disse “talvez” porque tenho uma teoria um pouco diferente. A única razão de Top Gear existir da forma que é — e não como um port completo de um jogo da série Lotus — seria a falta de licença da marca de carros em questão.

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Porém, é sabido que Lotus Turbo Challenge 2 foi portado para o Mega Drive em 1991, apenas um ano antes do lançamento de Top Gear com seus carros genéricos.

Será que eles perderam mesmo a licença? E por que o jogo seria publicado por uma empresa JAPONESA e não pela própria Gremlin, como foi feito com as outras versões?

Pra mim o que aconteceu foi o seguinte: a Gremlin licenciou os assets e design do jogo (incluindo as músicas) e a Kemco fez in-house uma “versão” própria, mas sem os carros da Lotus, resultando assim no que conhecemos como Top Gear.

Isso explicaria o motivo de não termos uma versão do Lotus pro SNES mas termos suas músicas no jogo em si. Lógico que tudo isso é especulação minha.

A RELAÇÃO COM HORIZON CHASE

Horizon Chase Turbo

Nem vou entrar no mérito de explicar o quão popular o jogo de SNES foi/é no Brasil.

Apesar de não ser tecnicamente impressionante — ele usa as mesmas técnicas de design do Enduro de Atari –, Top Gear tinha um desafio competitivo, controles bem ajustados e músicas bem acima da média, com BPM superior a maioria das músicas mais “lentas” que eram vistas até então naquela primeira fase do SNES, com exceção de F-Zero, que por coincidência também era um ótimo jogo do mesmo gênero.

Talvez por isso (e por estar em todas as locadoras e fitas piratas do país) o jogo tenha se tornado tão popular, sendo cultuado até hoje pelos brasileiros, fenômeno totalmente alienígena pros gringos, que têm como referência muito mais o OutRun da Sega.

Evidentemente que esses brasileiros cresceram e alguns se tornaram desenvolvedores de jogos, o que foi o caso do pessoal da Aquiris, que usou como inspiração o jogo de OutRun da SEGA para criar este maravilhoso Horizon Chase Turbo.

O JOGO EM SI

Horizon Chase Turbo

Horizon Chase foi lançado para celulares Android e iOS em 2015, custando aproximadamente R$10,00, e eu lembro desse exato valor pois foi o primeiro jogo mobile que eu gastei dinheiro real e juro nunca ter me arrependido.

Mesmo com controles de touch, a jogabilidade mantinha-se precisa e não necessitava internet para funcionar, algo raro há 3 anos e muito mais hoje em dia. Lembro de ter demorado umas 2 semanas jogando com frequência até conseguir completar todos os desafios do jogo.

Desafios esses que não se limitam a ganhar as corridas, mas fazê-lo ao mesmo tempo que pega todas as moedas azuis da pista. Caso não deixe faltar nenhuma e ainda consiga a primeira colocação, será premiado com um selo “PRO” (chamado de Super Troféu na versão atual para consoles e PC). É um desafio opcional que dava ao jogador pouco além de um carro extra legal no final, mas que por só aparecer depois de completar tudo, acabava perdendo o sentido.

Pra acabar com esse problema, a Aquiris criou um outro modo além do World Tour, o Arcade, que funciona exatamente como em Top Gear: quatro corridas por país, sem necessidade de pegar as moedas para completar. Além disso existem os Challenges que como o nome já diz, são desafios opcionais que aí sim, vão testar os limites da sua habilidade E paciência.

É bom lembrar que todos esses modos podem ser jogados com 1 até 4 jogadores, facilitando a aquisição dos troféus e sendo também uma ótima opção de jogo para aquele momento de ócio com os amigos em casa.

Eu mesmo joguei quase quatro horas de Horizon Chase Turbo durante um fim de semana!

Tá tudo gravadinho lá no Horo Joga.

EVOLUÇÃO

Horizon Chase Turbo

É notório que muita coisa mudou desde o lançamento do original. As pistas e carros possuem mais detalhes, mas mantendo o visual low poly do original.

Existem mais carros, fases, músicas, etc. Aliás, é importante notar que a trilha do jogo foi feita pelo mesmo compositor da série Lotus (e por tabela, Top Gear): Barry Leitch.

Ele manteve a qualidade das suas trilhas antigas, criando temas bastante marcantes para esse jogo, incluindo também alguns rearranjos das músicas clássicas do SNEs, é muito gostoso jogar um jogo novo com a trilha de algo antigo como Top Gear.

A jogabilidade de Horizon Chase Turbo é tão boa quanto no celular. Foi implementado um botão de freio, não presente no original, onde você automaticamente freava quando soltava o acelerador. Agora existe uma diferença entre deixar o carro “na banguela” e realmente frear, e o jogo leva isso em consideração.

A colisão entre os carros é infelizmente o maior problema. O jogo não trata da mesma forma quando você bate em um carro e quando um carro te bate. Se você der um simples toque na traseira de outro corredor, seu veículo para bruscamente, enquanto que uma pancada na sua traseira não te joga pra frente na mesma intensidade. Leis básicas da física, galera!

Apesar do problema, muitas mudanças foram feitas para melhorar a qualidade de vida do jogador.

Quando sua gasolina está para acabar, o mapa da pista mostra os pontos do percurso onde existem itens de gasosa (que substituem os pit-stops do Top Gear), além disso também foi adicionada uma notificação na tela para quando todas as moedas da fase são pegas, coisa que incrivelmente não existia no original.

O mapa mundi do jogo também recebeu uns retoques, mostrando agora uma visão mais distante com o planeta Terra. É bonitinho, mesmo sendo inútil.

CONCLUSÃO

Horizon Chase Turbo

Horizon Chase Turbo tem em sua atenção aos detalhes o maior de seus méritos.

Toda a apresentação e qualidade mostra que os três anos de produção da versão de consoles/PC foram bem usados, com melhorias que poderiam ser usadas pra justificar um número “2” no título, já que é praticamente um jogo novo, tamanhas as mudanças feitas pra trazê-lo para telas maiores.

Essa qualidade e apreço foram o que tornaram esse lançamento um dos melhores jogos feitos no Brasil até hoje. Eu espero sinceramente que a Aquiris e outros estúdios possam trabalhar em mais jogos e que atinjam esse nível de excelência. Estão de parabéns demais.

Horizon Chase foi analisado com uma cópia do jogo…. fornecida pela Sony! Olha só, quem diria!

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