
Mortal Rite | Rogue-Souls-Like com potencial
28/03/2025Eu to sem criatividade pra iniciar esse texto. Porque todas as tangentes relacionadas aos gêneros do jogo de hoje (sim, gêneros no plural, porque hoje em dia, um jogo não pode pertencer apenas a um gênero… Mesmo que os gêneros não combinem) já foram feitas em textos passados. Afinal de contas, quantas vezes eu já falei que apesar de ter alguns jogos do gênero, e mesmo tendo feito análises, eu nunca fui muito bom em Souls-like? Eu já perdi as contas, mas é. Talvez por falta de paciência, ou qualquer outra coisa, mas é. Eu sempre fui bem ruinzinho, mesmo gostando de alguns dos jogos do gênero.
Agora, quanto a Roguelikes… Quem me conhece, sabe que eu não gosto do gênero, e não gosto de como basicamente estão enfiando elementos de roguelike em vários gêneros, de beat’em up’s até mesmo a jogos de luta. (Sim, Idol Showdown, o fangame de luta com as meninas do Hololive tem um modo que é um roguelike de luta) Eu sei que há diferenças entre roguelike e roguelite, mas pra simplificação, colocamos tudo em um saco. O fato é que muita gente simplesmente pra pegar carona num hiper sucesso, resolve colocar elementos do gênero em seus jogos, de uma maneira preguiçosa. E os ot… fãs do gênero, aceitam bem.
Fazendo a última tangente pro assunto de hoje, jogos que obtiveram recursos via financiamento coletivo são uma via de duas mãos. Coloque dinheiro na mão de quem não tem experiência, ou não sabe fazer, coisas como Tormenta: O Desafio dos Deuses e o caso do Chuck Tingle podem acontecer. Mas também temos aí casos como o de Shovel Knight e Lords of Exile, que vieram depois de financiamentos coletivos bem sucedidos. Dito isso, o jogo de hoje, Mortal Rite, que ainda está em acesso antecipado (mais uma coisa que parece ser comum pra mim, jogar jogos de acesso antecipado, roguelikes ou souls-likes, ou segundos jogos em franquias, ou.) e recebeu financiamento coletivo no Kickstarter. Será que ele faz parte ao segundo grupo ou ao primeiro? Confira nossa análise
Em busca da Imortalidade
Você é um iniciado em uma antiga guilda de guerreiros imortais, você busca sobreviver às provações do Espírito de Sangue e obter imortalidade e aceitação na guilda…
A história é risível e esparsa, não é como em Dark Souls, onde a história pode ser ignorada pelo jogador, mas detalhes sobre a história poderem ser adquiridos investigando os cenários. Mas tudo bem, esse é um jogo em acesso antecipado, e tais coisas podem ser remediadas no futuro, talvez.
Souls-like que precisa de um pouco de otimização
Eu não tenho problema com jogos mais janky, eu adorei Mortal Shell (que é meio desajeitado comparado a outros Souls-likes como Nioh e Lies of Pi), e Mortal Rite cai nessa categoria, porque o combate é meio desajeitado em pontos. Ele funciona como o souls-like que você já conhece, ataques fracos e fortes, bloqueio, contra ataque e esquiva, tudo gerenciado pela barra de stamina. Isso, jogador de souls-like aprendeu na terceira série.
Os personagens do jogo, Shold, Fia, Dawksin, e Initiate funcionam como classes Shold é o tanque, Fia é a maga, Dawskin é o ladino e Initiate é o equivalente a classe Deprived de Dark Souls, e cada um possui habilidades únicas que podem ser usadas, após serem aprendidas nas árvores de talento.
Bem, o jogo é Roguelite, como mencionei lá em cima… O Alden’s Refuge (é, o jogo não tem localização em português, não que isso me incomode) serve como hub onde suas runs começam, você pode escolher o personagem, ir ao ferreiro, mudar os pontos da árvore de talento, acessar o PVP ou escolher um mundo para começar. Cada um dos mundos posteriormente ao primeiro é ligado a completar o anterior. A progressão é salva no jogo inteiro, assim não sendo necessário recomeçar do primeiro mundo quando mudamos de personagem. Quando se morre, você volta ao começo da fase. Inimigos e Baús resetam, mas o jogador não perde o que conseguira na run, até mesmo ganhando dinheiro extra dependendo do seu progresso, e os atalhos se mantém abertos. Entretanto, se voltar ao hub principal, a fase reseta completamente. Após navegar pela fase, temos chefões para enfrentar.
Durante as fases, você vai adquirir o bom e velho loot, como grana, itens, material pro ferreiro e equipamento. NÃO EXISTEM armas e armadura a ser encontradas, já que a árvore de talento fornece melhorias de ataque e defesa. A grana é usada pra comprar novas receitas pro ferreiro e craftar as receitas já adquiridas, desde que você tenha o material correto. Ao contrário dos roguelites usuais, as opções de loot lhe permitem escolher equipamentos que vão dar um boost em determinados status.
Isso tudo seria muito bom, muito legal… Se o jogo não tivesse alguns probleminhas de performance. Isso não vem só de mim, que uso uma máquina secundária (do meu sobrinho) pra jogar alguns jogos que esse meu PC não roda, mas de outras pessoas com PC’s muito melhores que o meu tiveram problemas pra conseguir chegar a 60 FPS mesmo setando o jogo para rodar no dobro. O jogo teve também problemas com crashes. Não é a toa que o jogo tem recepção mista no Steam.
Belos gráficos, mas… Cadê a música?
Uma das coisas que o gênero sempre entrega, independente do desenvolvedor (a não ser que você seja Gilson B. Pontes), são belíssimos cenários, e Mortal Rite não é exceção. As coisas ainda estão um pouco duras por que é Early Access, mas são bons o suficiente, especialmente considerando que é um jogo feito com menos de 70 mil dólares. E vou dizer que a Fia é bonita. Agora, COMO INDIES DE 70 MIL DÓLARES FAZEM MULHERES BONITAS E AAA DE MAIS DE 100 MILHÕES, SE ESFORÇAM PRA EMBARANGAR MULHERES? É de se fazer pensar.
Agora… Uma das coisas que me deixou encucado é a trilha sonora, ou falta dela em alguns pontos. Não é aquele silêncio ambientador, mas uma falta de musica deixa as coisas estranhas.

Ainda há um longo caminho
Respondendo a pergunta de antes da análise, Mortal Rite pode não atingir os altos de Lords of Exile ou Shovel Knight, mas está longe de atingir os baixos de Tormenta: O Desafio dos Deuses ou sequer o desastre que foi aquele Kickstarter da Zoe Quinn. Ele tem potencial pra se tornar mais, mas tropeça em algumas coisas básicas, como o design de fases, a falta de música em muitos pontos, o tutorial não é muito intuitivo o fato de que é preciso pagar (in-game, deixando claro) pra desbloquear os personagens TODAS AS VEZES. O preço pode não ser convidativo pros gringos (25 dólares), mas o preço nacional é BEM CONVIDATIVO pra um souls-like, 60 Reais. O jogo pode ser jogado single-player e cooperativo. Maaaaas, se você quer um jogo que mistura Souls-like, rogue-lite e jank, também tem Let it Die. Sim, fanboys do Suda, o cara lança muita coisa Jank, deal with it. Enfim, voltando a Mortal Rite, ainda que não atinja todas as notas corretas, o potencial está lá. Pegue em uma promoção e aguarde melhorias até o 1.0.
Nota: 6,5/10
Mortal Rite está disponível em acesso antecipado no Steam, e essa análise foi feita com uma chave gentilmente fornecida pela Round Toast Studios.