Ascending Inferno | Getting Over do Futebol
03/11/2024Você sabe o que é um jogo Foddiano? Não, não é um jogo que tem a ver com fodas, seu pederasta chupador de cabritos! O termo foddiano vem do game designer Bennett Foddy, criador do hilário QWOP, e que anos depois viria a fazer o popular Getting Over It with Bennett Foddy, jogo que deu origem ao sub gênero foddiano. Outros exemplos de hits do gênero são Jump King (Multiplataforma), Only Up! (PS4, a versão de PC não está mais disponível para compra, os jogos com Only Up no nome disponíveis no steam são scams feitos pra pegar pessoas desatentas) e A Difficult Game About Climbing.
E é claro que existem inúmeros jogos semelhantes do gênero, como qualquer jogo bem sucedido, qualquer fórmula, ela gera clones, alguns bem aceitos, outros, apenas um cash grab safado, muitos, perdidos em um mar de lançamentos diários, sejam gratuitos ou pagos.
Alguém do estúdio australiano Oppolyon Studios deve ter jogado muito Soccer Kid quando era pequeno, porque só assim para eles pegarem a fórmula foddiana (Não! Tire esta quinta série daqui, AGORA!) e raciocinarem: E SE MISTURASSEMOS ISSO COM SOCCER KID? Daí, surgiu Ascending Inferno, jogo recém lançado no Steam, e assunto da nossa análise de hoje… Será que passo raiva antes do fim do texto? Digo, do jogo?
Você MORREU! Seu Irmão TAMBÉM. Hora de Fugir do Inferno
O jogador está no papel de Dani, uma apaixonada por futebol que sofre pela recente perda de seu irmão Vincent, um promissor jogador de futebol. Como toda pessoa que perde alguém da família, Dani se sente culpada pela morte dele. Com o objetivo de relembrar seu irmão, Dani vai até um estádio em construção com uma bola de futebol, que nos introduz ao tutorial do jogo.
Após se acostumar com os controles do jogo, Dani descobre os perigos de se andar em um andaime durante uma noite tempestuosa, já que o andaime vai de Concord, desabando e levando Dani junto. Só que ao invés de se transformar em uma panqueca e ser uma com o pavimento abaixo, Dani vai parar… No INFERNO. É, eu sei, estava no título do jogo. Lá no Inferno, ela encontra a alma de seu irmão, que possui o conveniente formato de uma bola, e para se salvarem, os dois precisam ascender pelos andares do inferno que representam os Nove Círculos do Inferno, assim como na Divina Comédia de Dante Alighieri.
Durante a história, se acharmos salas secretas (não tão secretas), mais detalhes da memória de Dani são restauradas, eu esqueci de falar que quando caiu no Inferno, Dani perdeu a memória… Foi mal. Enfim, a narrativa é contada por um misto de cutscenes esparsas e trocas de diálogo durante a jogatina. Ainda que essas trocas de diálogo sejam divertidas, elas envelhecem com o tempo… Especialmente considerando que você vai cair… MUITO.
Você vai subir… E cair… E xingar… E pedir clemência. E repetir tudo de novo.
Os controles de Ascending Inferno são simples de entender, e extremamente funcional. Você tem que carregar a bola, que é a alma de Vincent, e a parte de correr é simples, ao se mover com a bola, você arrasta Vincent normalmente, e ao saltar, a bola segue você e faz um arco mais alto, que você pode cabecear para plataformas mais altas. Você tem dois tipos de chute, o fraco, com um toque simples, e o forte, onde se deixa pressionado o botão de chute para lançar a bola longe. E fora isso, você tem o pulo comum e o duplo. É complicado de explicar, mas o tutorial explica bem como funciona. Só que…
O design de fases, como Ascending Inferno é um jogo foddiano, perder seu progresso é uma constante, não por que a plataforma TE ATRAPALHOU, mas sim porque você precisa carregar Vince com você, e a bola é muito fácil calcular mal uma cabeçada, um chute, uma bola ricocheteada errada e tudo vai por água abaixo. Pelo menos o platforming em si é muito bem feito, não há o jank que permeia muitos jogos do tipo (Estou olhando para você, Only Up!) e o design em si é amigável, com atalhos a serem utilizados para a bola e não é difícil após colocar a bola passando ela por um atalho, dar a volta e chegar a esse ponto.
Obviamente, existem obstáculos que… Novamente, serão causa de muitos xingamentos a cada um dos quatro membros do estúdio australiano. Desde as próprias plataformas, a elementos dos círculos do inferno, como ventanias, explosões e dançarinas. Cada um deles pode ser evitado com atenção aos ciclos, ou usados como auxílio (no caso do vento).
Uma das coisas que me chamou a atenção, é que o pessoal do estúdio se preocupou em preparar o jogo para os speedrunners, com um in-game timer, e até mesmo um hall da fama com os tempos do pessoal que jogou as Demos do jogo no PAX de 2023 e no Steam Next Fest (Quando joguei, ainda não havia resultados relacionados a PAX de 2024, deve ser patcheado em breve). Outra coisa que deve ser adicionada ao jogo em breve, são recursos de acessibilidade. Agora que recursos serão esses, não sei.
Eu só encontro um defeito na parte audiovisual
Honestamente, se eu olhar a parte de gráficos e áudio de Ascending Inferno, só temos um defeito, mas isso nem é culpa do jogo em si e sim do fato de que o uso do penteado sidecut (da protagonista Dani) é associado a… Você sabe, aquele bando de insuportáveis que estão sempre espalhando que você é um lixo por ser um homem branco, ou não gosta de um certo filme ou jogo. E sim, é um “Defeito” com aspas porque nem conta contra o jogo em si, até porque Dani não é uma insuportável girlboss.
Enfim, dito isto, a parte gráfica do jogo é maravilhosa, com uma mistura de Voxels em 3D para as plataformas e construções, e pixel art maravilhosa para animações, sprites, cenários e alguns efeitos. Devem ter outras coisas em 3D que eu não notei porque estava xingando os devs pela enésima vez. Ah sim, gráficos. As cutscenes do jogo em 2D são bonitas pra caramba, e a variedade e criatividade utilizada nos nove círculos do inferno é palpável. O círculo da Luxúria por exemplo, é representado por uma boate, o círculo da Gula é representado por um restaurante Fast Food, e o da Violência, por uma cidade em Guerra. E o jogo não economiza em detalhes na parte gráfica, como a HUD lateral de progresso, que muda a cada círculo alcançado.
A trilha sonora, se você quer o meu maior elogio particular, eu posso dizer que pagaria um sanduíche de mortadela pro compositor. Sim, é esse tipo de trilha. Dan Poole fez um trabalho magnífico com composições únicas, representando bem cada círculo do Inferno, como por exemplo, “Abandon All Hope”, o tema do Limbo, dá uma sensação de arrepio assustador, “Slaves of Desire”, tema do Círculo da Luxuria parece ter saído de uma boate modernete, e inclui um tema vocal do último círculo, cantado por Amelia Jones (não, não a do Power Rangers Dino/Cosmic Fury), que dentre outros trabalhos, cantou em Hollow Knight, Star Wars: Visions e The Rising of the Shield Hero.
Quer passar raiva? Recomendamos.
Ascending Inferno é uma grata surpresa, especialmente se você curte esse tipo de desafio. A jogabilidade é boa, os gráficos são agradáveis e a trilha é matadora. Esse jogo devia ter mais reconhecimento.
Nota Final: 9/10
Ascending Inferno está disponível para PC, e essa análise foi feita com uma chave do Steam, fornecida pelo Oppolyon Studios.