Blaster Master Zero | Remake? Reboot? RECOMENDADO!
21/07/2020Eu tenho uma relação de amor e ódio com a Inti Creates. Por um lado, gosto muito dos jogos que ela costuma fazer (As séries Mega Man Zero e ZX, Gunvolt, Gal Gun, Bloodstained), por outro lado, é fácil demais ficar PUTO com os caras por não lançarem alguns dos jogos deles na PSN Brasileira .
E esse não é um problema novo, já que desde o primeiro Azure Strike Gunvolt tinha esse problema, com o jogo não estando disponível na eShop BR do 3DS. As versões de Vita e PS4 de Mighty Gunvolt? Só no Japão. Então, a cada anúncio de porte do PS4 deles, eu fico ressabiado.
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Blaster Master pra mim é uma descoberta deveras recente. Claro, nos meus primórdios da blogosfera retrô (começo da década passada), eu ouvi pessoas falarem de Blaster Master, mas nunca parei pra jogar.
O SEGUNDO CONTATO
Meu segundo contato com a série, foi quando gravei um podcast sobre remakes no distante ano de 2013, no qual citaram Blaster Master Overdrive (Wii). Como bom vagabundo, eu baixei Blaster Master 2 (Do Mega Drive), vinte minutos depois, tweetei meu veredito: “É uma bosta”, o qual amigos concordaram e ficou por isso.
Avancemos pra 2016, quando a Inti Creates anunciou que estaria fazendo um reboot da série e eu finalmente joguei o primeiro Blaster Master, que explodiu minha cabeça.
O jogo misturava exploração a la Metroid, tiroteio com visão superior, bons gráficos e uma trilha sonora DO CARALHO. Eu sei que você está assobiando o tema da Area 1. Admita. Enfim, como todo bom jogo que eu fico obcecado, eu descobri que Blaster Master ganhou uma adaptação literária, como parte da série Worlds of Power (que tinha adaptações literárias de alguns jogos do NES) e mais incrível ainda, é que apesar da maioria dos livros da série Worlds of Power ser simplista, o livro de Blaster Master era genuinamente bom, a ponto de ter sido utilizado pela Sunsoft como base da história de Blaster Master: Blasting Again (PS1).
Se houver demanda, posso traduzir o livro e colocá-lo a disposição de quem quiser ler.
Enfim, em 2017, Blaster Master Zero finalmente chegava ao 3DS e ao Switch (porque é claro, que eles lançam primeiro em consoles da Nintendo) para dois anos depois, chegar ao PC. E finalmente, em junho de 2020, Blaster Master Zero chegou ao PS4 (juntamente com Blaster Master Zero 2, mas esse é assunto pra outra review). Será que ele vale a pena o seu suado dinheirinho? Venha comigo nessa jornada.
MISTURANDO TUDO E REINICIANDO
O Plot de Blaster Master Zero combina elementos do Blaster Master original, com coisas da adaptação em livro e mesmo do jogo japonês original “Cho Wakusei Senki Metafight”.
Num futuro distante, devido as inúmeras guerras, desastres ambientais e grupos de k-pop, a Terra entrara em uma nova Era do Gelo (Não, não vou fazer referência ao filme, de piada neste parágrafo já basta colocar o k-pop), que forçou a humanidade a viver no submundo.
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No fim da era do gelo, a humanidade começara a trabalhar para restaurar o planeta ao seu estado natural. Naquela época, um cometa enorme e misterioso caiu na Terra, mas não desanimou as pessoas de recuperar seu planeta, e depois de muito esforço, a humanidade voltou a viver na superfície.
Centenas de anos depois, Jason Frudnick, um jovem gênio na área da robótica, encontra uma estranha criatura parecida com um sapo, a qual ele batiza de Fred.
A pesquisa dele é interrompida, quando Fred foge, pulando em um buraco de minhoca que o leva a um dos locais antigos do submundo, onde ele encontra um tanque de combate chamado Sophia III, o qual ele usa para se defender dos mutantes que tomaram o submundo e para localizar Fred. Em sua jornada, ele encontra também uma misteriosa garota chamada Eve, que passa a ajudá-lo como operadora do tanque.
