Dragons Dogma 2 | O chamado da Aventura
21/04/2024Dragon’s Dogma é um titulo que inicialmente não me trazia nada a memória, afinal, o primeiro titulo foi lançado em 2013 e eu nem sequer me aproximei do jogo. Mas com o lançamento de Dragon’s Dogma 2 e o furor que muitos fãs causavam a medida que a data do seu lançamento se aproximava, eu começou a ficar um tanto curioso.
O que será que jogo oferece de diferente de diferente se comparado a outros jogos de aventuras que tivemos ao longo dos anos. Oras, eu adoro Elders Scrolls, então será que esse titulo é capaz de suprir a ausência de um novo jogo de fantasia medieval?
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Com essa dúvida em mente e graças a Capcom que gentilmente nos cedeu uma chave de Series S|X, eu pude enfim desbravar esse universo desconhecido em busca de compreender o que torna Dragon’s Dogma único. E mesmo com algumas polemicas a cerca do titulo ainda durante as duas primeiras semanas do seu lançamento em março, eu me mantive centrado e acredito que isso permitiu que a minha experiência com o titulo não tenha sido comprometida.
Então convido vocês a invocar o seu peão, buscar seu kit de acampamentos e se juntar a essa aventura repleta de criaturas colossais e místicas.
Uma experiência que pode ser frustrante
Dragon’s Dogma 2 foi um dos poucos jogos que realmente me levou a refletir em como estava carente de jogos de aventura que não nos carrega no colo e afaga nossos cabelos.
Estamos tão habituados a todo momento ser carregado de um ponto A a um ponto B com viagens rápidas, que quando um jogo lhe força a literalmente caminhar até o ponto de interesse e ainda sofrer todo o desgaste da viagem até lá, você começa a perceber o quão frustrante pode ser coletar tudo o que vê pelo caminho ou simplesmente tentar atacar tudo o que se mexe ou respira em seu ouvido.
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Essa característica do jogo é uma daquelas que literalmente pode criar fãs ou simplesmente odiadores, como alguns afetados famosos do YouTube/ Twitch. Porque ele simplesmente exige que você comece a gerenciar recursos e avaliar muito bem o grupo antes de simplesmente aceitar uma missão e sair correndo em direção a ela. Há missões que apesar de serem simples, exigem que você tome cuidado, pois você pode simplesmente ser atacado por um grifo ou centenas de duendes que habitam pradarias, cavernas e etc…
Nesse sentido posso dizer que Dragon’s Dogma 2 é implacável com os erros do jogador, pois nem mesmo nos acampamentos estamos seguros e durante a noite enquanto acampamos, criaturas muito mais fortes por criaturas do que as encontradas durante o dia podem nos atacar.
Essa sensação de perigo constante nos deixa em alerta durante toda a jornada, o que nos proporciona uma boa imersão. Ai você pensa: Bem, fora das cidades você não está seguro, mas dentro delas eu consigo dar uma respirada, certo? Isso eu vou deixar você descobrir por si só.
Mas e as lojinhas?
Eu sei que provavelmente cairão nessa analise procurando entender algumas criticas a cerca do jogo, e posso dizer que não os culpo, mas vou digo que deveriam ser mais céticos e questionarem qualquer critica demasiadamente exagerada. Eu, no caso, posso falar somente sobre a minha experiência com o jogo, e deixarei incumbido a você, o leitor, extrair as informações que lhe atende de minhas analises.
No caso uma das polemicas que irei abordar por aqui é a microtransação de itens do jogo, que no caso é um item para uso de viagem rápida do jogo. O item em si se chama cristalporto e permite a você voltar a uma determinada localização onde o tenha posicionado, então supondo que você esteja muito longe e quer voltar a cidade que visitou recentemente, então basta usar a pedra-barca e você será teleportado para onde colocou o cristalporto. Lembrando que pedra-barca não podem ser utilizadas dentro de locais fechados.
Também podemos comprar pedras Vitalitas, que são um item que nos ressuscita e são difíceis de encontrar pelo jogo. Pra criar uma pedra é necessário 3 fragmentos, e pra ser sincero, nem vale a pena comprar isso. Isso vale também para outros itens, como a chave frágil da prisão.
Aproveito aqui para manifestar meu desapreço por microtransações quando isso lhe dá vantagens nos jogos competitivo, ou mesmo que impeça que você tenha acesso ao conteúdo em sua totalidade, como ocorreu com Asuras Wrath’s, em que o verdadeiro final estava em uma DLC.
No caso de Dragon’s Dogma 2 isso tá longe de comprometer a sua experiência no jogo. Compra quem quer, mas dá pra brincar tranquilamente sem tirar um real da carteira a mais.
Pera, mas e os problemas?
Outro ponto, esse está mais atrelado ao jogo em si é as texturas do jogo que buga com uma frequência relativamente alta. No caso eu estou jogando em um Xbox Series S, e todas as vezes que pausava, mesmo que rapidamente, ao voltar para o jogo, era perceptível o tempo de carregamento da textura.
