Brasil Game Show 2018 | Análise Definitiva sobre o Evento
18/10/2018Olá, QUERIDÕES que visitam o ARQUIVOS DO WOO, estamos aqui numa verdadeira maratona de eventos, começando com o caro e decepcionante GameXP que aconteceu no Rio de Janeiro, dessa vez temos o maior evento de games da América Latina, a Brasil Game Show.
Chegando em sua 11ª edição — se contarmos com a Rio Game Show de 2009 –, o evento liderado pelo fluminense Marcelo Tavares junta grandes nomes da indústria de videogames, além de lojas, produtoras indies e outros expositores em um espaço bem grande em São Paulo durante cinco dias, onde os visitantes podem aproveitar demos de futuros lançamentos, fazer compras, lanchar nos food trucks, socializar, fazer cosplay e até mesmo conhecer seus ídolos da indústria.
AMBIENTE
O lugar escolhido para essa edição é o já conhecido Expo Center Norte, localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. O lugar possui cinco pavilhões, totalizando quase 100 mil m², o suficiente para absorver as mais de 150 mil pessoas que comparecem ao evento todos os anos (não ao mesmo tempo né).
Com isso, temos já o primeiro ponto positivo da feira. O Expo Center Norte é do tamanho de uma FAZENDA. Isso faz com que a circulação, mesmo nos últimos dois dias, seja relativamente fácil, sem filas pra passar em corredores e outros contra-tempos.
A segurança do evento foi grande. Vários guardinhas na entrada com detetores de metais, com fiscalização de mochila e tudo. Ou seja, completamente diferente da GameXP onde o cara usava seu poder Jedi pra escanear sua mente pra saber se você iria matar alguém la dentro. Além disso, havia enfermaria e ambulâncias disponíveis, o que acredito que seja uma exigência da prefeitura para esse tipo de evento.
Outra coisa legal foi que, segundo informações, 70% dos contratados temporários da própria BGS foram pessoas com alguma deficiência. Essa inclusão é muito importante, ainda mais dada a dificuldade de se conseguir emprego no Brasil, por mais que este seja temporário.
Se há algo ruim nessa questão seria a disposição de alguns estandes. Não faz sentido termos Playstation e Xbox colados um com o outro, ainda mais sabendo que são os estandes mais procurados. Isso fez com que o pavilhão onde eles estavam — que também estava as Lojas Americanas, muito requisitada — ficasse inchado, enquanto que outros setores ficassem mais vazios. Seria interessante se nas próximas edições isso fosse aprimorado de forma que os estandes maiores servissem como uma “ilha”, com diversos estandes menores ao redor, até porque isso ajudaria na divulgação dos mesmos.
Ainda assim, nada muito problemático, vale dizer.
JOGOS
Sabe, quando saí da GameXP no mês passado, evento este organizado pela família Medina, a mesma do Rock in Rio, tive a impressão de que enfrentei filas enormes e não joguei muita coisa. Aqui na BGS tivemos a situação oposta. Era notável a satisfação das pessoas ao sair do evento. Incrivelmente todo mundo conseguia jogar bastante coisa, desde indies até arcades ou jogos da moda em PC/PS4/XONE.
Logicamente, nem tudo são flores, e cada estande fez um approach diferente sobre como absorver a quantidade enorme de pessoas querendo jogar, nem que fosse por apenas 15 minutos.
A Sony repetiu o sistema que vêm usando em todas as suas presenças em feiras mundialmente: você precisava baixar o app Experiência PlayStation, se cadastrar ou logar com sua ID da PSN e esperar a abertura de horários para reserva. Esses foram previamente divulgadas no Blog Playstation, mas não o suficiente fora de lá, tanto que MUITA GENTE acabou ficando na fila do backup, que só entrava gente quando a reserva furava.
Além disso, esse sistema funciona melhor quando se tem muitas estações para cada jogo. Porém, na BGS cada game tinha apenas 4 consoles no máximo, fazendo que a reserva dependesse de sorte + conexão boa com internet, até porque as vagas acabavam em SEGUNDOS.
Eu mesmo não consegui jogar Days Gone e nenhum jogo VR no estande da Sony, porém consegui com até certa comodidade, aproveitar as demos de Resident Evil 2, Sekiro: Shadows Dies Twice, Kingdom Hearts 3 (duas vezes!) e Dead or Alive 6.
Os outros estandes, como da Activision, XBOX e todos os que tinham jogos de PC adotaram o sistema de fila simples, e aí caíamos naquele velho problema de poucas máquinas em relação ao número de pessoas.
Digo, eu fui em quatro dias de evento, mas imagina o cara que só pode ir em UM, e nas 8 horas que ele poderia ficar lá dentro, passar de uma à duas numa fila pra jogar 15 minutos de um jogo é desanimador. Sendo assim, eu mesmo me aventurei pouquíssimo nesses setores. Me arrisquei a esperar por Devil May Cry 5 na XBOX, porém em 20 minutos, a fila sequer se mexeu e por isso desisti.