NADA DE NOVO, MAS TUDO NOVO EM FOLHA
O Core de Blaster Master Zero é o mesmo do original, explore um mundo enorme com a ajuda do tanque Sophia III e encare dungeons onde haverão batalhas contra chefes. Vencendo os chefes, você encontrará upgrades para o Sophia que permitirão acessar áreas antes impossíveis de se chegar. Repita isso até o final.
Mas, porém, entretanto, contudo, todavia, o jogo oferece um pequeno twist na fórmula.
OK, talvez não seja um twist, mas o fato é que dessa vez não há apenas os chefes normais que dão upgrades para o tanque, mas outros sub-chefes que dão upgrades, tanto para o Sophia (Armas novas), quanto para o Jason, além de itens que aumentam a energia máxima do jogador.
A física do Sophia funciona como no NES, o tanque é pesado de se controlar, mas com prática e jeito, você vai estar destruindo mutantes num piscar de olhos. E assim como no original, você pode sair do tanque, apertando o triângulo, mas CUIDADO! Jason é um humano normal e possui dano de queda, então se cair de muito alto, morrerá.
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A morte não possui o impacto da versão de NES, porque você retornará ao save point mais próximo, ou o início da sala, mas é algo que é preferível de se evitar. Inimigos deixam energia ou munição para as armas secundárias, novamente como no original. A diferença, é que dessa vez, o Hover também se utiliza da mesma barra das armas secundárias, ao invés de ter as barras próprias.
Dessa vez, com o toque de um botão, abre-se um sub-menu de troca de armas que dá uma agilizada no jogo. (mas dá pra trocar de arma usando o botão de pausa como no original, só não é tão prático).
AS NOVIDADES
As seções de ação top-down funcionam novamente, como no original, com inimigos a serem derrotados nas dungeons que podem ou não possuir chefes, algumas vezes, no fim de uma dungeon, há apenas itens comuns (usualmente dungeons pequenas), em outras, há bosses e em algumas, ondas de inimigos a serem derrotados.
O tiro de Jason pode ser modificado pegando itens rosados que podem ser deixados por inimigos, ou destruindo pedras, mais ou menos como no original. Só que ao contrário do original, você pode voltar ao tiro anterior através do menu.
E assim como no original, caso tome dano, a sua arma será enfraquecida (há um item que permite dar uma segurada na arma) e isso pode causar problemas mais adiante na dungeon. Em relação aos chefes, alguns retornam do Blaster Master original, outros são originais dessa versão. A estratégia para a maioria deles consiste de aprender o padrão e trabalhar ao redor disso para derrotá-lo.
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Uma novidade (creio eu) em Blaster Master Zero, é que agora possui seções mais longas em que você precisa sair do veículo para ativar alavancas ou entrar em salas para congelar o ambiente e poder prosseguir. Além disso, o jogo possui algumas batalhas contra chefes, onde se luta no Sophia III ao invés de lutar na dungeon.
Se eu puder apontar um defeito que pode afastar alguns do jogo, são justamente duas sessões ingratas do jogo, onde se deve fazer saltos de fé e agarrar uma escada pressionando para cima no momento exato. Não são momentos necessariamente difíceis, mas podem levar a frustração por repetir uma seção que teoricamente deveria ser simples.
O FINAL BOM E O RUIM
Por fim, o jogo possui dois finais, um ruim, que é feito caso você complete as oito primeiras áreas sem pegar todos os itens (e é um final deveras deprê), e um final verdadeiro, caso pegue todos os itens e mapas e aumente a energia ao máximo.
Ali, ao fim da oitava área, haverá uma cutscene, semelhante a do final ruim, mas dessa vez, Fred leva Jason a um local onde eles encontram o Sophia Zero, uma versão turbinada do Sophia III que o levará até a nona área, onde você deverá encontrar três chaves (e enfrentando novamente alguns dos bosses anteriores), que o levará ao confronto final.
No fim dessa árdua batalha, uma satisfatória conclusão, que deixa um gancho para Blaster Master Zero 2 (assunto para outra review).
MARIVILINDAMENTE 8 BITS
No departamento audiovisual, Blaster Master Zero é mais um excelente exemplo de gráficos retrô 8-bits usando o potencial gráfico de hoje em dia. Os cenários, apesar de serem vagamente familiares (especialmente as Áreas 1, 7 e 8), são muito mais coloridos que na época dos consoles de 8-bits, e os novos cenários não deixam a peteca cair no departamento visual.
