Toodee and Topdee | Cara burro tenta resolver puzzles
08/06/2023Acho que já foi dito na história deste site que eu não sou a pessoa mais inteligente do mundo, em se tratando de quebra cabeças.
É, eu consigo me virar em umas coisas simples, que usualmente aparecem nos adventures de objetos ocultos. Mas quando se trata de quebra-cabeças mais difíceis? Tem vezes que eu fico vinte minutos tentando fazer algo, só pra fracassar e buscar a solução em walkthroughs. E como resultado, eu me sinto AINDA MAIS BURRO porque a solução era simples. Mas isso não me impede de adorar os jogos que misturam puzzle com plataforma. Eu amei What Lies on the Multiverse, por exemplo, com as dimensões diferentes trazendo uma mistura boa.
Dito isso, o jogo da análise de hoje é similar a nossa última análise… Killer Frequency, que também nasceu numa Game Jam, e também a Welcome Back que nasceu em outra… Por quê estou cercado de jogos que nasceram em Game Jams? É quase como um sinal de que eu deveria voltar a programar pra uma game jam e assim, finalmente ter um jogo publicado na Steam, mas divago. Em 2018, na Ludum Dare 41, o tema era “combine dois gêneros incompatíveis”, e assim foi feito, em 3 dias.
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Três anos depois, o jogo evoluía e se tornaria Toodee and Topdee como conhecemos hoje, sendo lançado no Steam com uma positiva recepção por parte dos jogadores, que curtiram a mistura entre Platformer 2D e Top Down. No ano seguinte, ainda sendo auto publicado pela dupla dietzribi (Gonen e Ori, dois irmãos), o jogo chegaria ao Nintendo Switch, igualmente rendo bem recebido devido a jogabilidade e ao senso de humor da narrativa (algo que estava levemente presente na versão original da Ludum Dare).
Agora, com o suporte da Top Hat Studios, o jogo chega as plataformas restantes do mercado, o PlayStation e o Xbox. Quer saber nossa opinião sobre o jogo?
Pera, se você clicou nesse texto, a resposta é sim, então sigam-me os bons!
Acho que esse jogo é uma metáfora sobre programação, só acho
No início, não havia nada. Até que Aleph, o Deus da criação… Ou algo do tipo. Resolveu criar os planetas, e nesses planetas, colocar diferentes criaturas. Para evitar que os planetas vagassem de maneira desordenada, ele criou o ponto e virgula, além de seu assistente, TooDoo, que tinha o trabalho de evitar que os glitches se proliferassem e corrompessem a criação.
Só que TooDoo, temendo que após Aleph criar o planeta final daquele sistema, o descartasse, roubou o ponto e vírgula, escondendo-o em algum lugar e tornando tudo um caos, misturando os mundos e deixando tudo mais bugado que jogo da Bethesda no lançamento… Ou dois anos depois.
Nisso, duas criaturas de planetas diferentes, Toodee, que vive em um plano bidimensional como um platformer convencional, e Topdee, que vive em um planeta de visão topdown acabam se encontrando, e graças a um Glitch, eles descobrem o que precisam fazer para recuperar o ponto e vírgula.
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A história de Toodee and Topdee é irreverente, contada quase como um filme de buddy cop, com a dinâmica entre os dois protagonistas, enquanto que Topdee é ingênuo a certo ponto, Toodee é sarcástico e quer ir diretamente ao ponto. E os personagens únicos que eles encontram garante bons diálogos, como o Glitch Ancião que faz ioga, ou o Guardião que é atacado sem sequer demonstrar agressividade.
Enfim, tudo o que acontece é quase que como uma brincadeira sobre programação, incluindo uma referência ao infame “it’s not a bug, it’s a feature”. Nem todo jogo precisa ter uma história super séria, desde que não tente ser pretensioso como acontece com certos jogos (jogos que se você criticar, é taxado de tudo quanto é ista, incluindo aí referências a um certo pintor Austríaco).
Fritando o cérebro de várias maneiras… E trapaceando as vezes.
