Power Rangers: Battle for the Grid | Review
03/06/2020A série Power Rangers, apesar de ser bem popular com brinquedos desde sua estreia em 1993 nos Estados Unidos, andava carente de jogos, principalmente depois que a febre inicial dos anos 90.
Tivemos diversos jogos naquela época, a maioria sendo do estilo beat n’ up / briga de rua, como Final Fight ou Streets of Rage.
Além destes, tivemos também um excelente jogo de luta para SNES, o ‘Fighting Edition’, onde você controlava os MegaZords em batalhas com escala maior, com gráficos incríveis e jogabilidade muito boa pra época. Inclusive, sua engine foi usada posteriormente pela Bandai pra fazer o jogo Gundam Wing: Endless Duel, exclusivo do Japão.
Os jogos anteriores da série
A origem do seriado ser japonesa fez toda diferença para a qualidade dos jogos. Como a série foi feita pela Saban Entertainment em parceria com a Toei, que já produzia o seriado japonês que sempre deu origem às cenas de luta dos Power Rangers, muitos contratos originais do Japão foram mantidos, incluindo a produção de brinquedos pela Bandai.
Essa, por sua vez, também fazia os jogos dos Super Sentai (as tais séries japonesas, seu leigo bobo) e, de uma forma estranha, acabou ficando responsável pela produção dos games exclusivos pro mercado ocidental da série, ainda que totalmente produzidos no Japão.
Isso foi ótimo, pois se você é um entendido no assunto, sabe que jogos licenciados de séries e filmes naquela época eram tão ruins quanto enfiar um maracujá na própria bunda e depois beber o suco.
PORÉM, no Japão a coisa funcionava ligeiramente diferente, visto que empresas como Capcom produziam jogos de licenças famosas, como os da Disney, por exemplo. Assim, ter uma empresa de lá produzindo um jogo de ação dos guerreiros coloridos foi um acerto de sorte.
Mais versões
Power Rangers: Lightspeed Rescue para Nintendo 64
Tivemos games para Game Boy, Mega Drive, SNES e até para o Sega CD nessa época. Porém depois do sucesso inicial da série, a qualidade dos jogos só piorou. Foi lançado um jogo estilo Mario Kart para SNES baseado em Power Rangers Zeo, além de um fodendo PINBALL para o Playstation 1.
Infelizmente depois disso, todos os jogos foram feitos com aquele toquezinho de cocô que os produtos feito com baixo orçamento para crianças possui.
Power Rangers: Lightspeed Rescue para o Nintendo 64 era horrendo e o mesmo pode-se dizer do jogo baseado na série Time Force, para Playstation 1. Após essa época, a série deu uma adormecida na popularidade, apesar de ainda estar sendo produzida anualmente, porém sem jogos de relevância.
A Batalha pela Grade
Em 2019, Power Rangers chegou num ponto em nossas mentes onde já se encaixa como uma nostalgia distante e assim aparentemente já ficou liberado fazer jogos para um público que não fossem crianças que passam no shopping com os pais e veem os heróis coloridos na prateleira.
Desta forma, um pouco mais de esforço seria necessário para agradar o público-alvo, ficando a cargo da desconhecida nWay, que já havia produzido um game de luta da série para celular, e que não é japonesa, vale dizer — iniciou a produção de Power Rangers: Battle for the Grid.
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Aqui, diferentemente da maioria dos jogos da série, temos um jogo de luta 2D, inspirado em games recentes do gênero, principalmente Marvel vs. Capcom 3, mas com controles bem mais simples. Assim como no crossover da Capcom, temos três botões de ataque e um de golpe especial, além de L/R servindo como os botões de chamar ajuda.
Algumas da Limitações
Você escolhe três personagens e pode trocar entre eles durante o combate ou só chamá-los para executar um golpe.
Os golpes são bem fáceis de executar e os ataques especiais são executados como em Super Smash Bros., com um direcional + botão, além dos combos serem feitos apenas com repetições do mesmo golpe. Parece simples, mas dá pra tentar algo mais complexo, misturando os ataques com os botões de ajuda.
A quantidade de personagens é bem limitada, infelizmente. Temos alguns rangers e vilões mais conhecidos, principalmente das séries mais antigas, além de alguns exclusivos dos quadrinhos, como Lord Drakkon (uma mistura do ranger verde com o branco) e a ranger amarela original numa armadura de dinossauro (????), sem falar que mesmo tendo poucos lutadores, os mais interessantes — como Lord Zedd, vilão sem pele da primeira série — são DLC.
O modelo dos bonecos e animações são bem bonitas vale dizer, porém os cenários são vazios e sem muita expressão. Tirando uma fase onde dois monstros gigantes ficam lutando ao fundo, nenhum deles é memorável, servindo apenas como papéis de parede para a luta.
Os modos de jogo
Battle for the Grid é — assim como todo game desse estilo — limitadíssimo no que tange aos modos de jogo.
- Arcade: O modo básico onde você enfrenta uma série de lutas até o fim, todas 3 contra 3;
- Versus: auto-explicativo;
- Online: não testei, porém esse jogo é incrivelmente o primeiro na história a possibilitar lutas entre CINCO plataformas diferentes. Isso mesmo, você pode jogar contra pessoas no PC, XBOX, PS4, Switch e alguma outra que esqueci, provavelmente a droga do Stadia, sei lá. Boa sorte encontrando outras pessoas pra jogar;
- Story: O modo mais bem trabalhado do jogo. Foi lançado posteriormente e por isso os reviews do jogo não levaram isso em consideração. Esse vamos abordar separadamente.
O Modo História
Aqui temos o suco que faz ele valer a pena uns trocados se você não tiver com quem jogar contra. Não darei spoiler (lol), mas aqui temos uma historinha provavelmente derivada dos quadrinhos modernos da série, onde rangers de diversas eras enfrentam um vilão novo — já citado nesse texto mais acima, adivinha quem é –. As lutas aqui funcionam de maneira diferente. Você controla qualquer personagem que a história decide que deva vencer para avançar o roteiro.
O único porém é que as batalhas se alongam demais… isso devido a decisão estranha de colocar múltiplas barras de energia para cada personagens, isso em cima do fato que você normalmente já controla mais de um personagem!
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Então imagina só: uma luta única, onde você controla três personagens, cada um com 3 barras de energia, e o computador idem. O combate do jogo é divertido e tal, mas não complexo o suficiente pra não ficar maçante, ainda mais quando você passa uns cinco minutos esmurrando um inimigo no canto da tela esperando as barras de energia acabarem. Pra fazer um jogo com esse ritmo, talvez fosse melhor criar um jogo de briga de rua mesmo!
Conclusão
Power Rangers: Battle for the Grid é feito com carinho, mas as limitações de orçamento e da cabeça dos designers — provavelmente acostumados com jogos mobile — são aparentes, por isso não se deve jogar com a expectativa de um jogo de luta no nível Capcom.
Talvez as dicas e ideias de profissionais da cena de games de luta que foram dadas durante o desenvolvimento tenha ajudado o jogo a não ficar horrível, mas deixá-lo mediano faz com que não seja atrativo para todas as pessoas. Caso você for um fã das antigas da série e queira um joguinho de luta bacana pra jogar com os amigos em casa ou online durante uma call, esse possa ser uma boa pedida.
— Esse review foi feito com uma cópia pessoal do jogo para Nintendo Switch.