Havia também um pavilhão inteiro dedicado a jogos de PC, principalmente os multiplayers. Lá também tinham estandes de grandes como a Razr, que vendia seus acessórios.
Corredor dos Indies
Um ponto a parte foi o setor dos indies nacionais, com muitos jogos que iam além do pixel art manjado ou da animação em vetores similar a Flash.
Destaque vai para o INCRÍVEL “Dolmen” da Massive Work Studio“, que já esteve presente no ano passado e que esse ano mostrou como o jogo está quase pronto. Eles tentaram Kickstarter duas vezes mas agora conseguiram financiamento da própria Square Enix (!!) para terminar o projeto. Ele mistura uma ambientação similar a Dead Space com jogabilidade de Dark Souls. Realmente um projeto incrível que pude jogar por meia hora e sei que será um sucesso.
Além desse, tivemos a versão de Puzzle Quest baseada em Magic the Gathering, projeto que a Oktagon de Londrina assumiu e manteve a qualidade; outro destaque vai para Trajes Fatais, que foi portado para uma nova engine e agora se assemelha mais a um jogo de luta tradicional.
Esse “corredor indie” foi ótimo pois havia espaço para jogar e sem filas, ainda que fossem jogos betas e pouco conhecidos, vi que até mesmo a garotada presente estava se divertindo bastante. Tive a oportunidade de conversar com alguns desenvolvedores e fiquei feliz de ver como eles estavam empolgados em mostrar seu produto.
Merchandising e comidinhas
Esse tipo de evento grande tem como característica principal o preço elevado de TUDO, principalmente de comida, não é mesmo?
Bem, de fato haviam coisas caras, principalmente em lanchonetes como Bob’s, que estava cobrando o dobro do preço por cada lanche, ainda que os mesmos fossem versões “hot pocket“, mas fora isso, tudo tinha um preço de acordo.
Quem não quisesse gastar com comida, poderia levar lanches de casa ou comprar guloseimas no estande das Lojas Americanas, que tinha tudo que uma loja normal deles possui, e felizmente pelo mesmo preço.
Os produtos como camisas, quadros, acessórios e jogos estavam por um preço médio. Destaque para a Riachuelo, que colocou toda sua coleção “geek” (como odeio esse termo) à disposição, com preço médio de cinquenta reais por camiseta. Todas muito bonitas e confesso que deixei mais de 200 reais lá. Jogos eu infelizmente não comprei, visto que não havia nenhuma promoção que me fizesse comprar algo lá que eu não compraria se estivesse em casa.
Uma estreia do evento foram os cartões de jogos da Nintendo que, diferentemente do praticado pelas suas concorrentes, NÃO dão crédito no e-shop, mas sim códigos para os jogos em si, e pelo mesmo preço da versão física. Ou seja, era possível comprar Mario Odyssey, Zelda BotW e outros first-party da Ninty, porém por 230 reais e sem caixinha e cartucho. A vantagem talvez seja o parcelamento, mas ainda assim acredito que você encontre ofertas mais interessantes em jogos físicos no mercado paralelo.
De qualquer forma, é mais um pézinho que a Big N coloca aqui no país. Toda iniciativa, por mais simplória e não ideal que seja é bem vinda. Dê suporte SE possível.
Personalidades presentes
Nessa edição a organização resolveu chamar praticamente TODO MUNDO DA INDÚSTRIA DE GAMES (ok, exagero) pra compensar a falta de um nome de tanto peso quanto foi o Kojima no ano passado.
Dentre os presentes, deixo alguns destaques como:
–Cory Barlog, diretor de God of War (2018);
–Fumito Ueda, diretor de Ico, Shadow of the Colossus e The Last Guardian;
–Katsuhiro Harada, diretor da série Tekken;
–Yoshinori Ono, diretor da série Street Fighter;
–Charles Martinet, voz original do Mario (que eu tirei fotinha e autografei meio jogo!)
Todos eles deram autógrafos, mas alguns, por exigência da organização, só tiraram fotos. Todos foram bastante solícitos e pareciam estar muito felizes com a empolgação do público. A química entre todos era clara e tudo fluiu naturalmente nessas filas, sem problemas e muita alegria de modo geral de ambas as partes.
Conclusão
A Brasil Game Show é realmente uma ótima experiência pra todos que gostam de vídeo game. A energia geral, a quantidade de cosplays, famílias e o encontro de amigos que moram longe é muito legal de presenciar e participar.
É possível jogar muita coisa, desde que você se planeje antecipadamente pra não ficar perdido igual uma galinha, rodando entre estandes sem saber exatamente o que fazer.
Existiram pouquíssimos pontos negativos (pelo menos pra mim) e acredito que, de modo geral, essa seja a impressão de todos que acompanharam o evento.
Espero que ano que vem seja tão bom quanto esse ano!