
Bubble Ghost Remake | Não é o primeiro Remake de Bubble Ghost
11/04/2025Remakes… Qual o tempo necessário para um jogo antigo precisar de um remake? Independente das razões… Dá pra chamar jogos como o Super Mario All-Stars e Ninja Gaiden Trilogy (ambos do SNES) de remakes? Enfim, mesmo nessa época, já haviam remakes, como os de Dragon Quest I, II e III no Super Famicom, ou o Mega Man: The Wily Wars, no Mega Drive. O que leva esses remakes a serem feitos? Apenas capitalização na nostalgia, ou genuíno desejo de atualizar mecânicas que ficaram desatualizadas? (Dragon Quest por exemplo, quando ele chegou no NES, recebeu algumas melhorias em relação a versão de Famicom, mas mesmo em 1989 ele já era um jogo um tanto defasado, comparado a jogos como Phantasy Star e Final Fantasy (só pra lembrar, tinha menu pra SUBIR ESCADAS no DQ de NES.).
Claro que alguns “remakes” como Last of Us Part 1 não estão lá pra capitalizar na nostalgia nem era necessário, já que a versão remasterizada do PS4 era perfeitamente jogável no PS5. E a versão de PS5 tinha menos conteúdo que o original de PS3. Por outro lado, mesmo um remake “desnecessário” (entre aspas, porque o original é perfeitamente jogável hoje em dia) pode trazer melhorias, como o Resident Evil 4 Remake. Alguns, acertam em cheio o objetivo de tornar um clássico disponível em plataformas modernas, como Shadow of the Colossus Remake (PS4) e Silent Hill 2 Remake (PS5/PC), outros acabam tendo algumas alterações visuais que acabam sendo negativas, como o Demon’s Souls de PS5, ótimo jogo como o de PS3, mas a escolha de arte da Blue Point foi infeliz, tornando ele um pouco inferior ao original.
E será que vale a pena mudar tanto um jogo, a ponto da experiência ser totalmente diferente da original, como aconteceu como Final Fantasy 7 Remake (e o Rebirth), ou o ideal é colocar o jogo em uma engine nova e preservar o máximo do original, aparando algumas arestas, como aconteceu com Persona 3 Reload e Yakuza Kiwami (e Kiwami 2)? Será que só jogos clássicos famosos main stream merecem remake, ou jogos menos conhecido também merecem um lugar ao sol com uma roupagem nova?
Essa discussão me veio a cabeça quando a Selecta Play e o Nakama Game Studio anunciaram um remake de Bubble Ghost, um jogo que eu era totalmente não familiar, que surgiu lá em 1987, no Atari ST, com versões para Commodore Amiga, DOS, Commodore 64 e outras plataformas na época… E Alguns anos depois recebeu a sua única versão de consoles caseiros, um porte de Game Boy que até apareceu anos atrás na Games Done Quick. Quando eu recebi o Bubble Ghost Remake, decidi procurar alguns gameplays pra ver como o original se compara ao remake… E então descobri que esse NÃO É O PRIMEIRO REMAKE DE GHOST BUBBLE. Em 2003, o jogo recebeu um estranhíssimo remake para PC’s. Digo estranhíssimo, porque a arte é completamente estranha comparada com o jogo original. Mas enfim, curiosidade saciada, eu fui lá e joguei Bubble Ghost Remake, e você vai ler a nossa análise agora.

Voltando da guerra pra salvar a bolha…
Você é Heinrich Von Schinker, um famoso inventor que vive no norte da Inglaterra. Suas invenções revolucionárias lhe deram uma fama global, graças a essa fama, ele conheceu uma adorável jovem chamada Sofia. Após conversas sobre temas como adaptações animadas de jogos eletrônicos, qualidade de roteiros em Hentais, e a preguiça de desenvolvedores que querem faturar rápido em trends como clones de Vampire Survivors, os dois decidem se casar e viver no castelo de Heinrich. Ao invés de fazer como todo inglês e fazer filhos e os criar a base de comida ruim (UAU, SANCINI, PARABÉNS PELA ÓBVIA PIADA DE “COMIDA BRITÂNICA RUIM”, VOCÊ É UM GÊNIO DA COMÉDIA), eles decidem criar animais no castelo…
Como eles vão criar a porra de um elefante dentro de um castelo, não sei, mas divago. Voltando a história. A vida era boa, de dia, Heinrich e Sofia cuidavam dos animais, tomavam chá as 5 da tarde enquanto assistiam “Malhação”, mostrando os animais que a bebida dos jovens é o SUCO ESPERTO e que se quiser uma vida sem dramas imbecis, deve-se passar longe do Colégio Multipla Escolha, e a noite, Heinrich e Sofia faziam sexo por três minutos antes de dormir. Ou algo do tipo.
