Dude, Where is my beer? | Eu quero goróó
06/04/2021Recentemente aqui no site, foi publicada a análise de Tormenta: O Desafio dos Deuses, um jogo medíocre que foi feito com base em financiamento coletivo e tudo que o jogo deixou pelo caminho foi um amontoado que mistura decepção, apoiadores putos e um outro jogo no universo de Tormenta que conseguiu ser pior que o primeiro.
Porque sim, fizeram um jogo de Holy Avenger, e SIM, ELE É PIOR QUE TORMENTA: O DESAFIO DOS DEUSES.
LEIAM – Tormenta: O Desafio dos Deuses | Falha Crítica
Enfim, basicamente falei sobre um jogo ruim que veio de financiamento coletivo. O que isso tem a ver com o jogo que estou analisando?
Pois bem, o jogo desta análise que você está lendo neste exato momento também veio de um financiamento coletivo, porém, ao contrário de Tormenta: O Desafio dos Deuses, Dude, Where is my Beer?, não bateu sua meta inicial de 7 mil dólares (que em dezembro de 2018 eram mais ou menos 27 mil reais), arrecadando apenas 1807 dólares (6902 reais na cotação da época).
Por sorte a campanha era com o fundo flexível e os desenvolvedores do jogo trabalharam com o que tinham.
Será que valeu a pena? Confira comigo.
Em busca de uma Cerva
Você é o primo ruivo norueguês do Baixinho da Kaiser, e acabou de chegar a Oslo após um encontro com seu primo e outros personagens esquecidos de propagandas, como o Tio da Sukita, o Sebastian da C&A e o mala das Casas Bahia que perguntava “QUER PAGAR QUANTO?”.
Após uma longa viagem, tudo o que você quer é tomar uma cerveja simples geladinha, daquelas de bar… Ou seja lá como cervejas simples sejam servidas, eu não bebo, só faço as piadas aqui.
Enfim, tudo o que você quer é tomar uma cerveja gelada barata, porém por algum decreto de um hipster babaca (que “doravantemente” chamarei de Philip Grandson), as cervas foram proibidas, dando lugar a cervejas artesanais com nomes extremamente longos tipo Elixir Caribenho da Austrália do Norte, ou algo do tipo, geralmente produzidas por aqueles hipsters pescoço de lápis que frequentam a USP.
Revoltado com a falta de uma cerva feita por pessoas que ainda possuam todos os neurônios e não se preocupam com a quantidade de likes no twitter/instagram, o nosso ruivo de meia idade começa uma peregrinação em busca da cerveja, tendo que lidar com todo tipo de hipster babaca e esnobe, além de ter que resolver coisas extremamente desnecessárias e que só fazem sentido se você se chama Guybrush Threepwood.
Uma jornada imbecilmente desnecessária, e é por isso que ela vale a pena
O jogo é um adventure point’n click, bem ao estilo de jogos como Secret of Monkey Island e Maniac Mansion, então você se move clicando no mouse para onde quer ir, e tem um punhado de ações que pode fazer, clicando nelas, ou usando atalhos do teclado (úteis em alguns pontos da história).
Porém, tem uma mecânica interessante (que pode ter sido ou não utilizada em algum outro jogo, não sou PhD em adventure), já que o seu personagem é um cara que não é muito sociável, então para poder falar com a maioria das pessoas, você terá que beber as cervejas de nomes desnecessariamente complicados, feito Mel Ucraniano de Nepal Senegalense, que podem ser adquiridas nos bares ao longo da jornada.
Tomando uma cerveja, você aumenta um pouco o nível de manguaça e torna possível falar com as pessoas e pegar alguns itens que quando sóbrio, seu personagem se recusa a pegar. Nisso, segue o gameplay, com o personagem fazendo coisas imbecilmente complicadas, que no fim das contas são uma carta de amor aos adventures clássicos da LucasArts.
Não é sempre que o senso de humor do jogo vai te fazer rir, mas o mundo do jogo tem um background interessante o suficiente pra te manter jogando.
Tem coisas que não foram exploradas o suficiente, talvez pela falta de fundos. Isso também reflete na duração do jogo, já que ele pode ser terminado em cerca de 3, 4 horas, ou bem menos se você souber o que estiver fazendo, e sendo necessário dois playthroughs para fazer todas as conquistas (uma sem receber as dicas do gato falante e uma recebendo todas as dicas do gato falante).
Nem tudo é diversão, já que algumas decisões feitas não foram as melhores pro jogo. Primeiro, nem sempre o jogo vai te indicar que você já fez algo que gerou uma reação em outro lugar, o que pode levar a coçadas de cabeça. E no aspecto mais técnico, o jogo não permite que você mude a resolução do jogo, o que é um contra pra quem usualmente joga no modo janela.
Poucas cores, boa animação, trilha fabulosa
O estilo de arte escolhido para o jogo pode parecer estranho a princípio, porém você se acostuma e vê que é até bem desenhado e os sprites são razoavelmente bem animados. Os cenários são ricos em detalhe, e refletem cada tipo de bar que você frequenta, desde o básico, ao bar esportivo e o bar do Paquistanês com nome inspirado em banda de Death Metal.
E claro, o jogo foi feito com uma paleta de cores pequena, mas bem escolhida, com as cores contrastando de maneira harmoniosa, não agredindo aos olhos, mesmo na parte onde há um alerta sobre epilepsias, não chega a ser algo gritante.
A trilha sonora de David Borke é bastante funcional, podemos definir ela assim. Apesar de não ter aqueles temas memoráveis, ela é competente o suficiente para deixar o jogador no clima necessário para essa curta aventura.
Nem todas as áreas, necessariamente vão ter músicas, muitas vezes, o que lhe acompanhará são seus passos, ou a cacofonia de uma multidão.
Uma surpresa grata, mas que não é pra todos
Os próprios desenvolvedores disseram que eles fizeram basicamente o jogo que queriam jogar, então se você é um fã dos clássicos adventures da LucasArts, vai se sentir em casa com Dude, Where is my Beer?, pois ele possui os elementos que fizeram com que esses jogos se destacassem na época.
Nem todo mundo curte adventures, óbvio, mas aqueles que curtem, vão encontrar um bom aperitivo aqui.
Dude, Where is My Beer está disponível para PC’s, e a análise foi feita com uma cópia, gentilmente cedida pelos desenvolvedores.