Persona 5: Dancing in Starlight | A Dancinha da Bandidagem
01/04/2019
Explicação confusa sobre a ideia geral de um jogo de música
Persona 5: Dancing in Starlight é, junto com Persona 3: Dancing in Moonlight, sequência do aclamado jogo de PS Vita Persona 4: Dancing All Night, onde bonecos (vou evitar usar palavras com prefixo “persona” demais nesse texto, mas vai ser difícil!) da série dançam na tela ao som de músicas de seus jogos, além de remixes das mesmas.
Parece estranho pra quem chega de fora, ver que jogos pareados baseados em Persona 5 e Persona 3 sejam sequências de outro com foco em Persona 4, mas se você está aqui lendo, provavelmente sabe do que se trata: P4DAN foi lançado em 2015, ainda enquanto a ATLUS explorava o sucesso grandioso do jogo de RPG.
Infelizmente, na época esse spin-off ficou limitado ao recém-falecido PS Vita. Porém desde o fim de 2018 é possível jogar todos os três games de rítmo no Playstation 4, sendo P5D e P3D lançamentos do ano passado, fazendo com que a tríade de games de dança esteja disponível tanto no PS4 quanto no Vita.
Jogabilidade
Como já fiz um texto anterior sobre Persona 4: Dancing All Night, não irei me aprofundar aqui, pois a jogabilidade P5D é exatamente igual.
De novidade, temos apenas a nota Double, representada por um botão amarelo com uma letra “D”, que veio para indicar melhor quando duas notas repetidas aparecem muito próximas, além de fazer “vista grossa” pra uma possível e inevitável quebra de ritmo nessas sequências rápidas, o que foi algo legal e fora da caixa, pois as mecânicas dentro das músicas parecia perfeita, mas… ah menino, eles conseguiram errar com outras coisas, como:
A Trilha Sonora
Muitos de vocês podem discordar, mas a escolha de canções pra P5D está bem mais fraca que em P4DAN. Obviamente foi um jogo feito com menor orçamento, daí ainda devemos levar em conta que esse dinheiro foi dividido no meio, pois tanto P5D e P3D foram produzidos juntos, quase como versões pareadas de Pokémon. Era esperado que a queda de qualidade fosse ficar notável em algum aspecto, mas é triste que em um jogo de rítmo onde a música é o principal chamariz, logo ela tenha sofrido um pouco.
E não se engane, não quero dizer que o som do jogo é ruim. As canções originais de Persona 5 estão lá e são ótimas, afinal Shoji Meguro é um compositor excelente que sabe como criar músicas pop com influência dos mais diversos gêneros. O problema real aqui são os remixes.
EM P4DAN, tivemos diversos artistas trabalhando nos remixes, o que gerou uma trilha bem eclética e com qualidade. Já em P5D (e presumo que se estenda ao P3D, que ainda não joguei), temos versões básicas e ligeiramente modificadas da trilha original, onde pequenas mudanças de BPM com algum sample ao fundo dão a imagem geral do jogo.
Pra completar, a escolha das canções originais deveria ter sido mais seletiva, já que vários temas simplesmente não servem pra um jogo de dança, e fica até cômico ver um personagem dançando tão animado ao som de um tema originalmente composto para uma cena melancólica ou de suspense.
Por fora do Ritmo
Outra mudança que deve ter sido feita pra cortar gastos, mas que foi muito bem vinda, foi o corte do modo história em favor de um sistema de Social Link, similar aos jogos de RPG da série.
Aqui, ainda temos uma história básica, que coloca os personagens em uma disputa de dança gerenciada pelas assistentes de Igor. Diferentemente de P4DAN, onde todo o plot gigantesco acontecia no mundo real, aqui as trupes de ambos os jogos são trazidas para um mundo de sonhos, eliminando a necessidade de explicar como aqueles desajustados aprenderam a dançar.
A evolução dos social links acontece no modo Dancing mesmo (equivalente ao Free Dance do P4DAN), onde pequenas conquistas vão liberando novas conversas entre os personagens, que dão como recompensa novas roupas e acessórios, dão acesso a uma exploração em 3D do quarto dos personagens e modificadores que facilitam ou dificultam a jogabilidade em troca de mais ou menos pontos.
Aliás, a pontuação aqui sofreu um belo de um downgrade em relação ao jogo anterior de 2015.
Ao invés de ganhar DINHEIRO pra ser gasto na loja do jogo, você faz pontuação numérica comum, e obviamente que NINGUÉM LIGA PRA ISSO, então o peso de fazer placares maiores é quase nulo aqui, ainda mais que nada no jogo é atrelado ao score, nem mesmo os troféus. Atrelar os itens à pontuação era uma ótima forma de conectar o jogador com as mecânicas propostas, porém aqui houve essa desassociação que ao meu ver foi feita apenas por necessidade de mudar.
Com o problema acima temos outro, que foi ligar os itens aos social links, fazendo com que o jogo demore pelo menos o dobro do tempo pra ser terminado por completo. Quero dizer, se você gosta de tocar as mesmas músicas pelo menos umas três vezes, isso é ótimo, mas sinto que em Persona 4: Dancing All Night, isso foi bem mais trabalho e polido.
No fim, vale a pena
Apesar das críticas incisivas do chato aqui, acredito que P5D valha a pena ser jogado. Não vou entrar no mérito do seu preço absurdo, custando o mesmo que o próprio jogo de RPG em que foi baseado, mas pela sua qualidade. Apesar de menos inspiradas, suas músicas são empolgantes até pra que não jogou Persona 5, e a interação com os “bonecos” da série é uma extensão do que foi visto no jogo de RPG, servindo como uma ótima forma curta de matar a saudade dos Ladrões de Corações.