Shootvaders: The Beginning | Um começo… Mediano
05/07/2023Eu já devo ter dito isso alguma vez no passado em algum texto, mas devo me repetir, porque é algo importante. Hoje em dia, nunca foi tão fácil pra desenvolvedores pequenos terem jogos publicados em console, porque a quantidade de publishers dedicadas a portar jogos do PC para os consoles é imensa. Até temos publishers focadas em jogos de nicho, como visual novels, portando para consoles.
Claro, digo “fácil” entre aspas porque primeiro você tem que terminar seu jogo e lançar ele em algum lugar, seja o Steam, itch.io ou mesmo a Play Store em alguns casos. Claro, que nem sempre os resultados vão ser bons, só você olhar a PS Store, ou Eshop hoje em dia e você verá a quantidade de jogos de qualidade questionável que são publicados. Eu tava navegando a PSN esses dias e Jesus. Cada dia que passa, vejo que a Sony mandou o controle de qualidade pra casa do caralho, e lembro do que eles disseram quando retiraram Cyberpunk 2077 da PSN: “O jogo não atende a nossos padrões de qualidade”. Tá, o jogo tava quebrado pra caralho… Mas nada aconteceu com Fallout 76 no lançamento. Ou Grand Theft Auto: The Trilogy – Definitive Edition. Que estavam quebrados pra caralho quando saíram. Caralho, até hoje aquele troço tá uma merda.
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Dito isso, os jogos lançados pela 7Raven Studios são sempre uma roleta, enquanto uns jogos são questionáveis, outros tem potencial. Digo, Ghost Sweeper é claramente um jogo ruim de celular num console e Skylia Prophecy podia ter sido muito melhor, mas na melhor das possibilidades, é mediano. Dyna Bomb 2 melhora muito em relação ao predecessor (que eu tenho no PC) e Last Beat Enhanced é divertido e competente.
E finalmente o mais recente jogo do estúdio chega aos consoles, lançado primeiro no Xbox One, depois no Switch e finalmente, PlayStation 4, numa diferença de dois dias (28, 29 e 30 de Junho) entre a primeira e última plataformas. Será que Shootvaders: The Beginning vale seus sete dólares, ou é mais uma decepção? Confira conosco.
Vamos salvar a galáxia… Ou algo do tipo.
Sua missão, Capitão Dorin Fischer, é salvar o futuro da humanidade encontrando um lugar para vivermos. Seu treinamento o preparou para entrar em um transe de combate enquanto elimina incontáveis alienígenas hostis, mas para ter sucesso, você precisará de reflexos de combate especializados e habilidades de pilotagem.
Essa é a desculpa para roteiro do jogo, que só é apresentada na descrição do jogo, tanto na PSN quanto em qualquer outra plataforma, como o Steam. Dentro do jogo, não há nada indicando isso, não que eu queira um modo história, nem nada do tipo (mesmo que muitos shooters a apresentem dentro do jogo), mas como eu disse… Não tem nada lá. Eu poderia inventar uma história sobre alguém ter roubado o seu ursinho de pelúcia e fugido pro outro lado da galáxia e colocado uma horda de naves em seu caminho e você precisa ir atrás dele. E daria no mesmo.
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De fato, essa agora é minha lore do jogo. Pau no seu cu, Dorin Fischer, eu nem vejo sua cara no jogo, então não o respeito. Agora o protagonista se chama Bunda McBuchechas, que teve seu ursinho de pelúcia favorito roubado por Babaca Kennedy e precisa recuperá-lo no outro lado da galáxia.
Agora que paro pra pensar, Ass McCheeks e Dick Kennedy não funcionam em português como eu pretendia. Enfim, sou eu quem estou escrevendo essa análise, logo, meu texto, minhas regras.
Um shooter (com grind) infinito…
O jogo é um shooter infinito, em ondas, mais ou menos como Space Invaders, mas numa pegada mais frenética. O que é normal, já que Space Invaders é de 1978. No começo lhe é dado 5000 moedas, 5000 peças alienígenas e 5000 estrelas. As moedas e as peças alienígenas lhe permitem comprar armas pra sua nave e as estrelas permitem comprar upgrades permanentes pra suas runs. E digo de cara, na possibilidade de você jogar esse jogo, compre seus upgrades com sabedoria…
Porque depois desse início, conseguir estrelas, moedas e peças alienígenas pra comprar qualquer coisa vai se tornar um grind intenso, porque ALGUNS inimigos lhe deixarão moedas e peças alienígenas em unidades de 50. Considerando que qualquer power-up comprável custa de 1000 pontos pra cima, comprar qualquer coisa vai levar tempo. Isso porque não falo das estrelas, deixadas pelos inimigos, temos aí um grind MAIOR AINDA. Isso tudo é herança da raíz mobile ou da versão de Steam, onde há opção de comprar moedas e peças alienígenas (e acho que estrelas também) com dinheiro real, mas não há essa opção nas versões de console, o que é um positivo.
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Os controles, vou dizer que tenho pena de quem jogou no teclado a versão de PC, porque fui dar uma olhada e é desconfortável, e perceptível que o jogo foi projetado pra controles. Tudo funciona relativamente normal, três botões e tudo mais. Como shooter, funciona normalmente, só que… É um tédio. As armas que você compra e equipa antes das runs servem pra pouca coisa, porque os inimigos deixam armas aleatórias e nem todas são exatamente úteis.
Com o passar das ondas, os inimigos vão ficando mais agressivos, disparam mais constantemente e tentam ataques kamikaze pra cima do jogador. Ao menos o jogo não é um shooter do tipo 1-hit kill, com o jogador tendo uma barra de vida e algumas vidas pra tentar chegar o mais longe possível. Se os drops de moedas e estrelas não fossem tão medíocres, o grind seria mais satisfatório. No fim das contas, o jogo acaba sendo uma repetição, que diferentemente da repetição de um shooter que é “o quão longe consigo chegar com um crédito?”, tá mais pra “quanto dinheiro consigo acumular pra comprar algo?”. O que, repito, não seria ruim se os drops fossem decentes.
Parece genérico
Visualmente… Shootvaders não impressiona. Olha, eu já analisei e joguei shooters com visuais mais simplistas, mas Shootvaders, talvez pela combinação de cenário e sprites, tudo parece genérico. E olha que eu joguei MUITO shooter genérico no Mame. Os anos 90 estavam lotados de shooters com visuais nada impressionantes.
A falta de algo pra ilustrar a história esparsa também não ajuda. Sei que o jogo foi feito por um estúdio pequeno, o Went2Play, mas isso não é desculpa. Novamente, outros estúdios pequenos, as vezes uma pessoa, já fizeram jogos mais encorpados no departamento visual, cito aqui duas análises que fiz, Hell Blasters e Remote Life possuem maior variedade de ambientes e foram feitos por times igualmente pequenos.
As músicas do jogo são, pela falta de melhores palavras: Esquecíveis. Nada é memorável, e eu queria ter mais pra dizer, mas… Não. Nada vem a minha cabeça. É quase como assistir a um filme do MCU pós Ultimato. Você esquece assim que sai do cinema (com algumas exceções). No meu caso, assim que terminei a jogatina, esqueci as músicas.
Não vale a pena.
Shootvaders: The Beginning é um jogo esquecível. Não é ruim o suficiente pra eu poder fazer gracinhas, nem é notável o suficiente para uma recomendação em promoção na pior das hipóteses. Eu queria que esse jogo fosse bom, mas… Não.
Nota final: 6/10
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Shootvaders: The Beginning está disponível para PC, Android, Xbox One, Nintendo Switch e PlayStation 4 e essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela 7Raven Studios.