The Pizza Delivery Boy who Saved the World | Meu emprego só tem gente babaca!
19/04/2022Na minha análise de The Remainder, eu falei sobre jogar algo que sai fora da sua zona de conforto. No caso, eu, totalmente desacostumado com aquele tipo de novel, fui de cabaço, digo, cabeça naquele mundo desconhecido. E é uma coisa que honestamente, recomendo as pessoas a fazerem, desde que sabe, vocês tenham dinheiro pra isso.
Pegue um jogo que usualmente está fora da sua zona de conforto e experimente, talvez seu próximo novo jogo favorito pode estar ali. Ou não. Porque nisso também eu já peguei muito jogo bosta, mas aí é porque jogo bosta e eu somos praticamente atraídos um pelo outro.
Onde eu estava? Ah sim, fora da curva. Enfim. Mudando de assunto, lembro que na minha análise de Starlight Shores, mencionei que quando surgiu, criada pelo diretor técnico da Ratalaika Games, a Penguin Pop Games anunciou três jogos: Nowhere Girl, lançado em outubro, Starlight Shores, que saiu no fim de Janeiro e The Pizza Delivery Boy Who Saved the World, que é o quinto jogo da Oh, a Rock! Studios, lançado em 2018 no PC, saiu no fim de março para os consoles.
Confira nossa análise.
Entregar pizzas não é fácil, ainda mais quando se trabalha ao lado de um bando de babacas
Você é Doug Rivers, um ex-funcionário do ramo de TI que acabou transformando um bico de entregador de pizzas em trabalho definitivo, é um sujeito certinho… Até demais. Mas o fato é que entregar pizzas (e eventualmente ajudar na pizzaria) tem sido a sua vida nos últimos nove meses, só que esses nove meses não tem sido nada fáceis, por diversos fatores.
Seu chefe é um pão duro que rouba as gorjetas dos funcionários, não atualiza o sistema de pegar entregas, e tudo o que ele faz é gritar com os funcionários, sequer os ouvindo. E os outros funcionários? Bem, a funcionária da cozinha é uma preguiçosa que só faz as coisas quando lhe dá na telha, e os outros entregadores roubam as suas entregas e ficam vagabundeando o resto do tempo. Em resumo, todos são babacas com você.
E claro, os clientes são igualmente excêntricos, sendo na maioria das vezes igualmente cuzões. E tudo, absolutamente tudo acaba sobrando pro Doug, que deve ter trauma de atender telefone, checar as coisas uma, duas vezes e ter vontade de jogar tudo pro alto.
Isso é muito familiar
A narrativa da novel é muito familiar pra mim. Pra quem não me conhece, trabalhei onze anos numa rede de fast-food, e mais da metade desse tempo, eu tive que também lidar com a questão de coordenar os pedidos para delivery, seja os pedidos via Internet e Callcenter (sim, existia isso, antes de aplicativos de emprega dominarem o mercado), e posteriormente via telefone.
Então já tive que lidar com muito cliente e funcionário escroto, além de vez ou outra sempre me bicar com os superiores, ainda que nenhum fosse realmente cuzão feito o Sr. Ahmi (o patrão do Doug), então eu tenho total consciência do que o Doug passou na pele. E isso parece ser experiência própria do criador do jogo, que já foi entregador de pizzas.
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O jogo é uma comédia, que vai escalando as coisas num nível absurdo, mas não é aquela comédia do tipo, momentos cômicos em uma trama normal, ecchi ou séria, mas uma comédia de um jogo que não se leva a sério, sabendo extrair os absurdos da realidade e transformá-lo na regra, ao invés da exceção.
O jogo tem cerca de duas horas de leitura, para se chegar em um dos finais. E para os degenerados que querem uma platina fácil, bem, aí está (usualmente visual novels não tem platinas complicadas), mas eu perdi o fio da meada e não sei como completar esse parágrafo.
Um jogo “foto” realista
Você deve ter reparado pelas imagens e tudo mais, mas… Esse é bem parte do estilo dos jogos da Oh, a Rock! Studios.
Os sprites dos personagens são de pessoas reais, no caso, o próprio programador do jogo que faz o protagonista e um outro personagem. Outros personagens da novel são feitos por membros da equipe… Ou conhecidos do criador do jogo, eu não sei. Mas eles já marcaram presença em outros jogos da produtora.
Os cenários são fotografias de locais reais, e não tenho tanto a dizer sobre eles. Mas, enfim, uma coisa é você usar sprites baseados em fotos de pessoas, e outra é você fazer isso direito.
Felizmente, The Pizza Delivery Boy Who Saved the World é um caso de bom uso, porque temos aí sprites de pessoas reais, e felizmente, as expressões dos personagens são convincentes, pra dar o toque de comédia que o jogo pretende. E os sprites possuem contorno, que dão a impressão de que são sprites mesmo.
As músicas do jogo são ok. Confesso que esqueci todas assim que encerrei a stream do jogo que fiz recentemente, mas elas não incomodaram, e principalmente, combinaram com o jogo.
Vale pra dar umas risadas
Existe uma fina linha que separa uma boa comédia, que entrega tudo o que pretende da maneira certa, de algo medíocre que você acha que vai rir, mas tudo o que faz é soltar bocejos (tipo os vídeos do Nelipe Feto da época que ele xingava Crepúsculo e Restart). Felizmente, The Pizza Delivery Boy Who Saved The World fica na categoria de boas comédias.
É um jogo que abraça a imbecilidade de seu twist, sem necessariamente ser condescendente com o jogador. Eu dei boas risadas com os absurdos, ainda que muitas coisas fossem familiares pra mim, que trabalhei com Fast Food. Recomendo.
O jogo está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X | S e Nintendo Switch, além da versão original de PC.
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Esta análise foi feita no PlayStation 4 com uma cópia do game gentilmente cedida pela Penguin Pop Games.