Imp of the Sun | Cultura inca nos videogames

Imp of the Sun | Cultura inca nos videogames

19/04/2022 0 Por Aleskis

Em minhas reflexões de como começar esse texto eu acabei me pegando a devagar sobre como em nossa atualidade é muito fácil ter acesso a jogos dos mais variados e feitos por pessoas e culturas diferentes. E o que mais chama atenção nesses casos são quando nesses jogos é incluído algum aspecto dessa cultura ou a mídia é totalmente baseada no folclore daquele lugar.

É algo que é visto ainda hoje em jogos brasileiros que são inspirados na cultura indígena do país como o “Aritana”, o que é legal quando você para pra pensar que pessoas do mundo todo podem consumir aquilo e despertar algum interesse por estar vendo algo diferente do que está acostumado a ver.

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E dá pra sentir que o estúdio peruano Sunwolf Entertainment fez seu primeiro jogo Imp of the Sun totalmente inspirado em sua cultura e folclore Inca, talvez com a intenção de mostrar essa representação cultural pro mundão a fora, e é provavelmente uma das coisas que me chamou atenção sobre o jogo já que esteticamente falando ele tem um estilo de arte bonitinho que parece ter um certo carinho pro que ele está apresentando.

Outra coisa que também me chamou atenção é que vendo por vídeos, ele parecia um tipo de “Metroidvania”, ou seja, um game com mundo dividido por áreas onde você explora e aprende habilidades novas pra acessar lugares antes inalcançáveis. E isso talvez tenha gerado um pouco expectativa pois eu adoro um bom jogo desse estilo, aliás, eu diria que jogos desse tipo são como pizza, por mais mediana que ela possa ser, ainda é boa suficiente pra ser ingerida.
Início da aventura

E assim eu fui animado pra jogar Imp of the Sun, que apresenta uma pequena premissa onde o mundo do jogo foi consumido por um eclipse eterno e como uma última fagulha de esperança, o deus do sol manda nosso protagonista, um pequeno diabrete chamuscado para resolver esse problemão. Somos então lançados numa área que serve como hub que dá acesso a quatro ambientes que podem ser explorados livremente na ordem que desejar e enfrentar seus respectivos guardiões.

Nesse mesmo hub, você também encontra os NPCs com os quais você poderá engajar em conversas e também dão apoios diversificados. A Suyana por exemplo, te dá um meio de comunicação que a permite conversar contigo e dar dicas do que fazer nos lugares onde você está explorando, tem também a Izhi, uma velinha que conta mais sobre a lore daquele mundo através das tapeçarias que você encontra pelas áreas, e o ultimo mas não menos importante, Qari, que é um fantasma de um antigo explorador e agora te ajuda como checkpoint das fases e te permite subir de nível e também da mais dicas sobre o lugar em que está explorando.

Imp of the Sun

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Expectativa x Realidade

Com tudo isso apresentado, eu já estava esperando uma aventura agradável cheia de exploração, com aquele vai e volta gostoso típico desses jogos, mas minha primeira experiência assim que tomei controle do personagem eu já fui percebendo que o que me esperava era uma ponte quebradiça da qual eu teria que atravessar com toda paciência do mundo.

Da pra perceber que esse jogo se inspirou bastante em Hollow Knight/Ori mas como eu não joguei tanto do segundo eu vou comparar mais com o outro. E dito isso Hollow Knight é um jogo feito por um estúdio independente que simplesmente conseguiu fazer um jogo em que personagem tinha uma leveza e era muito gostoso de controlar e fazer a travessia de área em área era bastante satisfatório e imagino que todo o polimento do jogo foi adquirido com a quantidade de tempo que eles se deram pra desenvolve-lo.

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Já em Imp of the Sun, que foi desenvolvido também por um grupo pequeno talvez não tenham se dado o tempo pra conseguir aparar alguns problemas que tem no jogo. Existe um peso inicial no personagem que me causava estranheza do início ao fim dessa jornada, o diabrete precisa pegar um impulso de corrida em que deixa ele lento no primeiro segundo e depois ele ganha uma velocidade como se estivesse desesperado, o que já me deixou de cenho franzido.

