The Dragoness: Command of the Flame | Heroes of Roguelike and Magic
17/08/2023Eu admito que não sou a pessoa mais familiarizada com o combate da série Heroes of Might and Magic, talvez por não ter crescido na cultura de computadores, só pra ter um exemplo (não relacionado a HOMM), RTS ainda é um gênero alien pra mim, tanto quanto era quando experimentei Starcraft, há uns 20 anos atrás. Eu já tentei, mas o mais próximo que cheguei de Might & Magic foi o spin-off Might and Magic: Clash of Heroes, na época que ele ainda era só um jogo de Nintendo DS (Hoje ele tem versões até pra SUA MÃE), mas divago.
Um gênero que também não sou familiarizado, é o dos RPG’s de estratégia. Esse é por uma razão diferente. Está no nome: Estratégia, do grego… Não, não vou fazer a piada com Tropa de Elite que todo brasileirinho que vai falar de estratégia usa. Enfim, eu sou burro pra CARALHO pra jogar jogos de estratégia. A fortitude mental que foi necessária pra eu conseguir jogar X-COM: Enemy Unknown, foi imensa.
E por fim, uma tendência que eu não consigo gostar, é a de enfiar, elementos de rogue-like, ou rogue-lite, ou seja lá como for, essa mania de colocar tudo procedural nos jogos me enche o saco. Sim, eu joguei alguns jogos com elementos de rogue-like ou rogue-lite, mas isso não diminuiu meu desdém pelo gênero.
Então, o que fazer quando um jogo que combina os três é anunciado? Eu sei lá, esse foi um péssimo gancho pro jogo de hoje, The Dragoness: Commander of the Flame, que havia saído no ano passado para PC, e chegou agora para consoles. Se ele vale seu tempo ou não, você vai saber na nossa análise.
Comande Dragões para dominar o mundo e salvar o mundo ao mesmo tempo
Sim, é um linha grande pra sumarizar o roteiro. Ou não. Embarque em uma jornada épica pela Península de Drairthir – uma terra devastada por facções guerreiras de Dragões. Você assume o papel da Comandante, uma promissora guerreira elfa recrutada pela Dragonesa para liderar seus exércitos e trazer paz à terra.
Depois que a antiga capital de Voven Sal foi perdida em uma batalha climática com o cobiçoso Shai-Va, você precisará reconstruir e reunir suas forças na nova sede do poder da Dragonesa, Níwenborh. Viaje pela península para recrutar feras poderosas, reunir recursos preciosos e se preparar para os perigos que estão por vir. Somente através de um pensamento estratégico aguçado e decisões táticas você sairá vitorioso.
Por quê uma elfa foi escolhida pra liderar um exército de Dragões? Não sei. (visualize aqui eu dando de ombros). Talvez ela tenha sido escolhida por ser bonitinha e a garota poster da luta contra o mal, tipo o que aconteceu em Tropas Estelares. Ou talvez os desenvolvedores da Crazy Goat Games tenham assistido Game of Thrones e pensado… Ei, tem uma gatinha que comanda dragões nessa série, vamos colocar isso no nosso jogo. Só espero que tenham se inspirado na Daenerys das temporadas 1 a 6, e não do final de GoT, se é que você me entende, hehehe.
Três em um
O gameplay do jogo é dividido em três seções. A primeira, é a exploração, onde você navega pelos cenários, coletando recursos, conversando com as pessoas, indo atrás de objetivos e finalmente, entrando em tretas. É interessante, explorar esse mundo genuinamente bem construído. Pena que essa atenção ao mundo não foi estendida a aqueles que o habitam, mas bem, não se pode ganhar todas, né?
A segunda parte, é a do combate, e aqui, funciona como em tantos outros jogos de estratégia que estamos acostumados, combate em grid. Seus personagens começam de um lado, os do inimigos do outro, e é bem isso. Você tem vários lutadores diferentes, com diferentes habilidades, e é no combate que os elementos de roguelike entram, já que os buffs de habilidade que você recebe, são aleatórios, então nenhuma build será igual a outra, o que dá um pouco de variedade ao gênero. Se isso ajuda a manter o jogo interessante, vai de jogador pra jogador. O problema do combate, é que os mapas são um tanto grandinhos, e demora um pouco pro pau quebrar nas lutas.
E a última parte, é curiosamente, onde Dragoness brilha: A parte de construção de cidades. Sim, geralmente isso é um porre pra mim (eu sempre falhei em Sim City… E nunca fui longe em Roller Coaster Tycoon, mas sempre apreciei), mas considerando que o jogo é um RPG de estratégia de turnos, ter elementos de construção de cidades ajuda a dar um frescor. Com os recursos que você coletou, é legal poder dar seu toque pessoal na cidade, apesar de algumas coisas serem carinhas…
Belos cenários, mapas fracos, trilha ok
O ponto fraco da parte audiovisual de Dragoness são os mapas de combate que são sem inspiração. Se eu fosse resumir esses mapas em uma letra, seria G de genérico, o que contrasta com os cenários fora de combate que são muito bonitos. E se você tem certa nostalgia por jogos do gênero, ou de fantasia, do começo dos anos 2000, o jogo captura bem essa estética.
A trilha do jogo é aceitável. Ela retrata bem o cenário de fantasia épica que o jogo quer passar… Isso é, fantasia épica que os filmes e jogos do tipo tentam passar, não a fantasia épica que álbuns de Power Metal do começo dos anos 2000 tentam passar. Eu preciso deixar clara essa diferença, porque eu posso ou não ter ouvido Power Metal enquanto jogava. Enfim.
O jogo possui uma dublagem em inglês decente. Não vai ganhar nenhum prêmio, e os diálogos são clichês, mas não é a nível dublagem em inglês de jogo japonês do começo dos anos 2000 ou dos anos 90.
Tem potencial
The Dragoness: Commander of the Flame é um jogo que tem potencial pra ser mais, mas falha aqui e ali, impedindo que o jogo seja um clássico moderno do gênero. É uma alternativa, mas temos outros por aí também (King’s Bounty 2 me vem a mente), mas pelo menos é um titulo que tem mais carinho por parte de seus devs do que Heroes of Might and Magic recebe por parte da Ubisoft. Se você curte RPG de estratégia por turnos, é uma possibilidade.
Nota final: 7/10
The Dragoness: Commander of the Flame está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 e Xbox Series X|S, com uma versão para Nintendo Switch chegando em setembro de 2023. Esta análise foi feita com base na versão de PS4, com uma chave gentilmente cedida pela PQube.