O objetivo de Toodee and Topdee é levar os dois protagonistas até o próximo portal, em cerca de oitenta e três fases (excluindo os quatro chefes)… Ou noventa e três se você for pros 100% e fizer o mundo extra, mas é necessário MUITA COISA pra isso, e vou explicar passo a passo como o jogo funciona. Antes disso, o jogo permite que você customize a experiência, de modo que jogadores menos habilidosos possam avançar até certo ponto (porque mesmo com todo o auxílio possível, algumas fases ainda exigirão massa cinzenta), com auxílios como pulo infinito (pro Twodee), quantidade infinita de vida e telecinesia (pro Topdee pegar caixotes de longe). Também é possível nas opções, customizar um pouco a experiência visual, nada demais, mas é legal poder mudar a parte topdown pra um leve 3D isométrico.
Com o Toodee, você tem a perpectiva bidimensional, apenas isso, pulando e indo da esquerda pra direita. Com o Topdee, funciona como um jogo topdown, movendo-se em quatro direções e pegando e empurrando caixotes. A princípio as coisas começam simples, mas conforme se avança, as coisas começam a ficar mais complexas, com inimigos na tela, switches, chaves, puzzles e portais. No final dos quatro primeiros mundos, existem boss battles que vão pedir do seu cérebro, já que a alternancia entre estilos é necessária pra causar dano.
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Para desbloquear o sexto mundo e um final extra, você vai ter que cumprir requisitos de velocidade, mudanças e até poupar inimigos (que podem ser mortos, tipo as sombras ou porcos), no momento eu ainda não consegui por motivos de cérebro.
A jogabilidade funciona bem, e o jogo tem recursos pra quem curte/faz speedruns, como um In-game timer pra cada fase ou pro jogo inteiro. O design das fases é criativo, e muitas vezes você vai parar pra pensar em como vai resolver aquele puzzle. Algumas soluções são óbvias, mas outras são um pouquinho mais trabalhosas, seja porque você pode se decidir entre tomar um dano intencional pra passar de uma parte difícil sem problema, ou pensar na solução real. O jogo até dá liberdade pra ser criativo, dependendo da fase, obviamente. Dependendo da pessoa, o jogo pode ser concluído (no final normal) em umas três horas.
Uma boa trilha, gráficos decentes
Os gráficos de Toodee and Topdee ganharam um mega upgrade desde a versão da Ludum Dare, apesar do Toodee ainda estar bem igual ao que era naquela versão. Mas enfim, o jogo conta com gráficos ao mesmo tempo que simples (os quatro primeiros mundos do jogo são compostos por fases de uma tela), são detalhados o suficiente para serem discerníveis. Os cenários contam com bons efeitos e os sprites, especialmente em cutscenes, possuem bastante personalidade.
“O que diabos você quer dizer com sprites que possuem personalidade, Sancini?” Você, voz da consciência, me pergunta. Simples, já pegou um daqueles indies que a definição de pixel art são pixeis arrumados de tal forma que um boneco de palito parece mais bem feito? Duvida? Só lembrar que as animações Xiao Xiao tem mais de 20 anos, por exemplo, e lá, o palitinho tem personalidade. Isso é o que eu quero dizer com sprites com personalidade. Eles se destacam a ponto de você poder discernir como o sprite é.
A trilha sonora de kajnoon casa perfeitamente com o clima de tranquilidade que o jogo passa. São melodias gostosas de se ouvir, e o design de som com os sons reproduzindo diálogo, é bem feito.
Aos fãs de Puzzle, é uma boa pedida.
O que eu vou dizer aqui não é nenhuma novidade, porque já foi dito nas outras vezes em que o jogo foi lançado em plataformas anteriores. Toodee and Topdee é um bom jogo. Chocante, eu sei. O fato é que o humor do jogo me deixou rindo em alguns momentos. E a mistura de puzzle com platformer é bem feita, isso posso dizer.
Além disso, possui gráficos decentes e uma boa trilha. Se eu tivesse um problema, talvez a falta de balanceamento na dificuldade? Alguns puzzles são mais difíceis que outros na frente.
Nota Final: 8
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Esta análise foi feita com uma chave de PlayStation 4 cedida gentilmente pela Top Hat Studios. Toodee and Topdee está disponível para PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, além das versões originais de PC e Nintendo Switch.