Mas o que me fez ficar mais encucado com o jogo foi logo em seguida quando eu sem querer consegui travar o boneco num vão do qual não dava pra sair, ou talvez até desse pra sair se tivesse a habilidade de dar rasteira a qual você consegue um pouco mais a frente, só que isso aconteceu nos primeiros 5 minutos de jogo e assim fui obrigado a reiniciar a partida.

E com essas impressões eu fui carregando aquele sentimento durante o jogo todo de: “Ok é um jogo com baixo orçamento e não muito polido”.

Pode até parecer implicância minha, mas eu fui ficando desgostoso com o jogo à medida que avançava e encontrava algum problema.

Imp of the Sun

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Brigando com as mecânicas

Como todo bom jogo de exploração 2D, Imp of the Sun é segmentado por sessões de plataforma e combate, o diabrete que você controla já tem a habilidade de pular duas vezes, talvez pra compensar um pouco a falta de controle do personagem, e ele também está equipado com uma pequena lança pra abater seus inimigos.

Nesse quesito também o jogo me incomoda um pouco, bater nos bichos exige uma certa precisão já que não tem como ficar apertando direto o ataque pois o inimigo da uma cambaleada pra traz e o impacto também te distancia um pouco, dando um slowdown toda vez que tu acerta, o que pra mim só era incomodo, principalmente em lutas contra números maiores e chefes, deixando brechas pra tomar dano sem querer se errar o ritmo em que golpeia.

Isso não chega deixar o jogo difícil, só vai adicionando a lista de coisas incomodas que Imp of the Sun traz consigo, a quantidade de dano que você toma pode ser facilmente revertida em saúde que alguns inimigos deixam quando são derrotados ou também pelo sistema de recuperar a própria saúde, sim, que nem aquele do Hollow Knight de você segurar um botão pra carregar sua energia de volta te deixando vulnerável para ataques.

Imp of the Sun

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Chama que se alimenta de fogo

Uma das coisas que eu acho interessante e que incrementam a temática de estar controlando uma fagulha do sol é que seus poderes são afetados pelo ambiente em que estiver.

Você tem uma barra que gasta conforme vai usando certas habilidades como a de se curar, então por exemplo, se estiver em lugares mais abertos com iluminação ela recupera aos poucos sozinha, agora se estiver em locais mais escuros ela não volta de jeito nenhum, também se passar por baixo de água você perde imediatamente seus poderes, causando momentos em que você precisa lidar com as coisas sem nenhuma habilidade disponível.

Mas isso torna o jogo mais difícil? Também não. Da pra considerar que Imp of the Sun foi feito pra segurar sempre a sua mão, já que além da Suyana ficar te enchendo com dicas desnecessárias de como navegar pelos lugares, em todo canto das fases você vai encontrar tochas que recuperam instantaneamente sua barra de habilidades, tirando qualquer risco de ficar sem combustível em momentos difíceis, até mesmo em lutas contra chefes.

Tem momentos até que o jogo te prende numa arena e te faz lutar com ondas de inimigos, mas deixa uma plataforma com uma tocha inalcançável para outros além de você. Só subir lá e ficar observando os bichos correndo em baixo de um lado ao outro enquanto você se recupera por completo, é muito estranha essa decisão e faz parecer que todo lugar é seguro enquanto você puder depender dessas tochas.

Imp of the Sun

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Os guardiões

Nos chefes acontece o mesmo, todos eles apresentam desafios diferentes de plataforma ou de expor o ponto fraco, mas as tochas estão lá pra garantir que se você tiver tempo suficiente, dá pra conseguir contornar a falta de energia. Dois deles brincam com isso de certa forma, um apaga as tochas presentes com chuva na arena, o que também te deixa sem poderes, mas é muito fácil contornar isso esperando a chuva passar esperando elas reacenderem. O único problema com a chuva é que ela baixa a taxa de quadros pra 10fps, algo inacreditável pra um jogo que parece não exigir nada de potencia gráfica.

