
Assassin’s Creed Shadows | Análise
30/03/2025Se teve um pedido que a Ubisoft escutou (depois de anos), foi o sonho dos fãs de explorar o Japão Feudal na pele de um Assassino. Pois bem, esse dia chegou! Assassin’s Creed Shadows finalmente está entre nós. Mas será que esse mergulho no período dos samurais faz jus às expectativas ou é só mais um salto de fé sem feno para amortecer?
Bem, para alguém como eu, que nunca conseguiu se apegar aos títulos anteriores da franquia, essa é a primeira vez que estou realmente dando uma chance para valer. Então, vamos desembainhar essa lâmina oculta e descobrir se realmente valeu a pena essa espera.

Créditos: Ubisoft
O Japão Feudal Como Nunca Vimos
Desde os primeiros trailers, Assassin’s Creed Shadows vende a ideia de uma ambientação detalhada e riquíssima, e, para a surpresa de ninguém, a Ubisoft realmente mandou bem nesse quesito. O período Sengoku é retratado com uma fidelidade impressionante, trazendo aldeias, castelos e campos de batalha que parecem saídos de uma pintura tradicional japonesa.
Temos um ciclo de estações e um sistema de iluminação dinâmico que transforma cada canto do mundo do jogo em uma experiência visual cinematográfica. E claro, se a Ubisoft errasse no charme das cerejeiras caindo ao vento, isso poderia ser considerado um crime histórico. É espantosa a beleza dos cenários com todas aquelas folhas se movimentando ao vento.
Já quanto ao enredo, Assassin’s Creed Shadows entrega uma história intrigante, mas, considerando que estamos falando da Ubisoft, foi dificil no início não ficar com aquele receio: será que a trama vai ser envolvente ou só mais uma desculpa para um monte de objetivos de “vá até ali e mate fulano”? Como alguém que nunca se sentiu realmente fisgado pelos enredos da série, foi divertido ver como esse título finalmente quebrou essa barreira para mim.
O jogo também conta dublagem em português, assim como localização e um modo que me chamou a atenção e é o que estou jogando: Modo imersivo. Nele você joga com o áudio em japonês e com a língua falado por todos aqueles que habitam o universo de Shadows, como imigrantes.

Créditos: Ubisoft
Dois Protagonistas, Dois Estilos de Jogo
A grande novidade de Assassin’s Creed Shadows é o sistema de protagonistas duplos: Yasuke, um samurai histórico que realmente existiu, e Naoe, uma assassina shinobi que representa tudo o que a galera imaginava quando pedia um Assassin’s Creed no Japão. Essa dualidade não é só para efeito dramático – ela traz uma jogabilidade que contrasta com as habilidades de Naoe, onde promete atender tanto quem curte sair cortando inimigos sem dó quanto quem prefere eliminar alvos no modo stealth.
Yasuke é pura força bruta. Como um samurai, ele domina o combate direto, com golpes pesados, bloqueios precisos e aquele ar de “vou resolver isso no braço”. Se você gosta da sensação de ser um tanque humano atravessando inimigos sem se preocupar muito com discrição, ele vai ser sua escolha natural. Já Naoe é o oposto: uma assassina ágil, letal e furtiva, que traz de volta aquele feeling clássico da franquia. Para alguém que nunca se animou muito com o combate dos jogos anteriores, essa mistura de estilos é algo que me interessou de verdade e pode te agradar.
Essa alternância entre os dois torna a experiência dinâmica, e me faz pensar que o sucesso desse sistema vai depender de uma boa recepção dos fãs, pois se alcançada, com certeza veremos isso mais vezes nos próximos títulos. Podemos até dizer que essa alternância é uma forma de mudar a dificuldade do jogo, fazendo com que as missões de Naoe sejam o modo dificil para quem gosta de se desafiar em matar sem ser visto.

