Schoolteacher Simulator | Olha pra mim, eu sou o Onizuka agora!
30/01/2025 0 Por Geovane SanciniO dia primeiro de abril de 2014 é uma data maldita para mim. O motivo, foi a data em que Goat Simulator foi lançado no Steam, e abriu as portas para simuladores meme serem lançados no mercado. Jogos que pegaram na carona do ha-ha, engraçadão e tals. Daí tivemos jogos como Rock Simulator, Bear Simulator e Bee Simulator, só pra citar os que lembro de cabeça.
Simuladores não são necessariamente uma novidade no mercado, digo, se você tem conhecimento de jogos para computadores britânicos, no fim dos anos 80, a Codemasters era a Rainha dos Simuladores. Faziam um jogo qualquer e colocavam “Simulator” na capa e lançavam. Duvida? Então vamos lá, BMX Simulator, Grand Prix Simulator, Professional Ski Simulator, ATV Simulator, Jet Bike Simulator, Fruit Machine Simulator, Pro BMX Simulator, International Rugby Simulator, Advanced Pinball Simulator, Championship Jet Ski Simulator, 4 Soccer Simulators, BMX Simulator II, Turbo Chopper Simulator, Grand Prix Simulator II e Pro Boxing Simulator, todos lançados entre 1986 e 1990.
Fora isso, jogos simulando coisas mundanas sempre existiram, antes mesmo da enxurrada de jogos meme iniciada por Goat Simulator. E o jogo de hoje, certamente é mais um deles. Você já pensou em ser um professor? Certamente não, sabendo que a categoria é mais desrespeitada que político brasileiro. Mas bem, um jogo pode transformar uma profissão banal em algo divertido, certo? Ao menos, essa é a proposta de Schoolteacher Simulator, lançado pelo desenvolvedor Eathrabaria no começo desse mês no Steam.
O Onizuka de Quintino
O professor John acordou cedo em uma manhã chuvosa, preparando-se para mais um dia de trabalho na escola. Enquanto ele tomava seu café, sua mente corria com ideias de como tornar as aulas mais interessantes para seus alunos. Mas não apenas John deve dar aulas, como julgar concursos, resolver problemas e andar de um lado para o outro da escola sem saber onde ficam os lugares.
Basicamente, é mais um daqueles jogos em que você só tem uma premissa básica e eu mais uma vez tenho que tirar um roteiro do rabo. Mas enfim, Schoolteacher Simulator é um jogo relativamente curto, que coloca você na pele de Eikichi Onizuka, se você tivesse jogado o Onizuka no Chat GPT, e jogasse o resultado disso no Chat GPT e repetido o processo dezenove vezes. Porque olha, o resultado é irreconhecível. E você vai conhecer os alunos e outros professores e diretores, mas todos eles não passam de personagens unidimensionais, cones, com a exceção de Jeremy, o aluno que só se fode. Afinal, ele é pego com um baseado no banheiro, tenta se matar pulando do topo da escola (e cai em um convenientemente posicionado colchão), explode o experimento químico da aula, fica enjoado em uma viagem de ônibus e canta um rap horrendo. Aparentemente, algum Jeremy fez bullying com o criador do jogo.
Seje um professor e se perca na escola
Uma das melhores coisas sobre o jogo, é que ele tem uma natureza de semi-mundo aberto na escola. Você pode explorar uma típica escola americana, exceto pela falta de tiroteios. E apesar da recriação ser um tanto estereotipada, lembra bem escolas dos filmes, pena que a exploração é confusa porque você não sabe onde as coisas ficam, então você pode demorar mais do que o necessário para encontrar os objetivos.
Apesar dessa natureza semi-aberta da escola, o jogo é linear. Tudo lhe é explicado, você dá aulas, detém um Bully, pega um aluno fumando no banheiro, dentre outras atividades. Num geral, dá pra classificar o jogo como um walking simulator de luxo… Bem, olhando as screenshots, luxo é subjetivo. Mas não há nada muito complicado na jogabilidade, WASD pra mover, e mouse, você pode correr e pular, nada fora do comum. Como um jogo, Schoolteacher simulator não tem nada demais, mas a bizarrice gráfica e as situações são o que dão a graça do jogo.
No geral, é um jogo curto, você é professor por uma semana, e infelizmente, em alguns pontos, o jogo simplesmente não dá informações completas (na hora de corrigir provas) ou corretas, além de quando certas tarefas são terminadas, vamos para a próxima em outro ponto, sem uma transição (um fade-out + fade-in resolveria esse ponto). O que segura o jogo é o humor, seja ele voluntário ou involuntário. Tem um momento onde o jogo parodia jogos de terror, num pesadelo do professor.
Definitivamente são gráficos já feitos
Os cenários do jogo são mais ou menos a melhor parte do jogo, já que a escola é decentemente feita, agora os personagens… Bem, eles são a maior fonte de humor involuntário, já que são algo peculiar, com alunos que aparentemente repetiram o ano 37 vezes, com nenhuma razão para as diferenças entre eles. Sem contar que são FEIOS PRA CARALHO. Jesus Cristo de cascainha, como são feios esses estudantes, parece que estou numa praia de Maricá durante o Carnaval.
Boa parte dos personagens do jogo tiveram suas falas geradas por Inteligência Artificial, com um patch lançado dia 11 de Janeiro adicionando falas gravadas por pessoas reais. O professor inclusive lembra um dos professores de Bully. Eu honestamente não lembro das músicas do jogo… Talvez eu tenha ficado louco.
Pelos memes
Se você tem apreciação por jogos bizarros e ruins, talvez considere Schoolteacher Simulator, custa R$ 16,99 no Steam. A todos os outros, use seu dinheiro em jogos melhores. A nota e recomendação desse jogo é apenas pelo fator bizarrice.
Nota Final: 7/10
Schoolteacher Simulator está disponível para PC e essa análise foi feita com uma chave fornecida pelo desenvolvedor.
Sobre o Autor
Geovane, mais conhecido como Sancini (ou Kyo, se você for velho o suficiente pra lembrar do nick antigo dele) é um escritor e speedrunner que joga videogames desde que se entende por gente.