Songs of Silence | Na verdade, as músicas não são silenciosas

Songs of Silence | Na verdade, as músicas não são silenciosas

01/12/2024 0 Por Geovane Sancini

Quando se olha o portifólio de uma desenvolvedora, você meio que cria expectativas para os jogos dela, tipo, você fala da ATLUS, você espera RPG’s ultra coloridos e cheios de estilo, você pensa na Codemasters, você pensa em simcades que eventualmente serão fodidos pela Electronic Arts, então quando essas publishers colocam no mercado algo diferente, vai causar aquele estranhamento. Tipo, como aconteceu quando a Codies publicou Rise of Argonauts, um hack’n slash baseado na mitologia grega, ou a ATLUS publicou um RPG baseado em Game of Thrones. Claro, esses jogos não foram desenvolvidos internamente por essas empresas, mas são jogos que são fora do escopo que as determinadas empresas são conhecidas.

Vou ser completamente honesto com vocês, e confessar que até pouco tempo atrás, eu sequer sabia do termo 4X pra jogos, eu até conhecia alguns dos jogos do gênero, como as séries Civilization e Age of Wonders, mas nunca sob o termo “4X”, pra mim, e ao menos em textos ao longo dos anos, o gênero sempre foi chamado de Estratégia baseada em Turnos. Só recentemente vejo sendo usado mais e mais o termo 4X pra se definir esse gênero de jogo.

O 4x é uma abreviação de Explorar, Expandir, Exploitar, Exterminar que basicamente envolve criar um império e desenvolver todos os frontes dele, como economia e desenvolvimento tecnológico, com meios militares e não militares para a vitória. Ele é o tipo de jogo que você sempre diz… MAIS UM TURNO, até que quando percebe, o sol está nascendo… Bom, pelo menos é o que o pessoal que joga CIV sempre me disse. Mas o que isso tem a ver com o jogo de hoje, você me pergunta? Simples, meu caro gafanhoto, agora vou entrar numa segway que envolve os dois assuntos que retratei na entrada do texto.

Se você olhar o portifólio da Chimera Games, você vai ficar espantado porque durante a maior parte dos 18 anos de existência do estúdio alemão foi dedicada a jogos para o mercado mobile e jogos para web browser, incluindo dois RPG’s de Angry Birds e um jogo da série XCom (Embora a Chimera tenha apenas auxiliado a Iridium Starfish, o jogo está no portifólio da Chimera). Então, meio que surpreendeu, quando em março desse ano, a Chimera Entretainment lançou o Kickstarter de Songs of Silence, um jogo de estratégia que tem sido trabalhado há três anos por eles. Com 103 mil euros conseguidos pelo financiamento (numa meta de 23 mil), o jogo chegava ao acesso antecipado menos de três meses depois do início da campanha, e em novembro, o jogo chegou a sua versão 1.0, que além do lançamento de PC, chegou aos consoles. E como parte do Grind de final de ano do Sancini (TM), confira nossa análise.

Art Nouveau e Trilha Fantabulosa

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção em Songs of Silence é o estilo artístico, já que a arte dos personagens e monstros usa o estilo chamado Art Nouveau… Agora, precisamos de uma tangente explicando mais ou menos o que é o estilo Art Nouveau. É um estilo surgido no século 19 como uma reação ao Academicismo/Arte Acadêmica do século 19 e é inspirado em formas e estruturas naturais, não somente de flores e plantas, mas também de linhas curvas… Enfim, explicações técnicas que derretem meu cérebro a parte, Songs of Silence é um espetáculo visual, com belíssimos cenários e personagens chamativos.

A trilha de Songs of Silence foi composta por ninguém menos que Hitoshi Sakimoto, que compôs para alguns jogos pouco conhecidos, como Final Fantasy Tactics, Odin Sphere, Vagrant Story e Valkyria Chronicles… Então tipo, só jogos sem relevância. Piadas a parte, a trilha composta por Sakimoto mantém o nível, com ótimas composições. Infelizmente a trilha não está disponível em sites como o Bandcamp ou Spotify, ou mesmo o Youtube, e pode ser adquirida apenas no Steam ou GOG. A trilha passa bem o clima de guerra do jogo.

