Berserk Boy | Pra quem tinha saudades de Mega Man Zero
09/03/2024Jesus Cristo de Cascatinha, por onde eu ando na Internet, há uma treta me esperando no canto, seja uma (ou mais de uma) agência de VTuber com práticas extremamente imorais e inéticas, esquerdistas amantes de Cavalos se provando hipócritas, bebês chorões tendo o trabalho exposto e apelando pra Hit Pieces, dentre outras coisas. E aí as pessoas se perguntam porque eu jogo videogames… Eu quero fugir dessa loucura toda.
Se você curte retro jogos, o ano de 2024 promete. Tivemos bons lançamentos de jogos no estilo retrô, como Lords of Exile, a versão de PC de Deathwish Enforcers (o jogo havia sido lançado ano passado para consoles) e muitos outros estão pra sair. Nem todos serão bem sucedidos, por um motivo ou outro, sejam roteiros ruins ou jogabilidade medíocre.
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O que os dois primeiros parágrafos do texto tem a ver com o jogo de hoje? O primeiro, nada, é só a típica tangente que faço pras minhas análises. O segundo, bem, o jogo de hoje é um plataforma com inspiração retrô e que foi recentemente lançado. Após anos de desenvolvimento, alguns adiamentos e uma demo lançada no Steam Next Fest do ano passado (que incluía quase metade do jogo), Berserk Boy está finalmente disponível para PC e Nintendo Switch. Confira a nossa análise do jogo.
Modo Berserk para salvar o mundo
Estamos no distante futuro de 21XX, a humanidade corre perigo devido a estranhas criaturas, que são compostas da misteriosa energia negra. Para combatê-la, um grupo foi criado, a resistência, cujos cientistas estudam os misteriosos Orbes Berserk, que são capazes de dar poderes extraordinários às pessoas que conseguem dominá-los.
Só que um desses cientistas, Dr. Wil, digo, Dr. Genos, decide usar os Orbes para ~DOMINAR O MUNDO~. O jogador está no papel de Kei, um dos membros da resistência que junto com sua amiga Dizzie, vai pesquisar uma estranha leitura de energia em New Hope City, até que são separados por um ataque das criaturas, coordenado por Genos. Kei se depara com um estranho pássaro em chamas, Fiore e graças a ele, se funde com a Orbe Berserk do Relâmpago e é capaz de lutar de verdade.
O resto do roteiro é bem previsível, não há nenhuma reviravolta. Pra ser franco, não há quase nada em termos de diálogos após o primeiro stint da história (vulgo introdução). Há conversas aqui e ali, mas nada a nível Mega Man Zero ou ZX, ou Gunvolt por exemplo. Não que isso seja demérito do jogo, é um plataforma focado na ação, não na narrativa. Mas alguns diálogos extras ajudariam a climatizar o mundo.
Se você tinha saudade da série Mega Man Zero (e de ZX), é pra você
Uma das principais comparações que vejo em vídeos e reviews, é com Mega Man X, quando… Não? A estrutura de Berserk Boy é mais semelhante a que vemos na série Mega Man Zero, com exploração na base, compra de Power-Up’s e tudo mais. E eu não sei se eu classificaria como um Metroidvania, apesar das leves pitadas do gênero que ele possui, como backtracking e áreas acessíveis somente com determinadas habilidades, mas não é 100% dependente disso, como acontece em jogos do tipo.
É bem difícil explicar todas as mecânicas de Berserk Boy, mas vamos lá. O jogo é um plataforma de ação, com foco em combate e um bocado de exploração. Kei no começo possui somente o poder do trovão, mas conforme derrota os chefes das quatro áreas, ele adquire seus poderes, tal qual Mega Man. Cada uma dessas quatro áreas (e a quinta, que é a Fortaleza de Genos) é subdividida em três atos, onde em alguns casos, há um subchefe nos atos, em outros, não, e no terceiro ato, há o confronto com o chefe.
Em termos de controles, cada forma que Kei possui (Trovão, Fogo, Gelo, Vento e Terra) possui habilidades diferentes, desde habilidades ativas por botões, a habilidades passivas, como a broca de fogo (ok, a broca de fogo é a única habilidade passiva do jogo) e elas podem ser usadas para cruzar as fases num ritmo alucinante, cortar caminho em alguns casos e chegar em áreas antes inalcançáveis. E a maneira com a qual é implementado é brilhante… Bem, se você tiver um controle, porque no teclado, você precisará fazer alguns finos ajustes, que pra surpresa de ninguém, eu não fiz. (Sério, tem dois botões de ataque no teclado, eu deveria ter alterado o mapeamento.) Você pode usar os botões de ombro do controle, ou o analógico direito para abrir a roda de habilidades.
