
Monster Hunter Wilds | E lá se vão mais umas 3000 horas da minha vida
20/03/2025Minha jornada com Monster Hunter começou lá no PSP, com o Monster Hunter Freedom Unite. Foi amor à primeira jogada! Não conseguia parar de jogar (só parava mesmo quando a mão começava a doer por conta do jeito que tínhamos que jogar no PSP). Depois daquilo, fui atrás dos jogos anteriores e, obviamente, de todo jogo que lançou depois e que estava disponível para nós, ocidentais.
Foram milhares de horas jogando e me divertindo. Então, quando Monster Hunter World foi finalmente lançado, não perdi tempo! Ele foi o jogo que transformou a franquia inteira, basicamente. Tirou a série dos portáteis, que, apesar de termos tido alguns títulos para consoles de mesa, a grande maioria acabou saindo para portáteis na época — o que, querendo ou não, complicava bastante a jogabilidade.
World transformou um jogo de nicho em um dos maiores sucessos da história e colocou a franquia no topo do topo das vendas da Capcom.

Créditos: Capcom
Monster Hunter Wilds
Monster Hunter Wilds dá início à 6ª geração da franquia Monster Hunter. O jogo teve, basicamente, suas mecânicas atualizadas, além da adição de algumas novas funcionalidades.
Começamos com a mais interessante: o Seikret, uma montaria que não só facilita a locomoção pelos mapas, agora mais verticais, mas também permite armazenar uma segunda arma em um slot especial. Isso possibilita alternar entre as armas a qualquer momento no meio da batalha. Além disso, o Seikret pode “resgatar” o jogador quando este estiver caído no chão (desde que não esteja sob os efeitos de paralisia ou sono), permitindo recuperar a vida ou afiar a arma.
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O jogo também conta com uma nova mecânica de clima dinâmico, que pode alternar durante uma luta, por exemplo, mudando completamente e instantaneamente o terreno — algo incrível de se ver em tempo real! Além dos ciclos de dia e noite, há três tipos de clima distintos, que não detalharei para evitar spoilers, já que todos são explicados ao longo da história.
Desenvolvido com a RE Engine — a mesma utilizada em Monster Hunter Rise, Devil May Cry 5, Street Fighter 6, Dragon’s Dogma 2 e originalmente criada para Resident Evil 7 —, Wilds apresenta alterações climáticas dinâmicas e um mundo aberto mais imersivo. No entanto, essa inovação tem um custo, que irei explicar mais adiante.

Créditos: Capcom
História
Monster Hunter Wilds é o primeiro jogo da franquia a contar sua história de forma quase cinematográfica, com várias cutscenes perfeitamente editadas e uma dublagem muito bem-feita (incluindo a versão em português do Brasil). O enredo é completamente focado na narrativa até o final do Low Rank, apresentando personagens muito interessantes, como Alma, Gemma, Olivia e Fabius.
Nesta história, nosso caçador é totalmente dublado, o que cria a sensação de que ele é realmente um ser vivo daquele ecossistema e não apenas uma “casca” que utilizamos para nos locomover pelo mundo. Essa adição dá mais personalidade ao personagem, ajudando na imersão e na conexão dos jogadores com seu caçador.
Vale destacar que, além do caçador, nossos Palicos também receberam dublagem — uma adição divertida e muito útil. Eles agora possuem vozes incrivelmente fofas, interagem com o caçador e outros personagens ao redor, expressam suas próprias opiniões e têm personalidades distintas. Isso faz com que nos apeguemos ainda mais a esses fiéis companheiros peludos.
Durante as batalhas, os Palicos fornecem informações importantes. Por exemplo, ao colocar uma armadilha, eles avisam verbalmente em vez de apenas exibir uma notificação na tela. Eles também alertam quando estão levando cura para o jogador, permitindo que o foco permaneça na luta. Com isso, os Palicos se tornam mais do que nunca parceiros reais de caçada.

