Ravenlok | Um lindo zeldavania

Ravenlok | Um lindo zeldavania

04/06/2023 0 Por Tony Santos

Você tem saudade de jogos de combate rápido que não sejam simplesmente a coisa mais difícil do mundo, como um Souls da vida? Então Ravenlok pode ser a sua cara.

Lançado em 4 de maio de 2023 e desenvolvido pela Cococucumber, esse joguinho é uma espécie de metroidvania, com combate similar aos Zeldas clássicos e com alguns poucos elementos de adventures clássicos.
Tudo isso é combinado de maneira leve, com um estilo visual que agrada qualquer tipo de jogador e que pode ser zerado numa única sentada (ui!).

Reprodução: Cococucumber

Fetch quests

A nossa protagonista, que tem seu nome digitado pelo jogador, começa junto de seus pais numa mudança de casa. Aparentemente ela morava na cidade grande e sua família decidiu começar uma vida nova no campo, numa fazenda que pertencia à sua vó.

Ela, porém, não parece seguir aquele estereótipo narrativo de adolescente chateada de perder os amigos — ainda que ela mencione isso — mas de forma geral tudo que ela (você, no caso) faz é ajudar seus pais com algumas tarefas básicas, que ajudam a ensinar como boa parte do jogo funciona: fetch quests.

Pra quem não sabe fetch quests são aquelas missões que envolvem você: (1) falar com um personagem; (2) ir buscar o que ele pediu; (3) trazer de volta pra ele.

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O jogo é voltado para essas missões, e no menu de pause você tem um seletor de lista de quests, como nos jogos modernos como Witcher 3, Cyberpunk e Zelda TotK. Quando você encontra um item de outra quest, o guia na tela muda para essa quest nova, mas pode ser trocado de volta no menu.

Não há diferenciação entre quests principais e quests secundárias, porque o jogo todo é interligado de forma que 98% das quests sejam necessárias para se chegar ao fim do jogo.

Ainda que a ambientação do jogo lembre muito Earthbound, com ambientação moderna, depois de algum tempo nossa protagonista é transportada para um mundo de fantasia e é recebida por, vejam só, um coelho com pressa.

Reprodução: Cococucumber

Ravenlok no país das maravilhas

Como o texto acima escrito com formatação h2 pode ter deixado claro, isso foi uma referência à famosa história de Lewis Carroll. Já tivemos jogos que usaram a premissa de “Alice no país das maravilhas”, como American McGee’s Alice, muito popular algumas décadas atrás, mas em Ravenlok, a inspiração é muito mais livre e sem nenhuma distorção significativa na narrativa.

A protagonista é chamada de Ravenlok pelo coelho e por todos que moram nesse mundo — algo que parando pra pensar agora, não faz sentido e não é explicado — e ela, por ser muito prestativa, resolve ajudar todos com seus problemas, sendo o principal deles, a Rainha, que está ferrando com a vida de todos no reino.

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A inspiração visual em relação às adaptações de Alice, principalmente a da Disney, é bem diferente. Os soldados de cartas de baralho, por exemplo, aparecem muito para o final do jogo, e eles não são brancos como cartas normais, por exemplo.

A Rainha parece feita de papercraft, assim como praticamente todos os personagens secundários. Aliás, falando do estilo visual vamos falar dele agora.

Reprodução: Cococucumber

Voxel art

Eu fiquei bastante impressionado com a direção de arte de Ravenlok. Apesar dos mapas concisos, todas as telas são bem detalhadas, com sombras em tempo real, oclusão de ambiente e outros efeitos bonitos. Em pesquisa, não encontrei qual a engine usada para produção do jogo, mas por ter sido publicado pela Epic, vou tentar dar um chute educado e dizer que foi feito na Unreal Engine 4.

Não somente os efeitos visuais são bonitos, mas a direção geral é muito impressionante. O game mistura geometrias normais (como as roupas e modelo da Ravenlok), com alguns objetos feitos em voxels (pense Minecraft), com texturas em pixel art.

