YOUR HOUSE | Análise

YOUR HOUSE | Análise

05/04/2025 0 Por Geovane Sancini

A chuva e o frio finalmente chegaram ao outono aqui no Rio de Janeiro. Sério, a previsão do tempo prometia chuva há umas duas semanas, todo santo dia… Chuva no fim de semana. É, agora chegou. Felizmente aqui onde moro, a chuva não veio acompanhado de coisas como “Falta de Internet” ou pior, “Falta de Energia”. Eu sinto a dor de quem vive em São Paulo nesses momentos em relação a coisas triviais como internet.

E a temporada de inverno de animes chegou ao final na semana passada, com isso, todos os animes que eu acompanhava chegaram ao final. Devo ter dito isso em um dos meus últimos textos, mas “I’m Living with an Otaku NEET Kunoichi?”, “Welcome to Japan, Ms. Elf” e “The Red Ranger becomes an Adventurer in Another World” terminaram. Fora isso, Dragon Ball Daima terminou há muito tempo. Claro, ainda tem coisas no meu backlog e coisas que estou acompanhando. Mas Daima acabou que reacendeu minha paixão por animes, então estou assistindo animes que a premissa acabam me interessando, ou palpites aleatórios que acabam me agradando, como “Kanchigai no Atelier Meister”, ou o próprio “NEET Kunoichi”. Devem estrear esse fim de semana, a adaptação de Witch Watch (que estou lendo semana a semana) e “My Hero Academia: Vigilantes”.

O que isso tem a ver com o jogo dessa semana? Absolutamente nada, eu só precisava entreter vocês como uma anedota até introduzir o jogo da semana. Eu faço isso há anos aqui no Arquivos do Woo, as vezes a anedota é relacionada, as vezes não. Mas enfim, acho que minhas experiências com jogos no estilo Escape Room puzzle foram bem poucas, a primeira foi lá atrás no DS com o clássico 999: 9 Hours, 9 Persons, 9 Doors, o primeiro jogo da trilogia Nonary Games. Só que na época eu era mais burro ainda do que sou hoje, então digamos que eu parei literalmente no primeiro puzzle. Muito tempo depois, tivemos dois jogos e uma demo que fizemos cobertura aqui no Arquivos do Woo, com Killer Frequency (que se a gente parar pra pensar, ele é um jogo de escape room disfarçado de pseudo jogo de terror), The House of DaVinci III (continuando a tradição do Sancini de começar séries por qualquer jogo que não seja o primeiro) e a demo de The House of Tesla, que deve sair em 2025. Neste momento, eu já estava menos burro, então é claro que nos mandaram outro jogo do gênero pra analisar.

E curiosamente, é o segundo jogo que eu recebo que tem a ver com o The Game Awards For the Games That Can’t Afford The Game Awards. O primeiro foi um belíssimo RPG pixel art que esteve entre os jogos sorteados, e infelizmente eu esqueci o nome do jogo, e o segundo jogo esteve no Sugoi Showcase, realizado pelos criadores do The Game Awards For the Games That Can’t Afford The Game Awards. E assim como 999, esse é um jogo que tá mais pro lado da Visual Novel, do que um jogo de exploração como o House of Da Vinci, confira nossa análise.


Descobrindo o passado, meu

Você está no papel de Debbie, uma adolescente rebelde, meu… Que tipo… Vive uma vida meio problemática, meu. Até que um dia, tipo, ela recebe um misterioso envelope que diz que ela herdou tipo uma casa, meu. E aí ela vai pra essa casa e passa a viver na casa, meu. Nessa casa, ela tipo vê algumas coisas estranhas e começa a investigar a casa que pode ter segredos da família dela, meu.

Você achou que o parágrafo anterior soou repetitivo? Sim, essa foi minha intenção, porque o jogo se passa nos anos 90, e o parágrafo anterior foi minha tentativa de imitar uma adolescente paulista dos anos 90. Se isso não faz sentido pra você, não se preocupe, não faz pra mim também, já que a história se passa nos EUA, mas eu comecei a piada, eu vou até o fim, não importando o quão imbecil ela pareça. Enfim, a narrativa do jogo é bastante interessante, sobre descoberta. Geralmente adolescentes acham que sabem de tudo, e precisam ter a liberdade pra errar, sofrer as consequências e aprender com esses erros, assim eles se tornarão adultos funcionais na sociedade. Talvez seja por isso que temos tanta gente merda online hoje, já que cresceram super protegidos sem a oportunidade de errar e aprender, com isso se tornaram adultos mimados.

Se eu estou tirando coisa demais de um jogo indie espanhol? Talvez. Mas se um jogo te faz pensar nessas coisas, é possível que algo tenha aí. E veja só, é uma coisa que concluí de algo sutil da narrativa. Não algo NA MINHA CARA. Essa é a diferença entre uma boa narrativa e uma narrativa preguiçosa. O jogo preguiçoso coloca a mensagem na sua cara, o jogo bem feito te faz chegar na mensagem sem você perceber. Uma pena que muita gente na indústria não saiba essa diferença.

A maior força e a maior fraqueza são a mesma coisa.

O ponto fraco do jogo é igualmente a força dele. Após finalizar o jogo, fazer os puzzles, não há motivo para retornar ao jogo, a não ser que você seja um speedrunner. Mas isso é meio inerente a jogos de narrativa linear e puzzles. Eu adoro rejogá-los, não me entenda mal, mas sei que o fator replay não é grande em jogos assim.

Agora vamos a jogabilidade, ele mistura a narrativa com a navegação do jogo, com o jogador precisando clicar no texto destacado para avançar na narrativa, e para navegar pela casa. Usualmente você encontrará itens a serem coletados em imagens que permitem avançar ou dão pistas do que fazer a seguir.

Os puzzles são simples, mas em uns pontos, eles podem ser meio obtusos, como o de abrir o cofre, já que a dica dos quadros era meio complicada de se compreender. Eu mesmo consegui resolver por sorte, mesmo com a dica adquirida nos quadros. Felizmente, para os menos pensantes, o jogo fornece algumas dicas, mas não deixa muito na cara, essas dicas só ajudam a ligar o seu motorzinho pra pensar.

Estilo gráfico interessante

O jogo tem gráficos interessantes, um estilo meio quadrinho antigo, é bonito. O clima do jogo passa muito uma certa nostalgia de algumas fotos ou imagens do começo dos anos 90, pra mim lembra bastante as ilustrações dos livros da série Vaga-Lume, o que pra mim é um positivo. E parte do jogo obviamentes são textos. A parte sonora do jogo é competente, o jogo possui áudio em inglês e espanhol, eu só escutei em inglês. Infelizmente o jogo não tem tradução em português, o que seria ideal pra esse tipo de jogo altamente focado em texto.

Recomendado pra fãs de Escape Room

Se você curte o gênero de Escape Room Puzzles, recomendo jogar YOUR HOUSE, é um jogo competente, apesar da falta de fator replay.

Nota: 8.0/10

YOUR HOUSE está disponível para PC, iOS e Android. Essa análise foi feita com uma chave do Steam fornecida pela Patrones & Escondites.