Porém essa vida pacata foi interrompida quando Heinrich foi chamado pra guerra. Que guerra? Não sei, talvez seja a guerra contra a liberdade de expressão que assoma a Inglaterra, onde se você disser a coisa “errada” na Internet, a polícia pode aparecer na sua casa e tentar te prender por pensamentos errados. COMO EU QUERIA ESTAR BRINCANDO A RESPEITO DISSO. Enfim, Heinrich foi chamado para prender gente que faz piadas na internet e a despedida entre ele e sua esposa foi cheia de lágrimas. Algum tempo depois (presume-se que alguns anos no mínimo), Heinrich volta a seu castelo… Como um fantasma. Sim, Heinrich bateu as botas, foi de Americanas, cruzou o véu, ou em termos chulos, MORREU… Provavelmente esfaqueado por algum imigrante ilegal… Como eu queria que essa parte de esfaqueamentos por imigrantes ilegais fosse uma piada e não uma coisa que acontece na Europa…
Enfim, Heinrich voltou pro seu Castelo, querendo encontrar sua esposa, Sofia. Porém, a primeira coisa que ele encontra, é uma bolha misteriosa. Por alguma razão, ele consegue mover a bolha com sopros suaves, mesmo estando mais morto que minha conta bancária. Outra coisa que ele descobre é que por algum motivo, os animais do castelo e suas invenções querem estourar essa bolha, então Heinrich deve a guiar para a liberdade. Com todas as piadas que fiz nesse resumo do jogo a parte, acho fascinante que deram uma explicação e um roteiro fofinho a um puzzle simples lançado para PC há quase 40 anos. O roteiro é previsível por assim dizer, e dá pra adivinhar o que é essa bolha, antes mesmo da revelação na última batalha contra chefes; Diabos, eu cheguei a essa conclusão LITERALMENTE QUANDO HEINRICH ENCONTRA A BOLHA.
Simples de entender, difícil de dominar
Bubble Ghost Remake é em seu cerne, um jogo extremamente simples. Você é um fantasma que precisa levar uma bolha até o fim dos estágios, evitando armadilhas e inimigos. A bolha é frágil e qualquer toque a estoura, mas o fantasma é invencível e pode entrar em paredes, tocar inimigos, etc. Como você leva a bolha? Assoprando-a. O jogo tem dois tipos de controles, um manual e um semi-automático. O semi-automático, o fantasma ajustar o ângulo de assopro conforme a posição dele em relação a bolha, então você só precisa se posicionar em relação a onde quer assoprar a bolha. É complicado de explicar, mas o jogo explica com tutoriais simples. Esse sistema semi-automático não é perfeito, porque as vezes, você precisa se reposicionar aqui e ali.
O modo manual, você usa os botões do mouse pra ajustar o ângulo, alterando em 45 graus a direção que o fantasma vai assoprar. Funciona bem o suficiente, mas jogar no touchpad do notebook é uma desgraça, como toda coisa de touchpad. O shift faz com que o fantasma gire 180º, que pode ser útil em algumas ocasiões. A invencibilidade do fantasma pode te permitir ver um pouco adiante em cenários que não são em uma tela, mas o jogo não permite a mamata total, porque se você for longe demais, a bolha estoura.
