Mega Man X Legacy Collection | Análise das duas coletâneas
13/08/2018Desnecessário fazer qualquer apresentação da série Mega Man. É uma das mais reconhecidas da ~era de prata~ dos jogos (eu diria Era de Ouro, mas sabe, tiveram outras que pavimentaram esse caminho), junto com Mario, Sonic, Zelda e claro, Bubsy.
Por ser um humano nascido na década de 1990, acredito que assim como muitos, meu principal contato com a franquia foi com Mega Man X e suas continuações. Lembro-me que a primeira vez que aluguei o primeiro jogo para SNES, eu simplesmente não conseguia passar da primeira fase e DEVOLVI o jogo, isso lá com meus 5, 6 anos de idade. Nessa época, a série X já encaminhava para o quarto jogo, que é exatamente onde acaba o Mega Man X Legacy Collection 1.
Pra começo de conversa, não entendi essa de dividir a coleção em dois títulos. Quando o Legacy Collection da série clássica foi produzido, o estúdio responsável — a Digital Eclipse, hoje Backbone Entertainment — fez um ótimo trabalho ao trazer os jogos de NES para a geração atual. Foi um teste de mercado e uma proposta da própria Digital Eclipse feita à Capcom, e talvez por isso eles trabalharam somente com os jogos mais “fáceis” de se portar. O Legacy Collection original, retroativamente chamado de Mega Man Legacy Collection 1, com os jogos MM1 até MM6, foi um port de uma qualidade incrível, bem melhor que o Anniversary Collection lançado anos antes pela própria Capcom no PlayStation 2.
Assim sendo, foi posteriormente produzida uma continuação com MM7 (SNES), MM8 (PSX) e MM9 e MM10 (PS3/360/Wii), mantendo a qualidade da primeira coletânea, mas dessa vez capitaneada pela própria Capcom, deixando a Backbone de lado.
Tendo isso dito, é natural que a primeira coletânea tenha sido feita em duas partes. Mas hoje em dia e com o teste de mercado já feito — inclusive servindo de base para que a Capcom produzisse Mega Man 11 — não havia necessidade de separar a série X em duas coletâneas. Entendo que algumas pessoas prefiram os primeiros jogos (até X4) em detrimento dos subsequentes, mas são jogos antigos e cabem muito bem em um Blu-ray né? Pelo amor de Deus.
ANÁLISE INDIVIDUAL
Reclamações à parte, o tratamento visual e o esmero acertam em 90% das vezes. Todos os jogos, desde os de SNES e PSX e indo até os horrorosos jogos de PS2 são portados com muita qualidade, cada um com sua versão americana e japonesa contidas no disco (com ressalvas que serão abordadas mais à frente) e com direito a conquistas/troféus/medalhas (dependendo da versão), gerando desafios mais interessantes para os que já conhecem a franquia. Além disso, a possibilidade de remapear os controles foi mantida, podendo inclusive usar mais botões do que os controles do SNES permitia (isso claro, considerando X1, X2 e X3).
Vou analisar brevemente cada jogo contido na coletânea, facilitando para aqueles que têm interesse em apenas alguns jogos específicos da série X. Vamos lá:
– Mega Man X (SNES, 1994)
Port perfeito da versão de SNES. É basicamente emulação, sem queda de framerate onde não deveria ter mas mantendo alguns, como na parte do carrinho na mina do Armored Armadillo). Foi adicionada opção de save, colocada intrinsicamente na tela de passwords, que também podem ser usados.
Pra quem não conhece a série direito, recomendo começar por esse:
– Mega Man X2 (SNES, 1995)
Mesma situação do jogo acima. Sobre o jogo em si, ele mantém a mesma dificuldade razoável do primeiro, com a vantagem de já começar com as botas de Dash.
– Mega Man X3 (SNES/PSX, 1996)
Diferentemente da versão contida no X Collection de PS2, o MMX3 dessa coleção é o mesmo que saiu pro SNES. Ou seja, nada de trilha sonora de CD, tampouco aberturas e cutscenes animadas antes dos chefes.
É uma pena pois a abertura japonesa desse jogo é muito boa, mas acredito que se tivessem mantido as CGs, as músicas seriam cortadas anyway, e já já explico porquê.
– Mega Man X4 (PSX/Saturn, 1997)
Assim como no X Collection de PS2/Gamecube, a versão usada aqui foi a de PlayStation, principalmente por ser mais fácil de ser portada e também porque a versão de Saturn é idêntica.
