Stars in the Trash | Não, o jogo não vai pro lixo

Stars in the Trash | Não, o jogo não vai pro lixo

02/01/2025 0 Por Geovane Sancini

Ah, ano novo. Hora de promessas e coisas que certamente nunca fatremos, mas juramos que mudaremos. Aquela dieta, parar de beber, não arrumar tretas, evitar comprar muitos jogos. Ano novo é cheio de resoluções. Mas no meu caso, hora de remover o backlog gigante.

Nesses últimos dias de 2024, deixei as jogatinas de lado para assistir animes, pois é, quem diria, Sancini vendo animes. O que me deixou com coisas acumuladas e os jogos que recebi no fim de 2024, mas não fiz análise. Hora de começar.

Enfim, o que animes tem a ver com o jogo da análise de hoje? Não muita coisa, mas o jogo tem muita inspiração em animações clássicas. Criado pelo estúdio espanhol Valhalla Cats, Stars in the Trash promete misturar platforming com a pegada de animações clássicas. Será que ele consegue?

Aventuras gatásticas

Cansado de se sentir aprisionado em casa, Moka, um gato mimado, decide fugir e buscar aventuras. Sua jornada toma um rumo inesperado quando a carrocinha ameaça as ruas. Moka precisa aprender a a sobreviver, e a apreciar o que ele deixou para trás, antes que ele possa perder seu melhor amigo e tudo o que tinha.

A simplicidade do roteiro que conta uma história sem uma fala sequer, não impede a história de ter seus momentos mais pesados. O jogo sabe bem onde colocar momentos cálidos e momentos de tensão. Isso é ótimo porque muitas vezes não é sobre a complexidade do roteiro, mas como você conta uma história.


Uma jornada curta e episódica

A introdução de Stars in the Trash é quase como alguns episódios de cartoons descompromissados do passado, você vai lidar com os controles simples dentro de casa, desempenhando tarefas e vivendo “aventuras” que parecem épicas, mas só acontecem na cabeça do gatinho protagonista. Uma batalha contra o terrível mestre aspirador de pó gigante numa masmorra horripilante, não passa do gato brincando com o aspirador de pó no porão de casa. E sempre que o gatinho vai sair de casa, o cachorro vem e o pega, sinalizando o final do “episódio”

Só que conforme o jogo vai avançando, as aventuras ficam reais e as coisas sérias. Mas com os controles simples e efetivos, e sabendo o que fazer, esta é uma aventura relativamente curta. Inclusive essa é a proposta de Stars in the Trash, uma aventura curta e lúdica, como um desenho animado, onde o protagonista vai ajudando os outros pelo caminho, e que é possível terminar em duas horas. Apesar de que eu vi playthroughs de menos de uma hora.

Ainda que nenhum dos aspectos da jogatina de Stars in the Trash seja particularmente complexo, o que ele faz, executa MUITO bem. E isso é bem importante para um jogo de plataforma. O jogo possui elementos interativos fora da aventura principal, gatices como brincar com bolinhas e derrubar vasos. Isso é um incentivo a exploração e as conquistas do Steam… E automaticamente torna esse jogo um simulador de gatices melhor do que Stray que não passa de um walking simulator com um gato, mas divago.

Aqui é onde o jogo brilha

Stars in the Trash é um jogo BELÍSSIMO. Uma das comparações óbvias seria com Cuphead, mas enquanto o Run and Gun obviamente é um tributo as animações dos anos 30, Stars in the Trash tem sua inspiração nos anos 90 em seu estilo. Cenários maravilhosos e animação soberba, deixam qualquer um de queixo caído. Tudo foi feito com um esmero que justifica até mesmo o preço, apesar da curta duração.

A trilha e efeitos do jogo funcionam harmoniosamente em conjunto, com músicas que remetem (não copiam, mas fazem lembrar) as animações da renascença da Disney dos anos 90. E quando o jogo não coloca as músicas, os efeitos sonoros aclimatizam o jogador perfeitamente. A princípio eu criticaria o fato do jogo não ter textos em português, maaaas… O jogo mal tem texto, apenas menus, então não posso criticar tanto o jogo por isso.

Uma belíssima surpresa de fim de ano

Stars in the Trash é um jogo que me surpreendeu positivamente, tal qual um outro jogo com inspiração em animação que analisei há bastante tempo, o Rainbow Billy. O trabalho em capturar o espírito das animações em um jogo com jogabilidade simples, mas funcional torna o título uma boa aquisição para quem curte platformers com um tom narrativo e boas animações. Recomendadíssimo. Só não leva nota 9 pela curta duração.

Nota: 8,5/10

Stars in the Trash está disponível para PC e essa análise foi feita com uma chave fornecida pela Valhalla Cats, que reverterá parte das vendas para o auxílio de abrigos de animais.