PO’ed: Definitive Edition | Análise
23/05/2024Falar sobre a preservação dos jogos antigos tem sido um tema cada vez mais recorrente nos dias atuais, e muito disso porque centenas de jogos provavelmente nunca cheguem aos consoles modernos, seja por conta do seu conteúdo considerado problemático para o jovem moderno com problemas emocionais e que não aceita ser contrariado ou mesmo pela falta de apelo dos consumidores, que cada vez mais estão envolvido com jogos multiplayer online.
E quando falamos de preservação de jogos, estamos falando de títulos que as muitas vezes não são tão bons, mas se queremos preservar a sua história, então nada mais justo de também dar o devido cuidado. Por esse motivo, ver PO’ed ganhando uma edição definitiva pelas mãos da Nightdive é surpreendente.
Estamos falando de um jogo que foi publicado originalmente para o console 3DO em 1993, e que tentava fugir ao que estava sendo feito com DOOM entre outros FPS famosos, com a diferença de que PO’ed buscava ser mais uma sátira a tudo aquilo que havíamos vistos em nos jogos bem sucedidos.
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Agora com o titulo lançado nos consoles modernos, enfim temos uma oportunidade de entender um pouco da visão que a Any Channel tinha para o seu FPS na época. Podemos dizer que era um projeto ambicioso se nos basearmos nas faltas do presidente Brian Yen do estúdio em comunicado para imprensa de 1995:
“Jogos desse gênero se tornaram muito previsíveis”, disse o presidente da Any Channel, Brian Yen. “Com o PO’ed, jogamos a convenção ao vento e criamos algo que ninguém nunca viu antes.”
Bem, convido-os a pegarem suas frigideiras e se juntarem a mim e a Ox, o cozinheiro, na luta contra os alienígenas bizarros e descobrirmos se convenções realmente foram atiradas ao vento.
Uma frigideira e um sonho
PO’ed inicialmente se parece como qualquer outro jogo do gênero de sua época, exceto que os ambientes são muito mais espaçosos e recheado de inimigos rápidos e que se lançam contra você, enquanto tentamos nos defender usando apenas uma frigideira inicial. No caso aqui nos defenderemos de horas de inimigos que são bizarros, para dizer o mínimo.
Ainda sobre os inimigos, achei curioso que um determinado, depois de abatido também serve como energia para recuperar a nossa barra de vida. Indo um pouco além dos drinks de energia que estão espalhados pela fase para serem coletados.
É um conceito interessante se formos parar para pensar, afinal, é um cozinheiro. Quem melhor do que ele para descarnar uma criatura e usar de alimento?
Se nesse aspecto o jogo me agradou, um outro me incomodou. Eu senti que os inimigos são um pouco esponjas de dano. Apesar de pegarmos um cutelo ainda no começo, o que é basicamente o revolver inicial do jogo, achei que seu dano é quase ridículo e você gasta muito tempo investindo contra um único inimigo enquanto fica zanzando para lá e para cá tentando evitar levar dano, o que vai matando um pouco do humor do jogo. E inimigos não faltam, sendo inclusive destacado por um contador de inimigos mortos em cada fase e quanto deles você deixou vivo ao fechar a fase.
Também temos um Jetpack que é realmente o diferencial do jogo que nos permite sobrevoar dentro das fases para qualquer direção e alcançar plataformas mais distantes, e ouso dizer que é uma experiência e tanto.
Extraindo o que dá
Estou jogando PO’ed em um Nintendo Switch Oled e visualmente ele está muito bonito dentro do que é possível fazer com um jogo clássico como esse. Ele é bem fluido e não senti grande diferença enquanto jogava no modo dock ou no modo portátil, com ambos os modo extraindo a melhor experiência possível que este jogo pode oferecer no aspecto visual.
Como o local conta com espaços abertos para serem explorados e claramente pensados para o uso do Jetpack, mesmo em alta velocidade o jogo se mantém com uma taxa de frame estável. Um trabalho notável realizado pela Nightdive, que vai além do visual e nos proporciona uma taxa de frame estável em 60fps e uma nitidez de vários elementos.
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Agora sendo um pouco mais direto em termos de comparação. Estamos habituado ao formato consolidado por DOOM e QUAKE clássico, então usar um Jetpack para explorar as fases e ainda conseguir ter uma visão em 3D do cenário do alto é bem divertido. Só peca por levarmos algum tempo para o pegar, mas assim que o adquire a experiência melhora consideravelmente, pois saltar entre as plataformas é um tanto frustrante – Infelizmente em o level design de algumas fases é de arrancar os cabelos. Mas Planar e atingir os inimigos do alto, ah, isso é muito prazeroso, com toda a certeza.
Uma dificuldade noventista
PO’ed também vai um pouco além da frigideira e cutelo, nos disponibilizando um lança míssil guiado, onde podemos alternar a visão para a do projetil e assim direcioná-lo ao alvo, no melhor estilo Nikita de Metal Gear Solid, um lança-chamas e uma broca mais a frente do jogo.
Visto que na dificuldade normal você terá um desafio relativamente alto (para aqueles não habituado ao gênero) com vários inimigos lançando projeteis ao mesmo tempo, muitos deles em posições que você sequer consegue vê-los, mas eles sim. O que auxilia é que o personagem pode equipar uma sandálias e isso vai deixá-lo rápido e até melhorar na questão de impulsionar e facilitar na hora de desviar de projeteis, mas também o tornando um pouco difícil de controlá-lo.
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Não tenho ideia de como eram os controles no original, mas aqui, os controles são bons e respondem de forma precisa, e aprender a controlar Ox correndo feito um doido varrido é apenas uma questão de tempo. Esses detalhes são pontos que contribuem para a melhoria do gameplay. Quanto a dificuldade, nessa edição definitiva conta com uma nova dificuldade caso você sinta que ele seja fácil o suficiente para você.
Inicialmente você estará andando de pé descalços como John McClane por cenários espaçosos e levando danos a torto e a direito e causando muita dor a criaturas em formato de bunda, mulheres que parecem frango assado e outras criaturas bizarras e flatulentas.
Conclusão
PO’ed: Definitive Edition talvez não seja um jogo que muitos lembrem ou mesmo cogitassem vê-lo ser remasterizado em algum momento, mas devido a sua história e até mesmo uma questão de enxergar o trabalho de todo um time envolvido em sua criação e que acreditava nesse produto, eu acredito que remasterizá-lo tenha sido um grande acerto.
Há muitos outros jogos que são parte da história da indústria e devido à lançamentos problemáticos ou contratos, obviamente, acabaram caindo no esquecimento. Por sorte a Nightdive segue fazendo esse trabalho magnifico na recuperação e preservação desses jogos.
PO’ed: Definitive Edition é uma experiência divertida caso você goste de explorar jogos antigos e apreciar um pouco da ambição dos estúdios da época. Sua dificuldade noventista tem grandes chances de cair no gosto daqueles retrogamers que gostam de se desafiar – Se não for o suficiente, essa edição ainda conta com uma dificuldade nova e ainda mais desafiadora. O humor empregado também é algo a se destacar vide a bizarrice que buscaram aplicar na forma de inimigos.
Talvez o estúdio Any Channel não tenha conseguido jogar totalmente as convenções criadas por DOOM ao vento, mas eles conseguiram fugir de algumas delas e criar algo novo e original.
O jogo está disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows, Xbox Series X e Series S.
Nota Final: 7.5/10
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Esta análise foi feita com uma chave digital de Nintendo Switch cedida gentilmente pela Nightdive.