Créditos: Capcom
Jogabilidade
A jogabilidade de Monster Hunter evolui a cada novo título, e em Wilds não seria diferente. Além da adição do Seikret, que comentei antes, temos novas mecânicas que tanto melhoram a qualidade de vida dos caçadores quanto tornam o jogo um pouco mais acessível.
Começando pela Slinger, que retorna de Monster Hunter World, mas com algumas mudanças. Em World, usávamos a Slinger para pegar Pods e arremessá-los nos monstros, como Flash Pod e Dung Pod. No Iceborne, também servia para montar nos monstros e jogá-los contra paredes ou outros inimigos. Em Wilds, seu funcionamento é um pouco diferente, mas ainda muito útil: agora podemos usá-la enquanto estamos montados no Seikret para pegar itens à distância. Também podemos, obviamente, utilizá-la para atirar itens nos monstros, incluindo novos Pods adicionados ao jogo. No entanto, a mecânica de usar a Slinger para montar nos monstros foi removida (Capcom, traz isso de volta, por favor!).
O jogo mantém as 14 armas clássicas da franquia, mas todas passaram por um rework, recebendo novos ataques e mecânicas de jogabilidade. Não dá para listar todas as mudanças aqui, então recomendo que, assim que possível, vá até a área de treinamento e teste todas as armas. Muitas novidades interessantes foram adicionadas!
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Outra novidade na jogabilidade é o sistema de feridas. Antes, ao focarmos os ataques em uma parte específica do monstro, conseguíamos quebrá-la, certo? Em Wilds, isso continua, mas agora também podemos abrir feridas nos monstros. Essas feridas aumentam o dano recebido naquela área e podem ser usadas para uma nova mecânica de ataque: ao entrar no modo foco, o caçador pode identificar a ferida e realizar um golpe especial, que desencadeia uma sequência de ataques poderosos e, no final, destrói a ferida, causando MUITO dano.
Outra grande mudança é a ausência de uma vila. Algo que sempre foi tradicional na franquia, mas que agora foi substituído por acampamentos, já que o jogo adotou um estilo mais mundo aberto. Os acampamentos fazem parte do próprio mapa e podem ser acessados a qualquer momento.
E falando em mudanças impactantes… Adeus, Palicos cozinheiros. Aquela cena clássica deles preparando comida ao som de uma musiquinha não existe mais. Em Wilds, a mecânica de alimentação foi reformulada: agora, o próprio caçador pode preparar sua comida, seja na barraca ou até mesmo durante uma missão. As refeições têm tempo de duração, ou seja, não valem apenas para a próxima caçada. Você pode optar por uma refeição rápida, que concede o bônus máximo de vida e estamina por 30 minutos, ou pode personalizar sua refeição, adicionando ingredientes que aumentam a duração e concedem efeitos extras. Mas fica o aviso: a comida sempre vai acabar quando você menos esperar, e você vai precisar se esconder do monstro para fazer uma boquinha no meio da luta (acredita, isso vai acontecer MUITAS vezes).

Créditos: Capcom
Monstros
A parte mais importante de Monster Hunter — e, de fato, a que mais me decepcionou neste jogo — são os monstros. Monster Hunter Wilds conta com 29 monstros no total, incluindo várias adições novas e incríveis para a franquia, outras nem tanto (sim, Hirabami, estou falando de você). E, claro, temos os monstros retornantes, algo que os fãs sempre esperam, na esperança de ver seus favoritos de volta.
Porém, no jogo base de Wilds, não há muitos retornantes, e os que temos não são tão interessantes ou divertidos de enfrentar. Alguns ícones, como Gore Magala, Rathalos e Rathian, estão presentes — afinal, Rathalos e Rathian são praticamente a cara da franquia —, mas a lista deixa a desejar.
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Monstros como Astalos, Lagiacrus, Monoblos, Diablos, Goss Harag, Nargacuga, Zamtrios e Gammoth não deram as caras. E o pior: não temos nenhum Elder Dragon em Monster Hunter Wilds! O único que poderia ser considerado próximo disso é o chefe final, que, apesar da aparência, é um Constructo e nem possui uma árvore de armas ou armaduras. Além disso, não podemos enfrentá-lo novamente após o término da campanha.
A ausência dos Elder Dragons em Wilds gerou um grande descontentamento. Tudo bem, temos o Gore Magala, que é um semi-Elder Dragon, mas a Capcom poderia, pelo menos, ter incluído sua forma madura, o Shagaru Magala, que de fato é um Elder Dragon.
Todos os jogos anteriores da franquia trouxeram novos Elder Dragons ou retornantes de títulos passados, e Wilds foi o primeiro a quebrar essa tradição ao não incluir nenhum no jogo base.

