Dragon Quest III: The Seeds of Salvation | Análise
11/10/2021Introdução
Originalmente lançado em 1988 no Japão para o Famicom/NES, DQ3 é uma evolução natural dos seus antecessores (dos quais as análises podem ser lidas aqui e aqui).
Como novidade, esse foi o primeiro da série (na versão japonesa) a ter sistema de saves ao invés de passwords. Além disso, essa iteração se passa antes dos dois primeiros games da série.
Aqui, analisamos a versão de Switch, que se trata de um remake lançado anteriormente para celulares. Esse port é muito baseado no jogo original de NES, mas também bebe um pouco de seus remakes anteriores feitos para SNES e Game Boy Color, respectivamente.
Também foi anunciado em 2021 um quarto (!!) remake do game, dessa vez para os consoles modernos, usando a Unreal Engine 4 e com gráficos similares ao jogo Octopath Traveler, mesclando sprites com cenários 3D.
História
Nesta terceira iteração de Dragon Quest, seguimos a jornada do herói sem nome (ou heroína), filho do lendário guerreiro Ortega, que ao completar dezesseis anos, recebe a missão de derrotar o demônio Baramos.
Boa parte da história gira em torno do herói e de seus aliados — mais sobre eles à frente –atravessando o mundo todo do jogo em busca de três chaves que permitem que o jogador acesse todas as áreas do mapa, conhecendo as cidades e pequenas histórias que acontecem em cada uma das regiões.
Durante essa busca, o herói descobre que, para acessar o castelo do vilão, será necessário procurar das seis esferas (não as do dragão), necessárias para reviver o pássaro lendário Ramia.
Por fim, temos o capítulo derradeiro da história (que funciona como o terceiro ato do game), porém é melhor deixar essa parte para ser descoberta por aqueles que ainda não jogaram.
Minha única recomendação é: joguem DQ3 após o primeiro game, pois essa parte está totalmente ligada com os dois jogos anteriores e isso facilita muito a vida do jogador que queira zerar o game sem recorrer a guias.
Classes
Dragon Quest III não inova muito em relação ao segundo game. O sistema de party é mantido, porém seus aliados não são estabelecidos pela história e sim gerados pelo próprio jogador, que escolhe seus nomes e suas classes logo no início da história.
Isso diminui consideravelmente a qualidade da narrativa, mas em termos de jogabilidade se mostra interessante, pois as classes escolhidas podem ser mudadas/evoluídas em certos pontos do jogo.
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Além disso, os próprios aliados da party podem ser trocados a qualquer momentos por personagens novos, ao custo de começar do primeiro level com o novo boneco.
Mas não se preocupe, pois seus personagens anteriores continuam no local inicial, fazendo com que a troca não gere ônus algum para o jogador.
As classes disponíveis são: Hero (somente para o personagem principal), Soldier, Fighter, Pilgrim, Wizard, Merchant, Goof-Off, Sage e Thief.
Cada uma delas obviamente possui suas vantagens e desvantagens, que tecnicamente devem ser descobertas pelo jogador ao longo de sua jornada mas a maioria das pessoas vai apenas olhar guias online, mesmo.
Mundo Aberto
Contando com um mapa ainda maior que seus antecessores — e mais um local adicional mais pro fim do jogo –, DQ3 expande ainda mais o conceito de mundo aberto de DQ2.
Logo nas primeiras horas, o jogador fica livre para explorar qualquer área que possa se locomover.
Isso causa um pouco de frustração para aqueles que gostam de experiências mais guiadas e lineares, pois fatalmente o jogador vai passar por locais onde os inimigos são muito mais fortes que ele e com isso, encontrarão a ruína bem rapidamente.
Ainda que a direção de Yuji Horii tenha sido focada nessa liberdade de exploração, fica claro que existe um certo caminho pré-determinado pelos criadores que não é exposto claramente ao jogador.
Em vários momentos o jogo dá uma certa canseira, pois mesmo falando com todos os NPCs possíveis em cada área, muitas vezes a narrativa não deixa claro o próximo objetivo e nem uma área geral do mapa a ser explorada para prosseguir.
Esse é um problema constante da série até esse ponto e que — já adiantando o próximo review — melhora muito pouco em Dragon Quest IV.
É aquela velha situação de jogos feitos para uma época onde se esperava que o produto fosse degustado com mais tempo do que se faz hoje em dia, e ao tentar aproveitar Dragon Quest III esperando uma progressão constante e sem travamentos, o jogador moderno vai com certeza se frustrar em determinados momentos.
Guias ajudam muito, mas usá-los desde o início tira muito do fator de conquista que os produtores esperavam gerar em quem estivesse jogando na época.
Esse limite sobre quando ou não usar guias é um assunto muito complicado e acredito que varia muito de pessoa pra pessoa.
Minha opinião é de que todos devam jogar sem ajuda, mas não perca mais que 20 minutos batendo cabeça sem saber o que fazer nesse jogo. Pois cada momento de frustração desses pode criar uma imagem ruim sobre um game que apesar de tudo, é muito divertido e gostoso de se jogar.
Melhorias em relação aos jogos anteriores
Além da mudança da forma que a party é formada — com um sistema que só voltaria a ser usado em Dragon Quest VI — o game passou por diversas mudanças em relação aos jogos anteriores.
Algumas mudanças/melhorias:
- Possibilidade de escolher o gênero do personagem;
- Ciclo dia e noite, que muda o que acontece nas cidades e também afeta os monstros que aparecem no mapa;
- Novas magias e skills.
Conclusão
Dragon Quest III: The Seeds of Salvation foi o primeiro grande sucesso da série no Japão e por isso é sempre referenciado em jogos futuros.
Seu mundo aberto enorme, trilha sonora em linha com jogos anteriores — e por isso não foi abordada no texto acima — e combate de turnos claramente atingiram um nível acima da sua concorrência na época.
Até hoje existem quatro versões diferentes do game, sendo a de Gameboy Color e de SNES vistas como as de melhor qualidade. O port moderno para mobile e Switch tem suas qualidades, mas peca bastante por se prender demais às limitações do original para Nintendinho.
Esse é o primeiro game da série analisado aqui que recomendo para jogadores iniciantes na série, pois sua estrutura se assemelha mais aos JRPGs dos anos 90.
Ele foge um pouco da insanidade pitoresca dos games do gênero que o antecederam e ainda assim, DQ3 exige um pouco mais do jogador devido a sua não-linearidade e dificuldade um pouco elevada.
O terceiro game fecha a trilogia original do herói Erdrick. Já o quarto game, também lançado para o NES, começa uma nova trilogia que traz mudanças ainda mais drásticas para a série, sendo o último jogo feito para o 8-bits da Nintendo. Até lá!
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Esta análise foi feita com uma cópia pessoal do game para Nintendo Switch.