Yakuza: Like a Dragon (Yakuza 7) | Análise

Yakuza: Like a Dragon (Yakuza 7) | Análise

07/10/2024 0 Por Tony Santos

A série Yakuza possui trocentos jogos, mas a série principal mesmo, possui 9 jogos até agora.

Do 0 ao 6, tu jogas com o protagonista que todos conhecem, o Senhor “Dame da ne”, Kazuma Kiryu.
Já no sétimo jogo, tivemos um novo protagonista chamado Kasuga Ichiban, e é a sua história que conhecemos nesse jogo que não introduz somente o personagem, mas também a série a um novo público.

Mudança de nome da série

A decisão da Sega de alterar o nome ocidental da série para Like a Dragon é um tanto duvidosa, visto que até hoje eles usam o nome “Yakuza” toda hora.

O sétimo jogo, lançado no oriente como Ryu Ga Gotoku 7, saiu aqui como Yakuza: Like a Dragon, que seria um meio-termo para amaciar essa transição entre os nomes.

Isso vem junto com o novo protagonista da série, fazendo assim com que o jogo seja uma porta de entrada para novos jogadores, que talvez se afastassem ao ver o número SETE gigante no título.

Reprodução: SEGA

História

Isto posto, temos aqui a aventura de Kasuga Ichiban, um yakuza baixa-renda que fica preso por 18 anos para salvar a pele de um subordinado de seu chefe, mas ao ser libertado, ninguém vai buscá-lo.

Pra piorar, ele descobre que seu chefe agora está a mando da Aliança Omi, que era rival do Clã Tojo, seus antigos superiores.

Muito puto da vida, Ichiban invade uma reunião de seu chefe, e descobre que ele está jantando com todos os membros do clã Omi. Sem reação, Ichiban pergunta o que está acontecendo e tudo que recebe é um tirambaço no peito.

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Ele acorda num lixão em Yokohama, longe pra dedéu de Tóquio, e é ajudado com Nanba, um mendigo amigável que é ex-enfermeiro, e usou suas habilidades para curar sua ferida quase mortal.

Daí temos a base para o plot, onde devemos descobrir porque seu chefe tentou te matar, além de resolver os problemas das máfias que disputam o poder em Yokohama.

Reprodução: SEGA

Gameplay em RPG

Estranho eu não ter falado sobre isso até agora, mas é sempre bom lembrar que Yakuza 7 é o primeiro jogo que é um JRPG em sua total plenitude. Ele não tem “só elementos de RPG”; esse jogo é simplesmente um Dragon Quest 3 com pessoas de verdade.

Inclusive, até o próprio Yuji Horii (criador de DQ) participou do teste do jogo, além da Square-Enix ter liberado a Sega de usar o nome do jogo nos diálogos de Yakuza 7.

Sua party pode ter até quatro membros de uma vez, e todos os personagens têm “jobs” (“Ocupação“, na tradução oficial em português). Esses jobs estão associados a profissões do mundo real, como guarda, secretária, dançarino, bartender e por aí. Somente Ichiban possui habilidades de Freelancer e Herói, que estão associadas a JRPGs normais mesmo.

E se você não tem afinidade com a língua inglesa e tem medo de se perder no jogo, não se preocupe. Like a Dragon foi o primeiro jogo da série Yakuza onde a Sega traduziu tudo para o português brasileiro.

A tradução está feita em cima da tradução em inglês que foi mais fiel ao texto em japonês, portanto nunca foi tão fácil entrar no universo da série.

Reprodução: SEGA

Combate

A luta é por turnos, o que pode desagradar pessoas que estão acostumadas a jogar só o que tem nas prateleiras das Lojas Americanas, mas para quem aprecia realmente videogames, é uma mudança bem divertida no combate que até então era somente de briga de rua comum.

Os inimigos também têm aparência engraçada, fruto da imaginação de Ichiban. Eles “se transformam” no início das lutas, mudando de pessoas normais para inimigos com armaduras e escudo, ou coisas mais esquisitas, tipo um tarado que ataca mostrando os bagos, etc.

