Adventure Academia: The Fractured Continent | Faltou ousadia
10/12/2022A série Class of Heroes sempre passou batida no meu radar por alguns motivos: O primeiro, é que quando os dois títulos localizados saíram no Ocidente, eu sequer sonhava ter um PSP, e o segundo e mais importante, eu nunca fui fã de Dungeon Crawlers. A história da série com o ocidente é meio complicada, porque enquanto o primeiro e o segundo títulos (incluindo a versão de PS3 deste) foram lançados no ocidente, o terceiro título tinha localização quase confirmada, tanto no PSP quanto no PS3, mas foram canceladas por péssimo timing (lançar um jogo para PSP em 2017 e PS3 em 2018 não eram boas ideias, mercadologicamente falando, especialmente para títulos de nicho.
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A série também não arrasou nenhum quarteirão, com as notas recebidas sendo medianas, e a série ficando meio esquecida no ocidente, já que o Japão recebeu um jogo no 3DS (que foi portado pro PSP), mais outro pra PSP e o primeiro jogo recebeu um remaster no Switch, que ficou só no Japão. Aliás, estranho esse remaster não ter saído no ocidente, porque como sabemos, todo e qualquer jogo que recebe um porte pro Switch é tratado por Youtubers como se fosse a melhor coisa desde a invenção do Pão com Mortadela.
Em junho desse ano, a produtora Acquire anunciou dois projetos da série, um deles é um remaster de Class of Heroes 2, ainda sem data confirmada e um novo título da série, intitulado Adventure Academia: The Fractured Continent, que sairia em setembro no Japão, e teve a localização garantida pela PQube e chegou agora dia 9 de Dezembro para Playstation 4, Nintendo Switch e PC em inglês. Será que ele é bom o suficiente pra se destacar num mercado com inumeros lançamentos semanais?
Vamos salvar o mundo do maaaal. E quando digo vamos, são vocês, e não eu
No papel de Alex, o possuidor de uma relíquia poderosa que pode invocar aliados, e frequenta uma das academias no continente de Pedra. Porém, monstros do maaaaaal que odeiam o bem atacam, e só você pode salvá-lo, por possuir a Orbe do Governante, mas Alex é tão forte quanto uma banana de pijama e luta tanto quanto um dos Ursinhos Carinhosos… Embora eu ache que Alex perca numa luta com os ursinhos carinhosos, mas divago.
Apesar de ser tão habilidoso em combate quanto um bebê recém-nascido, Alex manja um pouco de estratégia, e ele comandará seus amigos estudantes nessa jornada.
A história não é tão diferente de alguns animes de fantasia medieval aí, com um clima bem humorado que certamente já vimos aqui e ali em várias obras, sejam mangás, animes ou mesmo jogos.
Batalhas automáticas, um herói que não faz (quase) nada e um cadinho de estratégia
O jogo pode ser dividido em duas partes, a parte da escola e os combates. Na escola, Alex pode recrutar diversos estudantes para ajudá-lo em sua jornada, estudantes esses que se dividem em diversas classes com atributos únicos, e que garantem uma variedade de estratégias para os combates, mas estamos nos adiantando. Na escola também podemos comprar e vender itens, e todo esse tipo de coisinha pré combate necessário.
O combate do jogo, apesar de se dar num grid, como muitos RPG’s de estratégia, ele é semiautomático. Seu personagem em si não luta, mas sim os estudantes de diferentes classes. Porém, Alex também está no campo e é ele quem você controla, os estudantes estarão por perto quando você os invocar, se moverão junto com você e atacarão inimigos próximos. A quantidade de estudantes que você pode invocar no momento está ligada ao seu MP que vai enchendo aos poucos durante os mapas de combate. Uma das coisas importantes é, como Alex está no campo, se ele for derrotado, você perde o combate, então ter um healer por perto pode ser prioridade em combates mais difíceis. Agora, caso os estudantes forem derrotados, sem problema, pouco tempo depois você poderá invocá-los novamente.
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Em termos de diálogos, apesar de termos opções, elas estão lá mais pra alterar o que é dito, e não influencia o jogo num escopo completo. O que pra mim tá bom, já que muitas vezes produtoras colocam um monte de requerimento desnecessário pra fazer true ending (Oi, Compile Heart?). Dito isso, muita da execução da jogabilidade de Adventure Academia: The Fractured Continent é bem padrão, o jogo ajuda um pouco o jogador com mostrando o nível recomendado do grupo antes de uma Dungeon, e é possível refazer Dungeons anteriores para conseguir coisas como itens e níveis.
Aliás, o jogo tem tecnicamente dois sistemas de níveis. Um, que é ligado a experiência que se ganha em combates, e o Ranking, que é um determinado nos combates das Dungeons em si, que dá um boost nos status, mas é resetado ao fim de cada Dungeon. Não é uma mecânica comum, mas eu tenho certeza que já vi coisas similares em outros jogos, mas não consigo lembrar de cabeça pra fazer comparações.
Isso é muito anime
Graficamente, o jogo é agradável aos olhos, desde a parte estética, com menus simplistas, mas eficientes, ao design de personagens e inimigos. Tudo vai bem na vibe anime, que é parte da franquia em si, nada que vá saltar aos seus olhos, mas também não é de se jogar fora. No geral, é um jogo graficamente competente, e não possui problemas de performance em nenhuma plataforma (isso é um bom ponto a se levantar, já que as vezes o Switch por exemplo acaba ganhando portes com performances desastrosas, lembram do WWE 2k18?).
Sonoramente, é igualmente competente. As músicas combinam bem com o cenário, clima e cena onde estão inseridos, e apesar da dublagem não conter nenhum nome que eu conheça, não compromete o jogo e todos entregam performances decentes, de modo a complementar o clima de anime que já vi em algum lugar, mas não lembro.
Faltou um pouco de ousadia, mas o real problema é…
Adventure Academia: The Fractured Continent é um jogo ruim? Não, passa longe de ser um jogo ruim, mas ele tem o mesmo problema dorsal que The Knight Witch, outro lançamento recente que analisamos.
Faltou um pouquinho de profundidade nos pontos em que ele explora, seja na questão da narrativa, ou do gameplay, onde podia haver algo a mais no combate, pois ao longo da jogatina, ele fica repetitivo. Mas esses são problemas mínimos, comparados com a questão… Do preço do jogo.
O jogo está sendo vendido por 40 dólares (R$ 190,19 no Steam, R$ 199,50 no PS4 e R$ 199,99 no Switch, valores das lojas nacionais) que é um pouco salgado se quer saber, considerando que é um jogo apenas bom, mas que por menos, possui outras alternativas melhores.
Você que tá roubando meus textos, vai se ferrar. Se fosse um jogo na faixa dos 20, 25 ou até mesmo 30 dólares, eu recomendaria, mas no preço atual, melhor esperar uma promoção.
Adventure Academia: The Fractured Continent está disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch e PC.
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Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela PQube.