Créditos: Capcom
Desempenho
No quesito desempenho, o jogo deixa muito a desejar. Fiz minha review no PC, com a seguinte configuração:
CPU: Intel i5-10400F
GPU: RTX 4060 Ti (8GB)
RAM: 48GB DDR4 2666MHz
SSD: Samsung Evo 970 512GB
Apesar de o jogo indicar que está consumindo apenas 5,5GB de memória de vídeo, o desempenho é bastante inconsistente. No acampamento, sozinho no lobby, o jogo fica em torno de 90 FPS, mas basta virar a câmera para sofrer um baque significativo, caindo para 50-55 FPS.
Com o lobby cheio, o jogo mal chega a 40 FPS, e, durante as caçadas, onde precisamos movimentar a câmera constantemente, os engasgos continuam — mesmo com DLSS no modo equilibrado. No momento, só nos resta esperar um patch de correção.
Tentei também travar o FPS em 60, mas, por algum motivo, o jogo não respeita o limite e continua rodando com FPS desbloqueado.
Outro ponto decepcionante é o gráfico. Mesmo jogando com tudo no alto, o jogo apresenta um visual pouco polido, com texturas que não carregam corretamente ao entrar no mapa, personagens distantes completamente desfigurados e modelos de baixa qualidade.
A Capcom sempre teve problemas para portar jogos para o PC. Monster Hunter World, por exemplo, sofreu com questões semelhantes no lançamento, mas hoje é um jogo lindo no PC — embora tenha levado tempo para ser otimizado. Com Wilds, acredito que o processo será parecido: o desempenho melhorou em relação às duas betas, mas ainda está longe de ser aceitável.

Créditos: Capcom
Considerações Finais
Monster Hunter Wilds é, de fato, um jogo incrível e tem TUDO para ser o melhor da franquia. Mas, para isso, a Capcom precisa se dedicar tanto à otimização do port para PC quanto ao lançamento de atualizações com novos monstros e funcionalidades — algo que eles sempre fizeram com muito carinho desde World.
Se você já é fã ou nunca jogou Monster Hunter, Wilds é definitivamente uma ótima compra. O jogo terá uma vida útil enorme, com conteúdos novos sendo adicionados regularmente, e é uma experiência confortável tanto para jogar sozinho quanto para se aventurar com amigos — ou até mesmo fazer novas amizades.
Para esta review, minha intenção era platinar o jogo antes de publicá-la, mas, infelizmente, não consegui. Ainda assim, passei da metade, encerrando a análise com 34/50 conquistas.
O jogo conta com crossplay, então sempre haverá alguém para jogar, independentemente da plataforma escolhida. Monster Hunter Wilds está disponível para PC, PlayStation e Xbox. Esta review foi feita no PC, com um código carinhosamente cedido pela Capcom. Muito obrigado, Capcom, pela oportunidade de analisar minha franquia favorita!
Nos vemos na caçada.
NOTA 08/10
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Monster Hunter Wilds está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X e Series S, GeForce Now, Microsoft Windows, e esta análise foi feita com uma chave digital de PC gentilmente cedida pela Capcom.