Shadows of the Damned: Hella Remastered | Análise
13/11/2024Falar de Shadow of the Damned, especialmente na sua versão remasterizada para Xbox Series S|X, é uma experiência que me faz reviver um pouco dos jogos que recebíamos 2011, antes do mundo começar a dar errado, mas também me faz refletir sobre a natureza da remasterização em si. Como um fã de jogos que fogem um pouco da norma geral e apostam em um estilo único, eu sempre vi Shadow of the Damned como um dos títulos subestimados da sétima geração de consoles.
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Agora, com o nome “Hella Remastered“, me questiono: será que esta versão consegue redimir o título original em alguma escala ou temos aqui apenas o passado com um brilho de grafismo sem realmente captar a essência que o fez se destacar?
Bem, para responder a essa pergunta precisamos descer as profundezas do inferno, me acompanhe!
A remasterização
A primeira coisa que salta aos olhos em Shadow of the Damned: Hella Remastered são os seus gráficos. Se a versão original já era colorida e com um design estilizado que refletia o espírito irreverente do jogo, agora, com o poder do Xbox Series S|X (que é a versão que joguei), os gráficos estão mais vibrantes e nítidos. A paleta de cores é mais saturada, os modelos dos personagens parecem mais detalhados e as animações fluem com uma suavidade impressionante.
O protagonista Garcia Hotspur, que já era um “badass” em sua versão original, agora está mais polido, mas com o mesmo charme descarado que o caracteriza. Acredite, a energia do personagem continua a mesma, e isso é algo a se comemorar. E temos também a própria Paula, que já era uma personagem grotescamente sedutora, agora ganha uma aura ainda mais inquietante. Não é só uma atualização gráfica: é uma atualização do impacto visual, e isso é um ponto positivo.
Eu, que sou fã de jogos de terror (apesar de ser medroso para caramba) e ação diferenciado, posso afirmar que não me canso de admirar o trabalho feito com as animações e os efeitos visuais, mas se você é daqueles que se importa um bocado com a questão gráfica, talvez o jogo não te surpreenda tanto. A jogabilidade é onde as coisas começam a ficar interessantes.
Jogabilidade
O combate de Shadow of the Damned nunca foi a coisa mais refinada da face da Terra. O jogo sempre teve um foco muito grande no estilo e na “pegada” mais ágil do que na precisão técnica. Aqui, em Hella Remastered, essa filosofia se mantém, mas com uma atualização que não altera a essência, mas sim oferece mais fluidez e, claro, mais opções de combate.
Garcia agora tem mais armas, mais poder e mais variedade de inimigos. As mecânicas de “combinação” de armas, por exemplo, continuam a ser uma das grandes sacadas, e mesmo que algumas delas não sejam tão profundas, elas encaixam bem no ritmo frenético do jogo.
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Em termos de dificuldade, Shadow of the Damned: Hella Remastered mantém o desafio interessante. Não é o tipo de jogo em que você vai “passar de boa” só porque a remasterização trouxe gráficos mais bonitos. A inteligência artificial dos inimigos não é das melhores, mas a dificuldade vem da pressão: sua munição é escassa, os inimigos não param de vir, e os puzzles (que, por mais simples que sejam, continuam divertidos) vão testando sua paciência. E, sim, você vai morrer – e vai morrer bastante. E esse é um dos pontos que Shadow of the Damned consegue manter bem. Não é um Resident Evil da vida, mas tem o seu charme.
O humor negro
Em Hella Remastered, o humor continua sendo um dos pilares que sustenta o título. A história, repleta de piadas, trocadilhos e aquele clima de filme B de terror, é algo que não se perdeu na transição para a nova geração.
Garcia Hotspur continua sendo um anti-herói que para não levarmos a sério, o que é uma benção e uma maldição ao mesmo tempo. A maldição, porque, depois de algumas horas de jogo, o humor um tanto repetitivo pode cansar, mas a benção porque, sem ele, o jogo não teria a personalidade que tem.
E a forma como o jogo mistura momentos de ação com diálogos hilários é algo que eu gostei bastante. A interação entre Garcia e Johnson ao longo da jornada, e a maneira como Garcia se porta diante das situações é uma das características que faz o jogo tão singular. O humor irreverente é, sem dúvida, um dos maiores méritos da obra original, e ele continua presente aqui com força.
O que Shadow of the Damned: Hella Remastered consegue, acima de tudo, é manter sua essência intacta, mesmo com os gráficos turbinados. Não se trata apenas de uma atualização visual, mas sim de uma experiência revisitada que, embora não inove em muitos aspectos, consegue entreter. A jogabilidade permanece simples, mas eficaz; o humor não cansa – até que cansa, mas é impossível não se divertir ao longo do caminho. O que temos, no fim, é um jogo que continua se divertindo ao brincar com suas próprias limitações.
Um Jogo Que Não Deveria Ser Esquecido
Shadow of the Damned: Hella Remastered é, no fundo, uma versão melhorada de um título que nunca deveria ter sido esquecido. Para aqueles que já jogaram o original, é um presente visual e uma desculpa para revisitar uma aventura única, cheia de personalidade e humor ácido.
Para os novatos, é uma chance de ver como os jogos de ação e terror poderiam ser ousados e irreverentes antes que se tornassem mais “sérios” e “limpinhos”. Não é um jogo que vai redefinir a indústria, mas é, sem dúvida, uma experiência que vale a pena viver. Afinal, por mais que o humor bizarro e a jogabilidade simples possam não agradar a todos, Shadow of the Damned sabe exatamente quem é e não tem vergonha disso.
Então, se você está em busca de um jogo com gráficos interessantes, ação insana e uma história cheia de piadas de gosto duvidoso, Hella Remastered vai fazer jus ao legado da versão original. Ao contrário de muitos remasters por aí, esse não tenta se reinventar – ele apenas é. E, para muitos, isso já é o suficiente.