Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice | A saga molhada continua
05/12/2021Vamos ao momento confessionário desse texto. Até eu jogar o jogo desta análise, eu NUNCA havia jogado a série Leisure Suit Larry.
Não considero os 5 minutos que joguei da versão VGA do primeiro jogo, porque eu morri nesses cinco minutos (depois de passar no teste que tinha que fazer pra passar da proteção antipirataria do jogo), apaguei ele do meu PC e nunca mais pensei no assunto.
Claro, hoje em dia eu tenho a saga clássica (a feita por Al Lowe, mais o Magna Cum Laude, que é o jogo da geração PS2.) graças ao Indie Gala. Não pude jogá-la ainda por falta de recursos (um computador ruim), mas quem sabe um dia.
Não cheguei perto daquela batida de trem lançada no PS3, tampouco no remake que saiu no começo da década passada.
Porém, na Alemanha (sempre a Alemanha), um estúdio resolveu ressuscitar Larry, trazendo o clássico personagem (O original, não seu sobrinho, que estrelou os jogos de PS2 e PS3) para a atual geração, e assim tivemos o começo da Saga Molhada de Leisure Suit Larry, com Leisure Suit Larry: Wet Dreams Don’t Dry.
Entretanto, como vocês já devem ter percebido pelo título dessa análise, e num momento tipicamente Sancini, eu comecei pelo segundo jogo dessa saga, Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice, lançado originalmente para PC em 2020 e chegando em 2021 nos consoles, é o jogo que você confere a análise agora.
Fugindo de um casamento e indo atrás da mulher amada
O jogo começa no momento em que o anterior havia terminado (mas se você, assim como eu, não jogou, o jogo oferece um recap dos eventos de Wet Dreams Don’t Dry), quando após muitas encrencas, Larry finalmente conquistara Faith, somente para um disco de hockey atingi-la e aparentemente ela morrer.
Nisso, Larry é engabelado para se casar com a filha do chefe do vilarejo que ele salvara. Porém, ele precisa fugir desse casamento, e acaba com isso descobrindo que Faith não morrera, pois uma mulher semelhante a ela, desmemoriada, fora vista num arquipélago próximo.
Nisso, com o auxílio de sua companheira, a inteligência artificial Pi, ele parte atrás dela, se metendo em uma miríade de confusões, encontrando mulheres atraentes e se envolvendo numa treta envolvendo a empresa que Faith é dona.
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Basicamente temos aqui uma comédia de espionagem com tons de erotismo, que é um tanto mista no departamento de piadas. Enquanto que algumas sacadas do jogo são boas (diabos, os caras zombaram forte do Fyre Festival), outras piadas me deixaram com cara de nada, de tão sem graça. E quanto ao erotismo, bem, a intenção é mais fazer rir do que excitar, então se você for um cara que não saiu da quinta série, vai ficar feliz com a quantidade de caralhinhos e objetos fálicos de duplo sentido (ou não) que o jogo apresenta.
Saindo aqui pela tangente por cinco minutos, mas ainda falando sobre o jogo. Me pergunto, quem é/são a/as pessoa/s que fazem a classificação indicativa dos jogos aqui no Brasil.
Porque, dando uma olhada no Rating da ESRB, o jogo obviamente tem classificação M, porque ele lida com diálogos sugestivos, explícitos e cenas de sexo são presentes no jogo, de maneira semiexplícita, com gemidos e tudo.
Porém, ao ver a classificação indicativa no Brasil, o jogo foi classificado como indicado para 14 anos, o que me deixa coçando a cabeça. E não é a primeira vez que um jogo Rated M nos EUA tem classificação 14 aqui no Brasil.
Aconteceu o mesmo com Persona 5, jogo que lida com abuso físico, sexual, suicídio (há uma tentativa de suicídio no jogo), abuso psicológico. E nem falemos de Digimon Story Cybersleuth: Hacker’s Memory, que tem um roteiro um tantinho pesado também, com uma cena (ainda que seja uma simulação), onde um dos personagens induz vários estudantes a cometerem homicídios e suicídios… Esse jogo recebeu classificação Livre pra todas as idades. Ouch.
Point and Click pra ninguém botar defeito
O jogo é um point’n click bem na pegada mais moderna do gênero (ou seja, mais puxado pra Deponia do que pros jogos antigos do gênero). Você explora o cenário, conversa com os NPC’s, coleta objetos, os combina de maneiras que só fazem sentido dentro do jogo e resolve quebra cabeças imbecis.
Ele não reinventa a roda em si, mas tem algo que eu desejaria que por exemplo, as versões de console de Deponia tivessem, nos pontos de transição de tela, você pode clicar duas vezes pra pular a animação do personagem andando até sair da tela. Por outro lado, o quarto jogo da série Deponia tinha um botão pro personagem correr, coisa que não tem em Wet Dreams Dry Twice.
Mas, o principal problema de Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice são os loadings. Ou melhor, o loading inicial do jogo é tremendamente demorado. De fato, dá pra eu fazer um miojo enquanto o jogo carrega inicialmente… Tá, é um exagero, mas é só pra ter uma ideia mesmo.
O conceito de bonito é meio subjetivo
Esse aqui sou só eu sendo babaca. Ou talvez eu tenha me acostumado com o estilo de Deponia, e esteja estranhando Leisure Suit Larry.
Enfim, o jogo possui sprites que capturam o charme sem noção de Larry, e as moças são bonitas, considerando o design de personagens. Os cenários são criativos, apesar de quase sempre termos objetos fálicos em diversos lugares.
Algumas vezes, cenas farão alusões a outros jogos, como a cena que referencia o clássico Pitfall. Porém, se tem uma coisa que esse jogo deixa claro, é a hipocrisia da Sony. Só lembrar dos artigos que escrevi um tempo atrás e dos jogos que tiveram que ser alterados, tanto pro lançamento ocidental, quanto até mesmo pra jogos que ficaram apenas no Japão.
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Porque aqui, vez ou outra rolam peitinhos na tela, temos cenas de sexo, e ainda que o ato não seja explicitamente mostrado, é deixado bem claro que o sexo aconteceu, com gemidos e tudo.
A dublagem do jogo em inglês é bem feita, com os personagens representando bem os estereótipos que eles retratam. Porém, nem tudo são flores, já que alguns diálogos estão bugados, no caso, a fala é repetida duas vezes, mas a legenda mostra que na verdade deveria ter sido o diálogo seguinte. Houve um patch recente, mas como os momentos de diálogo repetido aconteceram antes do patch, não sei se isso foi corrigido.
O jogo também possui dublagem em alemão, mas infelizmente não pude conferi-la no momento em que faço essa análise. Quanto a trilha sonora, ela é competente o suficiente. Possui temas que casam com os momentos onde elas aparecem. E o tema de créditos é bem legal.
Finalizando…
Assim como Wet Dreams Don’t Dry, Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice honra o legado da série Leisure Suit Larry de maneira competente. Não sei se possui a benção de Al Lowe, o criador original da série, mas pra mim é um jogo divertido em doses.
É claro, que se você não curte point and clicks, não é esse jogo que vai te atrair ao gênero (recomendo Deponia), mas se é fã, pode embarcar sem medo, mas jogue o anterior pra não ficar tão perdido quanto eu.
Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice está disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.
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Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Assemble Entertainment.