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As cutscenes em anime foram mantidas, inclusive com a péssima dublagem. As músicas japonesas de abertura e encerramento foram cortadas (assim como no lançamento ocidental original). O erro mais gritante dessa versão é que uma das cenas da abertura, onde os robôs da Repliforce fazem uma saudação que lembra vagamente um comprimento nazista (lol) foi cortada, mas de maneira pobre: desaceleraram parte do vídeo para que a cena fosse pulada, mas isso fez o framerate da abertura parecer um slideshow. Foi ridículo e desnecessário. Esse é só o primeiro ponto baixo dessa coleção, e mais pra frente teremos mais alguns.
Assim termina a X Legacy Collection 1. Lembrando que pegando todos os troféus dessa coleção, pode-se obter o troféu de platina (no PS4, obviamente).
Agora vamos a segunda parte da coleção, a X Legacy Collection 2:
– Mega Man X5 (PSX, 2000)
Um port direto da versão original, nessa vez não se tem muito o que reclamar, tirando algo que PODERIA ser melhorado: o uso das músicas em japonês da versão japonesa (“MONKEY”, pela banda Mosquito-Milk). Mesmo jogando a versão ROCKMAN X5, a música não se encontra presente, o que nos leva a crer que foi uma opção da Capcom para baratear os custos com licenciamento. Uma pena a falta de esmero em algo que leva o nome de “legado”.
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Uma curiosidade interessante: no lançamento original, alguém muito louco da Capcom colocou 7 dos 8 chefes como referências à banda Guns n’ Roses. Esses nomes foram revertidos de volta para uma tradução mais direta dos nomes japoneses. Não chega a ser uma perda, mas era engraçado lutar contra o “Duff McWhalen” e o “Axle the Red”.
– Mega Man X6 (PSX, 2001)
Mesmo caso do X5, porém no lançamento original e na coleção de PS2, a abertura em japonês foi mantida na versão americana. Aqui, pela primeira vez, temos X6 com uma música nova instrumental. Uma pena, pois as músicas “The Answer” e “Moonlight” eram muito marcantes. Em termos de gameplay, o jogo mais uma vez se mantém perfeito. Aliás, um ponto positivo é que trouxeram de volta a dublagem (só em japonês), visto que na coleção anterior as vozes foram tiradas sem motivo.
– Mega Man X7 (PS2, 2003)
Aqui conseguiram melhorar o jogo graficamente, deixando ele verdadeiramente como um HD Remaster. Infelizmente X7 é uma porcaria né? hahaha
– Mega Man X8 (PS2, 2004)
Mesmo caso de X7. O jogo é bem melhor que o anterior, porém não se equipara aos jogos de PSX e SNES. A qualidade do port é excelente.
CONCLUSÃO
Resumidamente, temos ótimos ports dos jogos clássicos em Mega Man X Legacy Collection, e com uma ótima apresentação. Não falei antes, mas uma coisa nova e interessante é o modo X Challenge, onde você enfrente dois chefes de diferentes jogos e ao mesmo tempo. É uma adição interessante e vai realmente colocar à prova a habilidade do jogador. Inventaram até uma armadura nova pro X para esse modo que na artwork fica linda, porém no jogo… é só a armadura Ultimate do X4 pintada de branco no Paint.
Infelizmente, também ficaram de fora dessa coleção os jogos Mega Man Xtreme 1 e 2, versões de Game Boy Color que tinham seu valor. Mas isso é só um detalhe.
Além disso, também temos o novo Rookie Mode, que nada mais é que o Easy, novidade dessa versão. Nela, alguns momentos dos jogos ficam mais fáceis, além de espinhos e buracos não matarem o jogador de cara. Deve ter sido um verdadeiro desafio de programação, por isso parabéns aos responsáveis por implementar isso em cada um dos jogos.
Se você sente saudade dos jogos da série X e queria uma maneira fácil de tê-las hoje, essa é sua oportunidade. Para puristas como eu, seria interessante que tivessem colocado as músicas das versões japonesas e legendas nas cutscenes, pelo menos quando se joga as versões Rockman X dos jogos. Mas para quem se importa apenas com o gameplay, Mega Man X Legacy Collection 1-2 está impecável e é uma ótima aquisição para sua biblioteca de jogos.
Mega Man X Legacy Collection 1-2 está disponível como pack ou individualmente no PS4/XONE/Switch/Steam. Essa análise não foi feita com uma cópia fornecida pela Capcom 🙁