Em alguns momentos, principalmente com vários efeitos de magias e inimigos em tela senti uma leve queda de frame, mas notei isso raríssimas vezes e logo na semana do lançamento, antes de alguns patches. Fora isso, não tive qualquer outro problema.
Também cabe criticas ao sistema de salvamento do jogo que não permite a criação de vários salvamentos. Ele basicamente te coloca na tela inicial e você começa de onde parou, então se você quer ter vários saves diferente, infelizmente não vai rolar. O que para mim não faz sentido algum. Eu realmente espero que isso possa vir a ser corrigido futuramente até para facilitar aqueles que gostam de começar várias save ao mesmo tempo só pra fazer escolhas diferentes. Se isso é uma das características do jogo, não sei responder, mas é algo que deveria ser mudado.
Pra fechar esse tema dos problemas, e sequer é um problema, vale citar que sua trilha sonora apesar de boa é pouco marcante, e aqui faço uma comparação com a de Elder Scrolls V, que é a minha referência para uma boa trilha sonora de aventura com pegada medieval. Já a de Dragon’s Dogma 2 ela só é OK, o que é um pouco triste.
Uma aventura de verdade com um gameplay de verdade
O clima de aventura permeia Dragon’s Dogma 2 e faz com que missões aparentemente simples acabem se tornando extremamente grandes e complexas de serem finalizadas. Ouso dizer que é um dos poucos jogos que realmente me trouxeram aquela referência ao clássico A Caverna do Dragão.
Imagine você está atravessando um campado somente para chegar em outra cidade e entregar uma carta, mas no caminho você se depara com um dragão dormindo. Tenta passar na surdina, mas você, um Nascen que compartilha o coração de uma dragão, o desperta só por estar próximo. O grupo parte para o combate e a cada golpe desferido, você percebe que o dragão está cada vez mais e mais agressivo.
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Essa mudança que sentimos durante o combate é simplesmente prazeroso realmente me conquistou. Em vários momentos eu senti a urgência de que deveria fugir, isso por conta do cansaço do grupo que atravessará a noite caminhando ou o equipamento que precisava ser trocado, visto que não correspondia ao nosso nível.
Então decido fugir e corro em direção a um santuário, e o que acontece? O dragão simplesmente se lança contra o santuário e entra ali. Começa uma luta onde meus recursos vão se esvaindo, companheiros perdendo suas vidas. Preservo o máximo de vida que possuo e começo a lançá-los através da janela para conseguir revivê-los antes do dragão conseguir sair do santuário.
Poder vivenciar uma experiência tão divertida e desafiadora realmente desperta no jogador uma euforia, que faz com que você não queira mais parar de jogar.
O Combate e suas classes
O sistema de combate de Dragon’s Dogma 2 consiste em um botão de salto, corrida e dois de ataque, sendo que pressionar uma das defesas você seleciona golpes especiais da classe em que você está usando. E a medida que você vai evoluindo na classe, novos golpes e técnicas vão sendo liberados e você poderá desbloqueá-los indo até uma guilda.
Ao todo temos 9 classes para selecionarmos, mas somente três delas inicialmente estão disponíveis, são elas Combatente (classe inicial), Arqueiro e Ladrão. No meu caso eu estou jogando de Guerreiro, o que me deixa utilizar espada de duas mãos e martelos grandes, e para conseguir essa classe é necessário a realização de uma missão paralelas. O que também acontece com as outras classes, elas só ficam disponíveis no momento em que você cumpre alguma missão, ai basta ir até a loja da guilda e equipá-la.
Vou listar abaixo todas as classes disponíveis no jogo:
- Combatente
- Arqueiro
- Ladrão
- Mago
- Guerreiro
- Arqueiro Mágico
- Lanceiro Místico
- Ilusionista
- Chefe de Guerra
Sendo franco com vocês, não fui atrás de todas ainda, mas irei atrás principalmente da classe Chefe de Guerra por permitir que usemos todas as técnicas das outras classes juntas. Deve ser no mínimo intrigante dominar o personagem com tantas técnicas.
Nessa minha primeira jornada eu sigo com meu peão na classe de ladra (e sempre esquecendo de melhorar o equipamento dela), e com outros recrutas: Uma maga e uma arqueira. Como uso de um guerreiro, os golpes são fortes e consigo suportar ataques físicos, além de ainda ganhar buffs da maga.
E ainda sobre o combate, ele é simplesmente viciante, pois cada golpe você sente que realmente está causando dano com a arma que usa. Uma espada grande de duas mãos sendo atirada contra um ciclope gigante usando proteção de ferro e você consegue ter a sensação de que aquilo está sendo crível dentro do jogo. Não é como em Elder Scrolls que usar uma espada é como bater em nada.
Um aspecto importante e que você precisa ficar de olho é nos pontos de habilidade dos peões. Tanto você quanto os peões ganham pontos de habilidades de maneira individual, então você precisa melhorar as habilidades do seu peão e as suas, além de equipar habilidades passivas que podem agregar mais vitalidade, capacidade de maior de carga e por ai vai. Um peão bem equipado e com boas habilidades vai ser emprestado com uma frequência maior e isso lhe trará melhores recompensas.
