Elden: Path of the Forgotten | Quase um Dark Souls 2D
18/07/2020Introdução
Chega agora ao Switch e Steam um indie muito interessante chamado Elden: Path of the Forgotten. Sua premissa remete ao gênero “souls-like” e seu estilo de narrativa nos lembra aos contos e livros de H.P. Lovecraft, do qual eu me considero um iniciante e fã. Li alguns de seus contos, como “A Tumba”, “O Festival” e “Aprisionado com os Faraós” e fiquei maravilhado com seu estilo de contar histórias.
Caso não esteja familiarizado com o autor, sua narrativa normalmente envolve mistério e criaturas de outro mundo, quase sempre deixando o imaginário do leitor preencher as lacunas que ele propositadamente deixava em suas histórias.
Obviamente que esse tipo de escrita se tornou único e inspirou diversos outros tipos de mídia, como filmes e jogos. Dark Souls é uma dessas influências com maior destaque nos últimos anos, e obviamente que outros games — mesmo indies — também se fariam valer do gênero de mistério para desenrolar suas narrativas.
História
No game, não há textos. Bem, na verdade até tem, mas não estão em inglês, português ou qualquer língua conhecida. Porém, todo diálogo em tela é apresentado em caracteres desconhecidos, o que acentua o ar misterioso da história e deixa tudo bem curioso.
O que podemos compreender inicialmente é que Elden, o protagonista, precisa salvar sua mãe de um inimigo desconhecido. Para isso, ele precisa se aventurar em um mundo desolado, com inimigos estranhos onde mesmo os mais fracos oferecem perigo real ao jogador.
Jogabilidade
É inevitável não se prender ao clichê de dizer que o jogo se assemelha a série Souls. O game explica muito pouco e deixa o jogador livre para explorar.
O combate é simples: deve-se analisar a hora correta de atacar para evitar morrer. Aliás, essa é outra característica similar a série da From Software: a dificuldade é bem alta, ao ponto que isso pode até afastar alguns jogadores casuais.
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Porém, não se trata de nada muito complicado, já que com alguns minutos já podemos aprender a melhor maneira de desviar de ataques, usando rolamentos e economizando energia (estamina) para sobreviver nesse mundo desconhecido.
Apresentação
O criador do game, Dylan J. Walker, acertou em focar nas interações do jogador com o cenário e seus inimigos. Todavia, os gráficos ficaram em segundo plano, sendo essa uma característica de muitos jogos indies. Infelizmente ao meu ver, a estética 8-bit/16-bit está repetitiva entre os jogos independentes e aqui temos exatamente isso.
Elden tem grande inspiração gráfica nos games para computador daquela era, remetendo principalmente ao estilo de arte de Another World, um ótimo adventure lançado nos anos 1990.
A câmera é bem afastada para mostrar os cenários de forma ampla, o que ajuda a se localizar no mapa e também a desviar e rolar pela tela. Já a trilha sonora remete a um sonho sombrio, onde escutamos o vento e as fogueiras na maior parte do tempo, com algumas “músicas” às vezes que soam como sussurros ouvidos dentro de uma floresta, acentuando o clima sufocante e a ambientação solitária proposta pelo seu criador.
Os chefes também são bem estranhos, parecendo realmente que saíram de um conto de terror de Lovecraft. Seria interessante se a trilha sonora se adaptasse a esses momentos, porém o jogo mantém o mesmo tom sonoro durante todo o progresso.
Infelizmente, pude notar que o desempenho, ao menos no modo portátil (ou no Switch Lite) é HORRENDO, com o jogo ficando lento e diversas partes, principalmente quando há muitos elementos. Assistindo gameplays da versão do PC, eu pude notar o quão diferente e mal otimizada é a versão para o portátil da Nintendo. Uma pena mesmo.
Conclusão
Elden: Path of the Forgotten é um game acerta nas suas propostas, com foco em ter uma narrativa com um climão misterioso e jogabilidade decente. Porém, seu único pecado talvez seja um pouco de falta de ambição, pois há muito potencial pouco explorado aqui. A dificuldade um pouco acima da média, aliada a jogabilidade precisa são os pontos fortes do jogo que já valem pelo menos uma zerada nele.
No fim das contas, a experiência foi interessante e me abriu os olhos para os próximos projetos do desenvolvedor.
O jogo encontra-se na Steam (R$30,99) e Nintendo eShop, só que nesse caso não está à venda no site da Loja Nintendo brasileira, por isso, dê seus pulos para conseguir essa versão.
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Essa análise foi feita com uma cópia digital do game fornecida pela produtora.