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Os Power-ups são comprados com as orbes azuis que você coleta, que também servem como recarga da sua energia, o que é bem inteligente. Especialmente considerando que a energia recarrega automaticamente, mas em alguns casos é bom usar essas orbes pra recarregar (especialmente quando se usa a habilidade de voo. Além das habilidades normais, cada forma possui um Ataque Berserk que utiliza uma barra própria, que é enchida coletando as orbes amarelas encontradas durante as fases. Esses ataques Berserk são uma mão na roda, especialmente contra chefes (e ainda mais se o chefe for fraco contra a forma específica).
Durante as fases, você encontrará membros da resistência para resgatar e emblemas de Berserk escondidos nas fases para coletar. Ambos são importantes para completar o jogo, já que para a parte final do jogo, você precisará de uma certa quantidade de emblemas, e para abrir certas partes da fase (e encontrar outros membros da resistência e Emblemas), é necessário resgatar uma certa quantidade de membros (geralmente, 60%).
But wait, there’s more
O jogo acomoda pessoas com todos os tipos de habilidades, se você quer uma experiência mais hardcore, você pode tentar o modo retrô, onde os inimigos causam mais dano e você tem um contador de vidas. Para aqueles que querem uma experiência balanceada, o modo moderno possui vidas ilimitadas. E para aqueles que não são habilidosos, ou são jornalistas de games, ou só querem curtir o jogo sem problemas, há um modo (quase) sem mortes nas opções. Digo sem morte porque abismos ainda irão matá-lo
Uma das coisas que esqueci de mencionar anteriormente, é que ao resgatar 100% dos membros da resistência de um ato, você desbloqueia a versão EX daquele estágio, que é basicamente um desafio Time Trial, ampliando o fator replay do jogo.
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Ainda assim, mesmo se você ativar o modo de jornalis, digo, acessibilidade, o design de fases ainda é excitante e fascinante, por conta da jogabilidade veloz. E para aqueles com hardwares menos potentes, não se preocupem, mesmo numa batata a ponto de explodir (meu PC), Berserk Boy tem uma ótima performance. Qualquer engasgo que eu encarei, deve-se ao fato de que meu PC está além de qualquer reparo (se alguém quiser me doar um notebook novo, manda DM no twitter), e não por conta de um jogo mal otimizado ou meu PC estar abaixo das configurações exigidas.
Mais jogos 16/32-bits, por favor… Ah, e tem Tee Lopes na trilha sonora.
Na esfera de jogos inspirados por franquias retrô, é mais prevalente a inspiração em 8-bits, como em jogos como Shovel Knight ou Lords of Exile, ou jogos em Low Poly, ou pior, usando os detestáveis Voxels (E sim, esse último é mais pessoal porque eu detesto jogos 3D com Voxel). Felizmente, mais e mais jogos estão adotando um estilo 16-bits, e Berserk Boy é um deles.
Olhando para as imagens, você pode confundir o jogo com um lançamento do fim da vida do SNES, ou algum jogo 2D que tenha saído no Sega Saturn ou PS1 (Mega Man X4 me vem a mente), com um excelente trabalho nos sprites dos personagens, desde os frames, animações e efeitos especiais espetaculares. O ponto negativo no trabalho dos sprites, é que alguns sub-bosses se repetem.
As cutscenes, também feitas em Pixel Art são BELÍSSIMAS, trabalho primoroso da equipe, assim como a animação de abertura que é maravilhosa, num estilo anime, adequado para o visual do jogo. Os cenários, igualmente detalhados, cada um passando uma identidade única para a área em que se encontram. Um jogo soberbo na parte gráfica.
Na parte sonora, não precisamos falar muito… Sério, só eu mencionar. A trilha é do Tee Lopes. É literalmente um cartão de recomendação. Excelentes composições, no mesmo nível de outros trabalhos dele como TMNT: Shredder’s Revenge, Sonic Mania e o recente Penny’s Big Breakaway (ainda não consigo tankar que o nome do jogo começa com Penny’s/Pênis… QUINTA SÉRIE É FODA, MANO). O jogo possui dublagem em inglês que é ok. O jogo não tem voice acting em 100% das cenas, mas o que tem e as perfórmances, dão pro gasto.
Berserk Boy possui tradução em português do Brasil, o que é louvável, porém, entretanto, contudo, todavia, não é perfeito, com alguns errinhos aqui e ali em uns momentos, mas não é nada game breaking, apenas informativo.
Altamente recomendado
Quem gosta de jogos retro esse ano tá comendo bem pra caralho e tem altas chances de ficar pobre com a quantidade de jogos de qualidade sendo lançados para todas as plataformas. E Berserk Boy faz parte dessa lista, com excelente jogabilidade, gráficos espetaculares e trilha marcante, o jogo só peca por estar disponível apenas no PC e no Nintendo Switch. Então, se tiver oportunidade, adquira o jogo. O preço é camarada e possui tradução pro português.
Nota Final: 9,5/10
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Berserk Boy está disponível para PC e Nintendo Switch. Esta análise foi feita com uma cópia de PC, gentilmente cedida pela Berserk Boy Games, e a pessoa que fez essa análise se pergunta se eles irão trocar de nome se lançarem um jogo chamado Flying Swordsmen.