Super Nanaru | Mamãe, no céu tem pão? Não, uma demônia roubou

Super Nanaru | Mamãe, no céu tem pão? Não, uma demônia roubou

09/04/2022 0 Por Geovane Sancini

Quem diria que estamos numa timeline onde Stone Cold Steve Austin saiu da aposentadoria, quase 20 anos depois e teve uma luta… Não são quase 10 anos, como foi com o Edge, ou 7 anos, como foi com Christian Cage e CM Punk, mas dezenove anos. E ao contrário de outra lenda que saiu da aposentadoria por um contracheque gordo, a luta não foi uma batida de trem, mas o Evento Principal da primeira noite de Wrestlemania, e correspondeu as expectativas. Ao contrário do HBK, que teve que carregar dois véi cansado e um lesionado numa luta abominavelmente ruim.

E vocês devem saber que isso não tem nada a ver com o texto de hoje, certo? Mas bem, auto-runners não são nenhuma novidade, eles são bastante populares nos celulares, e mesmo em consoles e PC, com jogos como Bit Trip Runner, que alia o estilo runner com ritmo. Mas e se um jogo unisse a mecânica de auto-runners, com platformer de precisão?

É essa a proposta do jogo indie SUPER NANARU, desenvolvido pela TENTACLE SOFT e publicado pela CFK. Será que ele é bom? Confira conosco.

Reprodução: Tentacle Soft, CFK

A confeiteira luta contra a demônia

Um dia, uma demônia chamada Yako foi presa por causar tumulto na cidade. Mas, aparentemente a cidade é Lego Island, porque depois de meia hora, Yako conseguiu fugir, fazendo lavagens cerebrais nas pessoas para causar ainda mais caos!

Nada iria acontecer, se a multidão hipnotizada pela Yako não decidisse se comportar como brasileiros, mas como brasileiros se comportaram, então decidiram roubar TODA A RESERVA DE PÃO da confeiteira Nanaru.

Como Nanaru não pode bater na cidade inteira por questões de logística, ela decide recuperar seu pão, e dar uma lição na Yako.

Bem, ouvi dizer que no passado, se dava bastante valor ao pão, tanto que temos a expressão pão e circo, que vem dos tempos de Roma (acho), mas acho que é a primeira vez que vejo o pão ser utilizado como catalizador para a jornada de um jogo. Japão, nunca mude.

“Mas a desenvolvedora e a publisher são coreanas”

SHHHHHHH.

Reprodução: Tentacle Soft, CFK

Auto-runner e Kaizo num só jogo

Super Nanaru é um auto-runner, o que significa que você não precisa usar direcionais no jogo. Você tem dois botões funcionais, um de pulo e um para combate nos bosses.

Nanaru vai andando sozinha pelas fases e você precisa utilizar o pulo para escapar das armadilhas, sejam espinhos, inimigos, buracos, seja com um pulo simples ou duplo. Conforme as fases vão se passando, as coisas ficam mais complexas, com fases verticais, inimigos que aceleram assim que te veem e tudo mais.

Tem horas que o jogo deixa de ser um platformer puro pra se tornar uma espécie de puzzle, porque é necessário um pouco de paciência pra saber quando pular pra empurrar o inimigo pra fora de alcance, sem que outro inimigo o ataque.

E com a quantidade de obstáculos mortíferos, porque Nanaru aparentemente é germofóbica e morre com um toque de qualquer coisa, seja um gato ou a parte errada de um inimigo, o jogo quase se torna um dos famosos Kaizos, que muitos dominam e outros temem, sendo um desafio de decorar a fase e desviar dos obstáculos na hora certa.

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Apesar disso, o jogo também é generoso com o jogador, já que há uma boa quantidade de checkpoints disponíveis nas fases. Os 3 primeiros mundos podem ser feitos em qualquer ordem, para desbloquear o mundo final.

O jogo possui também um sistema de roupas, que podem ser desbloqueadas com os itens coletados nas fases. Essas roupas não são uma mera formalidade cosmética, já que elas causam alterações no gameplay, seja diminuindo o tamanho da Nanaru, adicionando um pulo extra, entre outras coisas, o que acrescenta bastante no fator replay.

Agora, se tem um defeito no jogo, não é a dificuldade. Sim, é um jogo difícil e você vai morrer bastante, mas o problema é que o sprite da Nanaru é bem grande, e isso faz com que a hitbox dela seja igualmente grande, o que vai causar muitas mortes. Isso é remediado com a roupa que diminui a hitbox, mas não deixa de ser um problema.

Reprodução: Tentacle Soft, CFK

Beleza ao melhor estilo retrô

A trilha sonora de Super Nanaru é uma daquelas que é gostosinha de ouvir, apesar das poucas músicas disponíveis. E você vai ouvir bastante, por causa das mortes, o mesmo vale pras vozes que ela faz, quando começa fase ou morre.

Graficamente, Super Nanaru é competente, ele é um dos exemplos da diferença que temos entre jogos independentes ocidentais, ou orientais, no quesito trabalho em sprites.

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Muitas vezes, por conta de custos, inexperiência ou preguiça (ou algum outro motivo não citado), desenvolvedores indie ocidentais acabam optando por um estilo EXCESSIVAMENTE MINIMALISTA, enquanto que muitos jogos independentes orientais possuem excelente trabalho com sprites e cenários. E isso vale até mesmo para jogos de ação adultos que vejo por aí.

Reprodução: Tentacle Soft, CFK

Uma boa pedida para os mais hardcore

Não deixe a tag “Casual” da página do Steam te enganar, Super Nanaru é um daqueles jogos que vai fazer você perder os cabelos com o desafio. Dominar o timing de pulos para superar os obstáculos é uma jornada que vale a pena.

A sensação de conquista quando um longo caminho de obstáculos é superado é maior que a frustração por uma falha. Claro, os sprites podiam ser um cadinho menores, influenciando nas hitboxes, mas esse é apenas um pequeno problema em um jogo bem competente.

Super Nanaru está disponível para Android, Nintendo Switch e PC via Steam.


Esta análise foi feita no PC com uma cópia digital do game gentilmente cedida pela CFK.