Tudo isso dá um ar retrô e ao mesmo tempo, moderno. Um exemplo não tão recente assim que se assemelha muito ao alcançado aqui é o game de 2009 chamado 3D Dot Game Heroes, para o PlayStation 3.

Lá foram usados efeitos semelhantes aos vistos em Ravenlok, mas com tecnologia da época e um pouco mais simples visualmente.

Assim, acabamos tendo um jogo com gráficos modernos que usam de inspiração um estilo similar ao pixel art de games antigos, mas sem perder a qualidade de um jogo de 2023.

Reprodução: Cococucumber

Jogabilidade meio esquisita mas beleza

 

De início, a jogabilidade de Ravenlok me assustou um pouco. Nossa protagonista se movimenta de maneira lenta, mesmo correndo. Para andar, é necessário dar um clique no L3/shift, porém caminhar não tem utilidade alguma durante TODO o jogo, sendo uma funcionalidade que talvez seja legado do início do desenvolvimento.

Além disso, a personagem possui um dash infinito que te acelera mais do que a corrida. E o que você acha que acontece quando descobre isso? Logicamente, passamos o jogo todo apertando o botão de dash ao invés de correr normalmente.

A intenção desse dash talvez fosse para uso em combate, mas esse se mostra tão simples, até mesmo na dificuldade difícil, que raramente o jogador vai se ver dando dashes durante as lutas.

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Outra função que é mal utilizada é o escudo. Temos uma barra de estamina/defesa embaixo da barra de energia o tempo todo durante o jogo, mas logo cedo o jogador descobre que defender não vale a pena.

Sempre tomamos dano ao usarmos o escudo, fazendo com que valha mais a pena só correr pelo cenário, já que não tem penalidade alguma, como cansaço ou algum frame onde a personagem não possa se mexer após o dash.

Já atacar sofre da mesma idiossincrasia. Você pode bater infinitamente sem descanso, e o que te impede de devastar os inimigos e chefes é somente seu level.

Conforme o jogo vai passando, você passa a relevar essas coisas, pois não são problemas per se, mas apenas falta de refino. Ainda assim, o jogo consegue ter um combate divertido, pois os inimigos batem forte (na dificuldade difícil, pelo menos), mas com certeza poderia ter um pouco mais de risco e recompensa envolvido.

Reprodução: Cococucumber

Veredito

Ravenlok é um jogo bonito e competente, e apesar de minhas críticas em relação ao combate, é um jogo que eu PLATINEI do início ao fim numa sentada, coisa que nunca fiz com jogo nenhum na vida. São entre 5 e 7 horas onde o ritmo nunca cai e, devido ao ritmo rápido, faz com que o jogador se interesse em continuar jogando sempre mais um pouco até cansar.

A tradução é um ponto fraco, pois não parece ter sido feita com esmero. Sua personagem é uma menina e todos te tratam no masculino. Não parece ser um caso desse modernismo besta e sim uma falha em quem pegou o texto para traduzir.

Algumas palavras aparecem em inglês no meio do texto em português, também. Assim, mesmo sendo perfeitamente possível jogá-lo na nossa língua, eu preferi jogar no idioma original mesmo.

Tirando esses pormenores que são menores mesmo, essa é uma recomendação forte para esse ano, podem jogar que não tem como se arrepender.

PRÓS


  • Gráficos muito bonitos, direção de arte fez algo incrível com mistura de voxels com pixel art;
  • Sistema de quests interligadas funciona bem.

CONTRAS


  • Câmera quase fixa atrapalha em alguns pontos;
  • Combate simples porém funcional.

 

NOTA: 7,5

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Esta análise foi feita com uma cópia do game cedida gentilmente pela distribuidora. Ravenlok está disponível no PC via Epic Games Store e Xbox One e Series S/X.