Pixel Devil and the Broken Cartridge | Tributo desperdiçado
13/08/2020Muitas vezes, certos jogos passam batidos por seu radar. Por exemplo, Dogurai, um platformer indie brasileiro chegou ao PS4 em março desse ano, mas não se viu muita gente falar a respeito dele.
Uma pena, pois joguei Dogurai ainda em seu estágio beta e é um jogo deveras divertido. Recomendo a compra.
Enfim, dentre esses milhares de jogos indie que passam batido porque seu hype está num AAA genérico, Pixel Devil and the Broken Cartridge parece ter o nome de fanfic genérica de Harry Potter e promete prestar tributo a clássicos como Mega Man, Ducktales, Darkwing Duck, Battletoads, entre outros.
Mas será que ele é uma pérola perdida que merece ser visitada ou é um jogo que deve cair no esquecimento?
Salve a garota, como nos velhos tempos
O jogo não perde tempo, e vai direto ao assunto em sua curta introdução. Você, Pixel Devil, aparentemente um youtuber retro e sua garota, Valya, decidem se mudar para um novo apartamento, nisso ele encontra um cartucho esquisito e decide colocá-lo em seu console.
Do nada, uma mão sai de um portal surgido de dentro do cartucho e rapta Valya. E você, munido de uma arma que parece suspeitamente uma Super Scope, vai atrás dela.
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Coisa básica de qualquer jogo da época, mas de alguma maneira, a combinação da intro com a musica de introdução não ajuda a te animar pra essa tarefa simples.
A princípio, você é jogado num estágio de introdução, que é mais ou menos um tutorial com os comandos do jogo e logo em seguida, você é introduzido a uma tela de seleção de fases, tal qual Mega Man. Mas, porém, entretanto, contudo, todavia, você vai descobrir que não é bem assim que a banda toca e que para passar de determinados trechos das fases, você precisará de armas específicas que só podem ser conseguidas em outras fases, mais ou menos como em Quackshot, clássico da SEGA.
Então, ao invés de você ter a liberdade de começar pela fase que quiser, você tem uma ordem de fases para seguir, só que isso não é feito de maneira gradual, como em Quackshot, onde você começa numa fase e vai até um ponto até descobrir que precisa de algo, o jogo não te condiciona a pensar desse jeito.
Difícil pelas razões erradas
Depois dessa ducha de água fria, você começa a jogar de verdade. O jogo é um sidescroller como Mega Man, percorra as fases, vá até os chefes que tem padrões de ataque, vença-os e consiga as armas especiais que ajudam a prosseguir nas fases onde você estava empacado.
Passe as quatro fases iniciais e uma quinta irá abrir, onde teremos que enfrentar novamente os chefes para chegar até o final do jogo.
Só que… O jogo é difícil. Pelos motivos errados. Não, não estou sendo chorão e reclamando de uma dificuldade que está acabando com a minha paciência.
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Pra começo de conversa, Pixel Devil & the Broken Cartridge é um jogo que possui poucos inimigos. Que possuem apenas UM PADRÃO de ataque. Se esconder de modo que fique protegido e te atacar.
Apenas esse padrão. Tá, tem os peixes do trecho com água, mas ainda assim, o padrão não é diferente. Isso denota falta de criatividade, e muitas vezes resulta em morte ou perda de HP de maneira boba, porque certos inimigos se escondem no chão e te atacam, então só dá pra atacar quando ele está prestes a atacar você.
Fazendo paralelos com outros jogos difíceis que podem acabar com sua paciência, Shovel Knight e The Messenger, dois jogos que prestam tributo a jogos da era 8-bits e podem dar uma canseira fácil ao jogador, você não sente que morreu porque não podia atacar um inimigo ou não chegou numa plataforma, você morreu por culpa sua e vai melhorar naquilo para que não morra.
Os chefes não são necessariamente difíceis, eles possuem padrões de ataque fáceis de serem decorados e podem ser derrotados facilmente. O que é difícil no jogo, é devido a posicionamento esparso e mal feito dos inimigos, além de alguns obstáculos nada agradáveis (como a água hit-kill ou espetos estrategicamente posicionados para te ferrar) e o design de fases HORROROSO.
Sim, o design de fases do jogo é simplesmente horrível, os pulos exigem uma precisão que os controles não tem, os yoko blocks de Mega Man possuem padrões meio erráticos (não são padrões precisos como em MM) e sequer acompanham uma dica de áudio como em MM, muitas vezes o inimigo vai estar posicionado de modo que se ele te acertar, vai te jogar no abismo.
Os bosses fazem referências a jogos clássicos, como Darkwing Duck, DuckTales e Battletoads (com direito referência ao Turbo Tunnel na fase), mas só referência não tira o quão chatas e previsíveis as lutas com eles são.
Zzzzzz… Ah, sim, tédio audiovisual
Graficamente, o jogo seria considerado OK, se a parte do áudio não fosse tediante a ponto de tornar a experiência extremamente monótona. As músicas são muito, mas muito chatas.
Os inimigos são sem inspiração, o personagem principal é feito no estilo do Mega Man, mas sem lembrar o Mega Man e os cenários. Só estão lá, mas como eu havia dito, o áudio deixa tudo tedioso, e eu não consigo arranjar mais sinônimos de tédio pra definir o quão chato é esse jogo.
Desperdício de Tributo
Pixel Devil and the Broken Cartridge tinha potencial, mas acho que eu devia ter previsto esse resultado pelo trailer totalmente desinteressante.
É um jogo que poderia ter sido um tributo bacana, se não tivesse um design de fases tão ruim e uma trilha insossa, que aliado a gráficos e jogabilidade meh, deixa muito a desejar. Desculpem a análise curta, mas o jogo é ruim, evitem.
Pixel Devil and the Broken Cartridge está disponível para PS4, PC, Xbox One, Switch e Android, e esta análise foi feita com base na versão de PS4.