Highschool Romance | Romance crossdresser por acaso
06/10/2021Começo esse texto com uma pergunta que ao mesmo tempo é e não é relevante ao jogo de hoje: Ter saudade de algo acontecido há quatro anos dá pra ser chamado de nostalgia? Ou nostalgia só é válido pra coisas de quando éramos pequenos? Fica o questionamento.
A razão é que houve uma época em meu canal do YouTube, que eu jogava bastante visual novels, ou talvez não tenham sido tantas, e o motivo é que eu fiz tanto vídeo de 15 minutos que parecia muito. Mas enfim, dentre essas novels, estava uma de 2015, chamada Highschool Romance, do Dharker Studio. O tempo passou, e agora em 2021, o jogo foi lançado para consoles, graças a Gamuzumi. Será que ele vale a pena o seu tempo?
Vale tudo pelos estudos?
Shoji é um estudante que devido ao trabalho dos pais, nunca fica muito tempo em uma escola, sempre sendo transferido de um lugar para o outro. Tudo muda, quando sua mãe o matricula na escola em que ela havia estudado na sua juventude. O garoto finalmente, em seu último ano do ensino médio, teria um descanso, certo?
Certo?
ERRADO, pois o colégio em que sua mãe o matriculara, é um colégio só para meninas, e pra jogar sal na ferida, a mãe dele colocara no formulário de matrícula que ele era uma menina. Claro que quando a mãe dele estudou naquele colégio, era um colégio Unissex, a mudança para colégio feminino é relativamente recente, mas isso não justifica a incompetência da mãe do garoto em preencher a porra de um formulário.
LEIAM – Sakura Succubus 4 | De Férias com meu Harém
Por sorte (seria mesmo?), a diretora do colégio se compadece da situação de Shoji e deixa ele ter seu ano letivo lá sob uma condição: Ele teria que se disfarçar de mulher. Claro, como Shoji tem a aparência andrógena, não seria um trabalho difícil, mas será que ele superaria a insegurança de se disfarçar de mulher, além dos próprios hormônios?
Tudo acontece rápido demais
Em termos de rotas, Highschool Romance possui 3, e não é tão difícil assim fazer as mesmas, as escolhas são óbvias, e a não ser que você propositalmente queira um final ruim (pra quê? Nem dá troféu), basta se manter fiel a suas escolhas e pronto, final e troféus relativos a ele conquistados.
A narrativa do jogo porém é o ponto fraco, porque as coisas no jogo acontecem rápido demais. Não é que seja uma história curta (Lembra da análise de Dating Life: Miley x Emily? 95% da novel se passa numa noite só, e o jogo dá tempo de você absorver os detalhes), mas o pacing da história é acelerado, você tá aqui, depois lá, e lá e lá e lá. Se cada rota tivesse, digamos, mais meia hora de duração, teríamos talvez mais chance de ver melhor as personagens e as situações pareceriam menos apressadas.
LEIAM – Ys IX: Monstrum Nox
As personagens são arquétipos básicos, a Hoshi é a estudante exemplar que é representante de classe e acaba tendo muita responsabilidade jogada em cima, então quando ela vai se soltar, acaba exagerando um pouco.
LEIAM – Dating Life: Miley x Emily | Uma única noite pode mudar a sua vida
Selina é a típica garota otimista e animadinha, porém ela acaba sendo competitiva com qualquer coisinha. E Lea é aquela professora que possivelmente os estudantes acabam se apaixonando, mas a verdade é que como ela também é diretora do colégio, o trato com os colegas acaba sendo superficial porque ela é hierarquicamente superior a eles (e é a razão pela qual ela resolveu também ser professora e treinadora da equipe de corrida, para ficar mais próxima das estudantes.).
Shoji é o protagonista padrão de Visual Novels, inseguro por ter que se disfarçar de mulher, e indeciso quanto as suas escolhas durante o ano.
Agradável aos olhos, ainda que estranho numa primeira olhada
A arte do jogo, feita pelo mexicano Enrique Bolatre, pode parecer estranha numa primeira olhada, porque ela parece ficar num meio termo entre o estilo mangá e o estilo cartunesco, mas depois de um tempo, você se acostuma e o trabalho feito nas ma… nos atributos da Lea foi fabuloso. Por uma professora daquelas eu me vestiria de mulher sem pensar duas vezes.
Uma pena que não temos mais CG’s no jogo (certamente tem a ver com o custo das comissões), porque algumas das cenas do jogo (em especial na rota da Lea) seriam bem… Enfim. Os cenários do jogo, alguns deles certamente são de fontes gratuitas, porque já os vi sendo usado em outros jogos.
A trilha do jogo é apenas um complemento, nada muito destacado, mas não atrapalha, cumpre seu papel de complementar a narrativa.
Recomendo… Numa promoção.
A bem da verdade é que se eu fosse me referir apenas a versão de PC, eu poderia recomendar de boa, porque o preço não é tão alto, mas as versões de PS4 e Switch… O valor acaba doendo um pouco mais no orçamento, ao menos aqui para nós brasileiros.
Highschool Romance é uma comédia romântica estudantil e não tenta ser mais do que isso. Além do mais, o jogo mostra que é um dos primeiros do Dharker Studio, quando eles ainda estavam tentando encontrar um estilo próprio. O jogo tem uma sequência espiritual (Highschool Romance: Magi Trial), que é mais fraquinha.
O jogo está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch, além da versão original de PC.
—
Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Gamuzumi.