Tem outro guardião no qual você precisa enfrenta-lo no breu, e pra conseguir deixar ele exposto tem que acender todas as tochas do local, esse é menos problemático e só trabalhoso mesmo, mas infelizmente esses dois são os únicos que brincam com o seu recurso de energia.

Tem um que é um gigante onde você pode se manter onde a tocha está e se esquivar dos ataques dele, é muito tranquilo recuperar sua energia, já outro e talvez o mais trabalhoso dos quatro, não existe nada pra te ajudar, e ele também é rápido demais pra te permitir parar pra fazer qualquer coisa.

Ele tem um grande problema de hitbox também, deixando o bicho mais insuportável que o normal, toda vez que ele balança a lança na vertical, mesmo no final da animação se tu tenta se aproximar, é bem capaz de tomar o dano do rastro do golpe. Mas uma coisa que acabei descobrindo e que depois acabou deixando-o patético foi que ele não te da dano se ficar encostado nele, então eu simplesmente fiquei em baixo dele batendo enquanto o cara não conseguia me acertar.

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Metroidvania, pero no mucho

Esse aí inclusive foi meu primeiro chefe, e eu tive tanto problema com ele de inicio que eu acabei deixando pra lá e indo visitar outra área e tentar a sorte lá. E acredito que isso o jogo faça bem, todo lugar que tu vai é extremamente viável de fazer em qualquer ordem, o level design é feito pra que você consiga alcançar alguns lugares mesmo não tendo a técnica necessária.

A única coisa é que depois de explorado o lugar eu não me senti tão incentivado de retornar pra ele, já que as únicas coisas que ficam pra traz são alguns colecionáveis que exigem alguma habilidade especifica que você pode não ter na hora. Talvez se o mapa ajudasse mais seria outra história, aqui ele não funciona como os Castlevania’s e Metroid’s em que você vai completando o mapa conforme vai explorando, você precisa encontrar o mapa no lugar (igual Hollow Knight) só que depois de encontrado ele só vai mostrar um desenho bonito do lugar inteiro, sem os detalhes necessários pra você conseguir se localizar ou marcar um ponto de interesse. A única coisa que fica marcada são os locais em que pode se tele portar.

Por mais charmoso que o jogo pareça, infelizmente existem problemas com as texturas, em alguns lugares os planos de fundo são extremamente embaçados tirando um pouco da beleza do jogo, não saberia dizer se a versão do jogo nos consoles da geração passada tem alguma culpa nisso mas mesmo assim acho que o jogo não justifica funcionar tão mal em qualquer outra plataforma, estou jogando no PlayStation 4 e além da queda de frames naquela situação da chuva, o jogo fechou duas vezes sem motivo aparente e algumas vezes acontece do som de golpes ou outra coisa ficar ecoando durante uma partida infinitamente.

Capturado em um PS4/ Sunwolf Entertainment

Conclusão

Olha, eu fui bastante aberto pra Imp of the Sun, ele tinha tudo pra ser uma aventura gostosa que eu iria degustar com prazer por mais que não fosse algo excepcional, mas infelizmente o pouco de bom que ele tem vem acompanhado com um gosto amargo de momento a momento.

A coisa boa é que ele não é um jogo muito longo, podendo ser terminado em apenas quatro horas, o que eu vejo como algo positivo. Mas pra quem quiser por mais algumas horas adentro existe uma dificuldade extra que é habilitada após o termino da primeira vez, a qual muda um pouco o layout dos lugares e aumenta a quantidade de dano que os inimigos causam, mas te mantem com as habilidades que você obteve no jogo anterior.

No fim não fica tão mais difícil pois ainda existem as benditas tochas pra te ajudar! Obviamente não terminei uma segunda vez pois o jogo realmente me tirou todo o interesse que me faria rejogar.

No começo do texto eu comparei os Metroidvanias como a pizza dos videogames, e eu acho que se eu fosse dar uma nota pra esse jogo, seria como uma pizza brotinho, que aparenta ser muito gostosa, mas na primeira mordida vem aquele amargor o qual você tenta ser otimista pensando que foi só naquele pedaço que estava queimado, mas pra ter certeza você olha por baixo e vê que toda a circunferência dela está torrada.


Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Sunwolf Entertainment.