Neon Blood | Cyberpunk pixelado
03/12/2024Hm… Vamos continuar? Sim, o Grind eterno de fim de ano do Sancini retorna! Com mais jogos do que vontade de viver, fazer textos é o que me impede de ficar insano. Ou algo do tipo. Bicho, pegar trem ou metrô no Rio de Janeiro é uma parada extremamente cansativa do ponto de vista financeiro.
Uma única passagem de metrô custa 7,50, então, só nas últimas três vezes que fui levar minha mãe no hospital e acompanhamento de cirurgia, gastei quase 40 reais em passagens (seriam 45 reais, mas minha irmã pagou o Uber da volta da cirurgia). E quem precisa mais desse meio de transporte? As classes mais baixas da população, que usam pra ir e vir do trabalho, mas o preço é de elite, com uma malha metroviária ridícula cobrindo uma pequena parte da Zona Norte, Centro da Cidade e Zona Sul. Sim, tem integração com a malha ferroviária do município em algumas estações, mas isso requer um custo adicional.
E a propósito, as máquinas de recarga do metrô não oferecem troco, então se você quiser colocar tudo certinho, tá fodido. Enfim, minha reclamação acabou, agora vamos falar sobre o jogo de hoje.
O Chaotic Brain é um estúdio independente madrileno formado por três fãs do gênero Cyberpunk, e decidiram colocar seu amor pelo gênero em seu título de estreia, Neon Blood, que graças a Meridiem, está disponível em todas as plataformas do mercado, com versões físicas para PS5 e Nintendo Switch.
Será que o jogo vale a pena o preço cobrado, ou tropeça feito a versão 1.0 de Cyberpunk? Confira conosco.
Uma história Cyberpunk
Ano 2053, o mundo como o conhecemos chegou ao fim numa guerra perdida no tempo. Agora, resta apenas a desigualdade, na forma de Viridis, a grande cidade que engloba a perigosa Blind City e a luxuosa Bright City.
Axel McCoin, outrora detetive da polícia, tornar-se-á a peça-chave para desmascarar toda uma trama de corrupção e poder que assola a paz instável de Viridis.
Se você já assistiu Blade Runner, jogou Cyberpunk 2077 ou Shadowrun, sabe muito bem o que esperar do roteiro de Neon Blood, uma trama onde o Underdog fodido tenta derrubar uma megacorporação corrupta. Axel é um fodido em todos os sentidos, ele perdeu a memória, seus implantes no começo do jogo estão fritos, é viciado em drogas (como muitos habitantes de Blind City).
Uma pena que aparentemente a trama que o ChaoticBrain Studios queria contar não era longa, e algo nisso acabou atrapalhando um pouco.
Um jogo curto que poderia ser ainda mais curto
Aqui é onde Neon Blood tropeça e desperdiça uma ótima chance. O jogo possui foco na narrativa linear, que basicamente vai do ponto A ao B ao C. E começam os problemas. A movimentação padrão de Axel é lenta demais, tem um botão de sprint, o que é praticamente obrigação, ou o jogo irá durar mais por motivos errados. Outra coisa que deixa a desejar, é que TUDO no jogo são basicamente fetch quests. Pra fazer A, você precisa ir a B e a C, alongando o jogo mais do que o necessário.
E pra adicionar a lista de coisas desnecessárias que aumentam o clima de fetch quest, o jogo tem um sistema de scan, que na teoria seria usado em investigações, na prática, só serve pra alongar a jogatina desnecessariamente. Como um positivo, nisso, pelo menos a cidade é bem habitada e dá pra conhecer seus habitantes, mas nada muito espetacular… Só pra dar um pouquinho mais de lore e tornar Viridis mais crível.
O jogo possui um combate por turnos… Que funciona muito basicamente, com ataque, defesa, itens e habilidades adquiridas posteriormente, mas não se anime. O primeiro combate acontece com mais de meia hora de jogo e… Eu já vi jogos no RPG Maker com combates mais profundos, o que é uma pena.
Por fim, o jogo tem cerca de três horas e meia de duração, e esse tempo poderia ser menor se não fosse as fetch quests que a narrativa joga no seu caminho.
Aqui é onde o jogo brilha
A parte gráfica e sonora do jogo é o destaque de Neon Blood. Os personagens são bidimensionais em pixel art, expressivos, apesar de não ser do meu agrado, mas eles casam bem com os belíssimos cenários tridimensionais. O jogo é bonito de se ver. E o mesmo possui algumas cutscenes em animação tradicional, que são MARAVILHOSAS. Como eu queria que a jogabilidade mantivesse o nível dos gráficos.
A trilha sonora é excelente, com ótimas composições, novamente, se a jogabilidade tivesse esse nível, o jogo seria muitíssimo melhor. Recomendo dar uma ouvida… Ainda que não seja possível ouvi-la em serviços externos, ou mesmo comprá-la no Steam. Uma pena.
Numa promoção, quem sabe
É uma pena que Neon Blood seja curto e sua jogabilidade seja básica de um jeito não bom, além de se esticar mais do que devia. Porque o roteiro funcional e os belíssimos gráficos e trilha sonora quase fazem com que eu recomende o jogo de cara. Do jeito que é, quem sabe numa promoção. É um jogo decente, mas podia ter sido bem mais que isso.
Nota final: 7/10
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Neon Blood está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. Esta análise foi feita com uma chave de PS4 fornecida pela Meridiem Games.