A parte triste é que não devemos nos apegar aos peões que invocamos, eles infelizmente não ganham nível e a medida que ficamos mais fortes, precisaremos de recrutas mais fortes. Eu sei, me entristeceu ter que mandar o arqueiro seminu embora.
Os peões
Os peões são personagens que vão lhe acompanhar durante toda a jornada, e eles serão os vínculos com mais jogadores no online, que usa um sistema de empréstimos remunerados. Calma, explico.
Você criará o personagem usando a ferramenta de criação da maneira que você quiser, e a partir dai você pode equipar classe e habilidades. Uma vez criado, o personagem fica disponível para outros jogadores podem invoca-lo e tê-lo como companheiro durante as partidas. O peão invocado não vai ganhar níveis durante esse tempo emprestado, ele só evolui enquanto está em partida contigo.
Uma outra característica interessante é que se você invoca um peão e ele já tenha feito uma determinada missão com o seu criador e você não, ele vai se oferecer para guiar você até o ponto da missão. Em outras ocasiões eles também costumam conversar entre si durante a jornada e comentar sobre situações que tenham vivido ao lado de seus respectivos criadores, o que podemos dizer que é uma adição muito legal.
Essa adição em alguns momentos me tirou boas risadas, uma delas aconteceu enquanto eu contava apenas com peões femininos, e eles começaram a conversar entre si, ai uma delas dispara que já teve um Nascen que só por algum motivo que ela desconhecia, recrutava apenas mulheres.
Os inimigos e sua dificuldade
Tudo pode te matar dentro em Dragon’s Dogma 2, e chega a ser bizarro como um único vacilo pode fazer com que você simplesmente morra. Morrer nesse jogo significa gastar uma pedra vitalita que fará você ressuscitar ou voltar no ultimo save que você fez, ou na última dormida em uma pousada. Para terem uma ideia, vitalita precisa de 3 fragmentos para se conseguir uma, e você não as encontra facilmente.
E apesar de inicialmente você ter uma impressão que não exista uma variedade de inimigos no jogo, eles estão lá e são comuns em determinadas áreas do mapa. Quando você passa a seguir a trama principal, você chegará de forma mais rápida a outras localidades. Rápida no sentido de que demorará menos tempo em comparação ao que investe fazendo paralelas.
Você vai se deparar com golens de pedra, ciclopes, harpias, ogros, trolls, grifos, duendes, minotauros, fantasmas, esqueletos ressuscitados, zumbis, lobos e suas variações e uma amoeba insuportável de se enfrentar, além de bandidos. Tudo isso está lá só esperando pra te infernizar.
Como disse alguns parágrafos acima, não importa o seu nível, se vacilar você vai morrer. Um ataque de lobo pode simplesmente te derrubar e ele te arrastar para longe do grupo enquanto você se debate, e ele continuará investindo contra você. Com sorte um dos membros do seu grupo pode chegar a tempo, mas dependendo da localidade e condições, morte certa.
Essa imprevisibilidade é realmente maravilhosa e torna o jogo ainda mais desafiador, afinal, se o inimigo de forma involuntária atacar ao mesmo tempo que outro, você raramente vai ter alguma chance de lidar com ambos ao mesmo tempo, sendo necessário você avaliar desde o terreno e até mesmo as condições do grupo para aparar os ataques ou simplesmente evadir o mais rápido possível.
Uma lufada de ar fresco
Com tão poucos estúdios que pouco ousam ou simplesmente replicam um gênero em alta ou um roteiro demasiadamente pretensioso, Capcom, mais uma vez investe em algo “novo” com Dragons Dogma 2, onde o titulo mantém suas características próprias e corre o risco de causar estranhamento em muita gente não teve contato anterior.
Os fãs com toda a certeza devem ter ovacionado a experiência que teve com o titulo, pois consegue ser grandioso em muitos aspectos, seja por seu editor encorpado que nos possibilita recriar figuras conhecidas do mundo pop ou sua jogabilidade divertidíssima e até sua história que é bem legal. E não estou dizendo que não exista problemas, como NPCs não muito espertos ou a musica que não corresponde a magnitude da jornada, mas ele acerta tanto que tudo isso é simplesmente passável.
Dragons Dogma 2 definitivamente vai corresponder as expectativas de quem já era fã do primeiro titulo, mas também vai agradar muito aqueles quem decidirem encarar o chamado da aventura e a jornada de Nascen. Talvez o preço esteja um pouco elevado, no Xbox está custando R$ 336,00. Vale a pena pegá-lo durante uma promoção, sem sombra de dúvida.
Dragon’s Dogma 2 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X e Series S, GeForce Now, Microsoft Windows.
Nota Final: 9/10
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Esta análise foi feita com uma chave digital de Xbox Series S| X cedida gentilmente pela Capcom.