Autobattler? 4X? Estratégia?

O jogo possui três facções para se escolher, cada uma com um estilo de jogo único, oferecendo fator replay a suas partidas. O modo campanha possui oito mapas, que num grosso, resume a mais ou menos vinte horas de conteúdo. E o modo Skirmish (Eu poderia ter mudado pra português, mas o babaca aqui é babaca e esqueceu de alterar o idioma. E sim, Songs of Silence está disponível em português brasileiro) gera mapas aleatórios, criando assim um fator replay quase infinito. nesse modo, completar quests irá desbloquear novas classes e subclasses para a sua facção. Digamos que você completou o mapa com uma determinada facção, que irá tornar disponível a classe do Paladino, que possui três subclasses, cada uma delas oferecendo estilos de jogo diferentes. E cada facção possui múltiplas classes, adicionando profundidade e incentivando o jogador a experimentar mais.

Ao olhar as imagens e ver cartas, você já deve ter rolado os olhos pensando em ter que montar baralhos e tal, mas sossega o piru que essas cartas são o equivalente a habilidades, e não, não tem sistema de baralhos aqui. As batalhas do jogo são no estilo autobattler, com os seus minions saindo na porrada. E é aí que as suas cartas podem fazer a diferença, seja para a sua cavalaria avançar para as costas do inimigo, ou recuar, fugindo de unidades perigosas.

O jogo possui mais de 120 unidades diferentes, com cada facção tendo cerca de 20 unidades diferentes, e o resto sendo unidades que podem ser recrutadas nos entrepostos. Mas algumas dessas unidades só podem ser recrutadas por classes específicas. Em termos de desafio, quando você aprende como funciona o jogo, em geral ele é justo (ao contrário de Lost Eidolon: Veil of the Witch, que analisamos recentemente, que é BRUTAL), mas algumas batalhas contra chefes podem ser desafiantes nas dificuldades mais altas.

A movimentação pelo mapa é similar a do clássico Heroes of Might and Magic, porém o jogo acrescenta uma mecânica de emboscada. Se você usar mais da metade dos pontos de movimento, suas tropas ficarão vulneráveis a emboscadas. Porém, não se preocupe, pois algumas classes podem consruir acampamentos ou habilidades de patrulha e reconhecimento para prevenir essas emboscadas… E a mecânica de emboscadas pode ser usada a seu favor, com o jogador podendo se esconder nas florestas e se tornar invisível, assim, podendo EMBOSCAR os inimigos.

História básica e funcional

O modo história principal do jogo é funcional em termos de premissa. Duas raças diferentes lutam pelo controle do mundo, uma da luz e uma das trevas. Você é Starborn, e sob o comando da Rainha Lorelai, você deve lutar contra as forças das trevas que assolam o mundo. Sim, nada original, mas funcional. Ainda que não seja nada que lhe faça pensar por horas ou escrever versões alternativas na sua cabeça, se as coisas fossem diferente, Songs of Silence em termos de história, é aceitável e os personagens fazem a jornada valer a pena na minha opinião de merda.

Pode ser uma boa porta de entrada para o gênero

Uma coisa que muitos jogos de variados gêneros tentam é: Como trazer um novo público para esse gênero? Songs of Silence é uma boa porta de entrada para o gênero 4x, já que ele não exige as centenas de horas de um Civilization. E uma das coisas mais notáveis no PC, é que ao invés de ganhar um aumento de preço quando saiu do acesso antecipado, ele DIMINUIU DE PREÇO, com ele estando disponível por R$ 57,99 no PC, R$ 112,45 no Xbox Series e R$ 159,90 no Playstation 5.

Nota: 8,5/10

Songs of Silence está disponível para PC, Playstation 5 e Xbox Series X|S, e essa análise foi feita com uma chave cedida pela Chimera Entretainment.