Alguns dos efeitos são simples, mas muito bem executados (como na seção marítima, onde o background vai de azul para preto, conforme vai se descendo, simulando a diminuição da visibilidade no fundo do mar).
Muitos dos sprites são versões repaginadas do jogo original, e os novos sprites se encaixam junto no jogo. Os chefes são um destaque a parte, em alguns dos casos, em especial o Esqueleto na Área 7, que é enorme (mas é um chefe fácil depois que se pega o veículo).
Uma alteração notável ficou no design da armadura de Jason, que no original era bem parecida com a roupa de um astronauta, agora ele não ficaria deslocado em um cenário de Mega Man.
CUTSCENES PIXELADAS
As cutscenes do jogo, feitas em pixel arte estão lindas e retratam bem os diálogos. Tanto Jason, quanto Eve ficaram expressivos, nas cenas e nos retratos dos diálogos. (E a camisa que Jason usa na primeira cutscene do jogo é uma referência a Ikki, o primeiro jogo da Sunsoft a ser lançado para Famicom).
A trilha sonora é uma faca de dois (le)gumes. Por um outro lado, possui excelentes composições (e felizmente, um remix da iconica música da Area 1) por parte de Ippo Yamada, Hiroaki Sano, Aoi Tanaka e Kotaro Yamada. Por outro, a maioria são musicas excelentes, mas que não são memoráveis como a trilha do Blaster Master original, composta por Naoki Kodaka. E essa é uma sombra difícil de sair.
COMPRE ONDE PUDER
O jogo, comparado ao Blaster Master original é um jogo mais fácil, mais acessível, mas nem por isso menos divertido.
Ele possui modos extras (liberados após terminar a aventura principal), o Unlimited, que é um New Game+, onde se começa já com os upgrades e o Sophia Zero (Os coletáveis do 100% aqui é só para fazer o final verdadeiro, já que o tanque está poderoso).
O Destroyer, que é uma campanha mais difícil com inimigos mais agressivos e que dão um disparo extra quando morrem (como em alguns bullet hells da vida), um bom desafio extra para quem terminou o jogo com facilidade. E também há o Boss Rush, onde pode se enfrentar novamente todos os chefes para conseguir melhores tempos.
Caso você esteja um pouco mais abastado, pode ainda apimentar um pouco a sua jogatina com quatro personagens extras, Gunvolt (de Azure Strike Gunvolt), Ekoro (de Gal Gun), Cavaleiro da Pá (É assim que o DLC do Shovel Knight está na PSN BR) e Shantae (da franquia homônima), que podem ser adquiridos via DLC paga. Esses DLC’s não vão fazer você perder o sono se não tiver, como afirmei acima, se você estiver abastado…
O jogo está traduzido em português brasileiro, o que é uma constante em jogos da Inti Creates, e no geral a tradução está decente, salvo alguns erros aqui e ali.
Agora, lembra que eu falei lá em cima que o roteiro misturava o jogo original com o livro e a versão japonesa? Pois bem, vamos aos pontos aqui, Jason, obviamente, é o protagonista do Blaster Master americano, e Eve foi uma personagem originalmente criada para o livro de Blaster Master, só que a Eve do livro era ruiva (ela foi refeita como loira já em Blaster Master: Blasting Again).
Agora, quanto a parte do jogo original japonês, os pais de Eve se chamam Kane e Jennifer Gardner. Kane Gardner é o protagonista de Metafight e Jennifer é a criadora do Metal Attacker, só que o sobrenome dela em Metafight era Cornet.
Finalizando, Blaster Master Zero é uma excelente atualização de um clássico do NES. Tem suas falhas, mas elas não diminuem a diversão do jogo, e certamente depois de terminar, você voltará mais uma vez, nem que seja pra pegar o Sophia Zero e ir estraçalhando os inimigos. Se você puder, compre em sua plataforma favorita.
Não vai se arrepender.
Blaster Master Zero está disponível para Nintendo 3DS, Nintendo Switch, PC e Playstation 4. A análise foi feita com base na versão de PS4.