Albert Odyssey: Legend of Eldean | Um dos JRPGS já feitos

Albert Odyssey: Legend of Eldean | Um dos JRPGS já feitos

17/01/2022 1 Por Tony Santos

Introdução

O Sega Saturn não é tão conhecido por sua grande variedade de jogos. Tirando os ports dos arcades e algumas outras joias difíceis de comprar hoje em dia, como Panzer Dragoon Saga, o console não tem um catálogo muito variado.

Além disso, jogos de duração maior, como JRPGs, são poucos e boa quantidade deles era de baixa qualidade, com alguns que sequer saíram em inglês no console da Sega.

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A sorte é que existia uma pequena empresa chamada Working Designs, que tinha como seu principal negócio trazer jogos japoneses pro ocidente, que sem sua ajuda, provavelmente nunca seriam publicados fora do Japão.

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Eles já haviam trazido dois jogos da série Lunar para o Sega CD, além de Popful Mail e Vay, também para o mesmo console.

Sua tradução era conhecida por dublar os diálogos para o inglês — coisa rara na época pela falta de dublagem na maioria dos jogos — e também pelo texto engraçadinho, com piadas de gosto duvidoso e que fugiam um pouco do roteiro original.

A Lenda de Alberto

O primeiro trabalho da Working Designs no 32-bits da Sega foi justamente com o jogo do título deste texto. Albert Odyssey: Legend of Eldean é um jogo da Sunsoft lançado em 1996 e trazido para o ocidente no ano seguinte.

O game é uma história paralela (gaiden) em relação aos dois jogos da série Albert Odyssey originais, lançados para o Super Famicom, que nunca saíram no ocidente.

Legend of Eldean

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Gráficos

Legend of Eldean foi inicialmente feito para o Super Famicom, assim como seu antecessor, mas durante seu desenvolvimento foi transferido para o Sega Saturn. E nem era preciso dizer: os gráficos do game são 99% em duas dimensões.

Isso não é demérito, pois os sprites de todos os personagens e cenários são bem largos, ao ponto que cabe bem pouca coisa na tela ao mesmo tempo, quase como se fosse um jogo de Game Boy mas sabe, com arte bem mais bonita e refinada.

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Infelizmente, a Sunsoft engana o jogador, pois toda arte da capa e dos manuais usa um traço de anime totalmente diferente do que é utilizado no game em si.

É tão discrepante que fica difícil até mesmo saber quem é quem na capa do jogo se comparando com o que aparece nos porta-retratos durante as batalhas. E por falar em batalhas…

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Batalhas

O sistema de batalha do jogo é bem simples, mas não de uma maneira boa. Temos as opções clássicas de Ataque, Defesa, Magia e Itens e cada personagem executa sua ação assim que a escolha é feita.

Os personagem se apresentam na tela como nos Final Fantasies clássicos, com os inimigos à esquerda e seus personagens à direita, porém tudo é bem lento e sem dinamismo algum, com animações bem simples e cenários que parecem uma pintura estática ilustrando o fundo da batalha.

Não bastasse isso, o loading do início e finais das batalhas é de alguns segundos. Não seria tão incômodo se as lutas não fossem tão constantes. A cada 10 passos no mapa, você entra em uma famigerada batalha aleatória.

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História

No jogo somos introduzidos ao protagonista Pike, que teve seus pais mortos por uma horda de monstros quando era criança, e que foi pego por uma família de harpias (humanos com asas) para ser criado numa cidade entre as árvores.

Já na sua adolescência, sua irmã de criação é transformada em pedra por um mago e ele sai pelo mundo para derrotá-lo.

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É uma história simples, mas é bem estranho que ela acabe no meio do jogo! Depois disso temos um pequeno salto de tempo e começa uma saga totalmente diferente, com outros vilões e sem relação nenhuma com tudo que você já havia considerado ser o universo completo do jogo.

Isso até que soa legal, mas ao meu ver, isso tira o peso da primeira aventura, pois a trama é pouco desenvolvida e talvez fosse melhor torná-la mais interessante ao invés de criar outro episódio no meio do jogo.

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Trilha sonora

As músicas do game foram compostas por Naoki Kodaka, que trabalhou nos dois jogos da série no Super Famicom, além de ser o compositor de muitos outros jogos da era de ouro da Sunsoft, como Blaster Master e o ótimo Batman de NES e Mega Drive.

Aqui ele usou um mix de sons do chip interno do Saturn com alguns temas arranjados. São composições legais num geral, mas são poucas trilhas e elas são bastante reusadas durante todo o jogo, deixando tudo meio maçante em alguns momentos. Certamente não são o melhor trabalho do Kodaka — ainda prefiro as músicas do Batman do Mega — mas servem para ilustrar o que Albert Gaiden entrega.

Tradução

Alguns podem achar ruim — como a maioria dos reviews modernos desse game — mas a tradução feita pela Working Designs é o que salva Albert Odyssey: Legend of Eldean de ser totalmente monótono e basicão.

O herói Pike é o típico protagonista de anime dos anos 90: tarado e com tiradas abusadas em determinados momentos, principalmente com os vilões e com as meninas da party, enquanto que os outros personagens mantêm um tom irônico ou engraçadinho na maioria das cenas de comédia.

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Já os NPCs são um show à parte, fazendo referências culturais dos anos 90 o tempo todo, ou até mesmo piadas aleatórias que, na minha opinião, fazem mais favor do que demérito à esse game.

Afinal, é muito mais legal ver um NPC falando com sotaque do gueto e sua mãe reclamando disso do que ler o texto original com uma frase jogada sem valor nenhum, feita apenas para preencher uma casa no cenário.

Muito é falado que isso é destoante, pois o jogo tem uma estética medieval, mas ora, não lembro de existir magia e orcs durante a Idade Média, e muito menos pessoas com cara de anime. Então deem um tempo e se divirtam, pois é um dos melhores trabalhos da Working Designs e talvez a única coisa realmente boa no game.

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Conclusão

Eu lembro de ver uma parte do detonado deste game em alguma revista Gamers lançada em 1997. Eu guardo um pedaço dessa edição até hoje em um armário aqui e sempre que folheava — lembrem-se: não existia internet direito — eu ficava maravilhado com as artes promocionais e com os sprites gigantes.

Infelizmente o jogo não contém o mesmo design feito por Toshiyuki Kubooka e sim algo bem mais feio. Já sobre os sprites, eles continuam bonitos mas os cenários são bem genéricos a ponto de tudo cansar rapidamente.

Zerei esse game pra tirá-lo da lista, mais de 20 anos depois de conhecê-los nas páginas de uma revista.

Valeu à pena? Sim! Mas tudo que posso dizer é que Albert Odyssey: Legend of Eldean é simplesmente um dos RPGS já feitos.

Legend of Eldean

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