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O grosso do combate é simples, assim como em Dragon Quest III. Você tem ataques normais, que são divididos em golpes físicos, tiro ou corte. As magias são divididas em Fogo, Água ou Elétrico. Todo inimigos e sua party tem vantagens e desvantagens em relação a esses tipos, mas isso influencia mesmo somente nas últimas duas dungeons ou no modo difícil do jogo.

Existem também “Summons”, que aqui se chamam “Disque-Ajuda” (nome sensacionam em português, aliás). Basicamente, Ichiban recruta alguém por telefone, que solta um ataque especial e vai embora depois.

Essas ajudas são conseguidas após fazer histórias paralelas ou ao avançar na história e fazem total diferença no final do jogo, quando seus pontos de magia já acabaram e você precisa de um gás para finalizar algum chefe.

Reprodução: SEGA

Aventura ainda como antigamente

Apesar de ser um JRPG, me surpreendeu o fato que Like a Dragon possui a mesma estrutura dos jogos antigos: temos algumas cidades a explorar à exaustão, side-quests com histórias divertidas — como uma em que você enfrenta um aspirador de pó gigante e até um leão — além dos pontos principais de roteiro onde a história se desenvolve.

De diferente mesmo temos algumas dungeons, que funcionam como os prédios dos jogos anteriores, com portas e andares a serem explorados, com a diferença que as lutas aqui são como JRPGs e por tanto, demoram mais.

Mini-games e relacionamentos

Os minigames da série como karaoke e baseball estão de volta, sem muitas mudanças. De novidade, temos o divertido Dragon Kart, que é um Mario Kart meio duro mas que diverte por algumas horas. Além disso, temos o modo de catar lixo de bicicleta, que por ter controles melhores que o kart, acaba se tornando um minigame bem mais divertido

Ichiban também tem um sistema de afinidade com seus amigos e com algumas mulheres do jogo, que funciona de forma muito parecida com os social links da série Persona.

O destaque fica no modo de gerenciamento de empresa. Aqui, Eri — uma das personagens da sua party — tem uma pequena loja de vender biscoitos, e você tem que ajudá-la a crescer, comprando novos empreendimentos na cidade, contratando mais gente e convencer investidores de que seu trabalho está sendo bem feito.

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Não se preocupe com a complexidade, pois o jogo é todo apresentado de maneira bem “gamificada“, de forma que lembra bastante os jogos de gerenciamento como Game Dev Story, da Kairosoft.

Todas essas interações com minigames, histórias paralelas e “social links”, agem intrinsicamente com seu crescimento no jogo, te dando itens ou melhorias como equipamentos e habilidades de luta, fazendo com o que o jogador pelo menos avance um pouco em cada um desses eventos paralelos para facilitar sua vida nas lutas.

Inclusive, o jogo tem uma dificuldade mediana, mas as últimas duas dungeons vão realmente exigir o melhor do jogador, caso ele queira pegar o troféu de platina.

Reprodução: SEGA

Conclusão

Yakuza: Like a Dragon, é um JRPG clássico com uma camada estética moderna, com personagens realistas e com a qualidade já bem estabelecida da série mais popular da SEGA hoje em dia.

A narrativa também surpreendeu positivamente, pois simplifica o roteiro em relação aos jogos 3,4 e 5, mas traz um frescor mais interessante que a história meio chata de Yakuza 6, provando que a decisão de trocar o protagonista foi bem acertada.

Contando com algumas surpresas, personagens interessantes e ótimo gameplay, principalmente para uma mudança total na série, Like Dragon é talvez um dos melhores JRPGs da geração PS4/PS5, junto de Dragon Quest XI e Final Fantasy VII Remake.

Nota: 9.0/10

Reprodução: SEGA

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Esta análise foi feita com uma cópia pessoal do jogo para PlayStation 5.
Yakuza: Like a Dragon está disponível para Xbox Series S|X, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC (Steam).