Difícil, mas com fator replay excelente (e extras)
Não se iluda. Mesmo na dificuldade “Easy”, o jogo vai fazer você xingar feito a Lady do Devil May Cringe (O que diabos foi esse assassinato de personagem que fizeram com a Lady no Devil May Cry do Netflix? PUTA QUE PARIU, VÁ SE FODER, ADI SHANKTAR), enfim, voltando ao jogo. Bubble Ghost Remake oferece três níveis de dificuldade, “Difícil”, “Mais Difícil” e “Você está de Sacanagem Comigo”, sendo que o “Você está de Sacanagem Comigo” é desbloqueado quando terminamos no “Mais Difícil”… Tá, as dificuldades são “Easy”, “Normal” e “Heroic”, mas não tem NADA de Easy na dificuldade fácil desse jogo. Você só tem mais pontos de respawn e os inimigos são menos agressivos.
Como fator replay, o jogo oferece o modo Speedrun, para pessoas que tem BOLHAS DE AÇO (sacou? Bolas de aço, mas o jogo é de soprar bolhas, COMÉDIA). e caso você queira ainda mais replay, o jogo lhe oferece a oportunidade de jogar as fases do jogo original de 1987 com os gráficos atuais, oferecendo assim basicamente dois jogos pelo preço de um. E para aqueles que gostam de exploração, o jogo possui coletáveis nas fases, mostrando mais da lore de Heinrich, sua esposa Sofia e seu castelo.
Belíssimo e bem traduzido
Uma das coisas que me chamou bastante a atenção no jogo, é o trabalho de localização do jogo. As cutscenes do jogo são narradas em forma de poema, então seria muito fácil o tradutor simplesmente traduzir o texto e pegar o cheque (nossa, pegar o cheque entrega a idade VIOLENTAMENTE). Mas, não sei se por exigência da publisher ou pelo esforço do tradutor, mas os poemas foram traduzidos MUITO BEM, com as rimas e tudo, mantendo o sentido do original. Não sei se o tradutor usou o script em espanhol (que tornaria as coisas tecnicamente mais fáceis, já que assim como o português, o espanhol é derivado do latim) ou inglês, mas independente disso, parabéns ao Lucas Santana pela localização.
As cutscenes do jogo são absolutamente adoráveis, contendo um charme único, contando a história do jogo num formato de quadrinhos, percebe-se a intenção de expandir em um jogo tão simples, que era o Bubble Ghost original. Os gráficos de Bubble Ghost Remake receberam algo que não daria pra chamar de tapa, porque tá mais pra socão (tipo o Galatica Phantom do Ralf de KOF), porque o upgrade visual foi imenso e o jogo parece uma pintura de tão bonito. Cenários e sprites ultra bem desenhados, com o mesmo charme das cutscenes. Sim, o jogo poderia cair no marasmo de repetir cenários, já que ele se passa no castelo do protagonista, maaaas contém cenários variados, dando um toque especial a sua jornada.
A trilha, composta por Fran Romguer possui a essência e inspiração das músicas contidas na versão de Amiga (e do porte de Game Boy), além de algumas composições originais. São músicas caprichadíssimas. O jogo num todo mistura a vibe de solidão enquanto estamos lá sozinho, guiando a bolha, perigo, quando somos perseguidos pelo morcego nas transições, emoção na batalha contra chefes e alívio e conclusão, quando finalmente damos cabo do chefe final. (A vibe de solidão é justamente quando NÃO TEM trilha sonora).
ADQUIRA BUBBLE GHOST REMAKE
É raro eu falar assim, tão na cara que um jogo é excelente, mas sim. Bubble Ghost Remake é um projeto feito com amor pelo original, ainda que este não seja muito conhecido por quem somente viveu a era dos consoles. Sim, não é o primeiro remake de Bubble Ghost, mas é o melhor. E possui uma boa jogabilidade, é bastante desafiante, tem um fator replay excelente, coletáveis extras, belíssimos gráficos, uma boa trilha sonora, as fases do original usando os gráficos atuais e uma fantástica localização em português brasileiro. Recomendadíssimo. O Nakama Game Studio está de parabéns.
Nota final: 10/10
Bubble Ghost Remake está disponível para PC, Nintendo Switch e Playstation 5. Esta análise foi feita com uma chave cedida pela Selecta Play