Créditos: Ubisoft
Parkour e Combate
Se tem algo que sempre me incomodou em Assassin’s Creed era o seu parkour, pois era comum você simplesmente escalar sem querer um determinado local ou ter dificuldades para se soltar dele – Escalar uma parede parecia exigir mais esforço que um vestibular. Shadows melhora isso, com um sistema mais ágil para Naoe, permitindo escaladas rápidas e fugas cinematográficas, enquanto Yasuke, obviamente, não vai sair saltando por telhados como se fosse um ginasta olímpico.
O combate de Assassin’s Creed Shadows também é muito mais técnico, e isso é algo que merece atenção. Yasuke traz um peso maior às batalhas, com golpes mais lentos e brutos, enquanto Naoe segue o estilo rápido e letal de assassinos, mas ambos compartilham um sistema de aparar golpes que tornam o combate simplesmente incrível. Nesse quesito voltando a diferença entre ambos personagens. Enquanto Naoe é capaz de desferir diversos golpes consecutivos após aparar um golpe, no outro Yasuke simplesmente vai desferir alguns poucos golpes com uma força monstruosa, ou pode se valer de armas secundárias também.
O combate apesar de contar com bons recursos para nos darmos bem, ele exige técnica e precisão para lidar com hordas de inimigos, principalmente quando no controle de Naoe. O que torna o combate uma experiência realmente divertida.

Créditos: Ubisoft
Um Mundo Vivo e Dinâmico em partes
Saindo da ação de Assassin’s Creed Shadows, decido dar uma volta pelo mundo aberto. E aqui vem a grande pergunta: esse Japão feudal está realmente vivo ou é só mais um daqueles mapas lindos, mas sem alma? A resposta? Bem, os NPCs reagem à minha presença, algumas interações são bem legais, mas também já topei com alguns que parecem estar ali só para encher espaço. Encontrei uma vila devastada pela guerra, conversei com um NPC que me contou sobre a invasão de um clã rival – pequenos detalhes que adicionam profundidade à ambientação, mas nada muito além disso.
O sistema de estações do ano também impressiona. No inverno, a neve cobre os telhados, os lagos congelam e os camponeses se vestem de forma diferente. Se isso continuar tendo impacto no gameplay (tipo rastros na neve para furtividade ou lagos congelando para criar caminhos novos), pode ser um dos pontos mais interessantes do jogo.
A IA dos inimigos não é ruim, sem dúvida, mas funciona, inclusive possibilita que possamos derrotar alguns chefes no stealth, simples assim. Durante o combate contra um deles, eu me enfiei no feno e ficava assoviando para que fosse até o local, e lá eu finalizava. O chefe repetiu o mesmo padrão dos demais NPC e o finalizei. Foi bem engraçado, até porque a energia deles é muito maior do que as dos demais.
Não sei se isso é um bug, mas espero que não o corrijam porque tornou aquele mundo ainda mais crível, afinal, todo curioso iria bisbilhotar.
Entretanto o sistema de localização de missões foi um dos pontos que mais me desagradou. Ele utiliza um sistema de batedores que permite que eu envie eles para localizar pontos de interesses, ou seja descobrir o próximo passo para se avançar, e isso é frustrante quando se tem um mapa grande e as pistas que o jogo dá não é das melhores, então é muito comum você ficar rodando feito uma barata tonta até conseguir localizar o ponto de interesse e avançar no jogo. Longe de querer tudo mastigado, mas se é para ter localização, então use o recurso de forma mais precisa ao invés de nos jogar no mapa com pistas – Contamos com uma montaria também, e ajuda muito quando se tem espaço enormes para percorrer.

Créditos: Ubisoft
O Veredito: Vale a Pena?
Ainda estou longe de ver tudo o que Assassin’s Creed Shadows tem a oferecer, mas posso dizer uma coisa: pela primeira vez, sinto que realmente estou aproveitando um jogo da franquia. A ambientação é cativante, a jogabilidade varia o suficiente para não cair na mesmice.
Se isso continuar assim, pode ser o jogo que finalmente me faça gostar de Assassin’s Creed. Também destaco que não encontrei nenhum problema durante toda a partida, o que é sem dúvida um grande feito da Ubisoft, que se fez valer dos atrasos para lapidar o jogo ao máximo.
O que posso dizer é que sigo minha jornada pelo Japão Feudal – ora como um assassino silencioso, ora como um samurai imparável. E olha… está sendo uma viagem incrível.
Nota: 8,5/10
Assassin’s Creed Shadows está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X e Series S, GeForce Now, Microsoft Windows, Amazon Luna, Mac OS, e essa análise foi feita com uma chave digital de Xbox Series S|X gentilmente fornecida pela Ubisoft.