Arcade Paradise | Gerenciamento e diversão

Arcade Paradise | Gerenciamento e diversão

19/08/2022 0 Por Geovane Sancini

Para os mais jovens, isso deve ser um conceito alienígena, já que nasceram numa geração onde muitas das conveniências que temos hoje, estavam em sua infância (como os celulares) ou amadurecendo (como a emulação), e não tem muita coisa daquela época que alguém possa ter uma nostalgia muito forte. Talvez os programas de TV? Aquela geração já se afastava do “brincar na rua” devido a muitos fatores (escalada da violência, ascensão dos celulares, popularização ainda maior dos videogames, etc).

Um dos meus maiores prazeres de infância, era visitar fliperamas. Nem sempre jogar, porque a grana sempre foi curta, mas visitar mesmo, saber quais jogos tinham lá, ver as pessoas jogando, aquilo me dava tanto prazer quanto jogar. Mas por quê estou falando sobre fliperamas, você se pergunta? Bem, recentemente, acabei jogando alguns jogos que tinham a temática de fliperamas.

Primeiro, com o Arcade Spirits: The New Challengers, que analisamos tempos atrás aqui no site. Depois, eu joguei a prequel do Arcade Spirits, no PC mesmo (e pude experimentar levar minhas decisões de um jogo para o outro, e a diferença que isso faz).

Mas, por melhores que Arcade Spirits e Arcade Spirits: The New Challengers sejam, ainda são visual novels, ou seja, estão intrinsecamente limitados a serem experiências narrativas. São jogos que eu recomendo? Sim. Só estou sendo sincero quanto as limitações… E se essas limitações não existissem? E se existisse um jogo onde você poderia administrar um fliperama dos anos 90 de verdade e pudesse JOGAR os jogos desses fliperamas? Não temam, paisanos, pois a Wired Productions tem a solução, com Arcade Paradise. E será que ele cumpre a promessa? Sigam-me os bons!

Reprodução: Nosebleed Interactive, Wired Productions

Transformando uma lavanderia no Fliperama de seus sonhos

Seu pai, Geralt de Rivia (sério, é o mesmo dublador, então deixa eu fazer a piada) colocou você no comando da entediante lavanderia da família, enquanto ele corre atrás da Triss, da Yennifer, e de qualquer outro rabo de saia que vá aparecer em The Witcher 4. Você, no papel de Ashley, está prestes a morrer de tédio por esse trabalho “emocionante”, quando encontra nos fundos da lavanderia, algumas máquinas de fliperama antigas.

Daí clica a luz, e a ideia de transformar a lavanderia num fliperama surge. O problema? (além do seu pai) O alvará da prefeitura é para uma lavanderia, e não uma casa de jogos eletrônicos. Mas, com a ajuda de sua irmã, você decide levar o projeto adiante, na encolha.

Só que essa não será uma tarefa fácil, porque você terá que começar do zero, operando tudo nos fundos da lavanderia, cuidando tanto da lavanderia quanto do fliperama, até que o fluxo de caixa permita maiores investimentos na parte dos vidja gaems.

Reprodução: Nosebleed Interactive, Wired Productions

Simulador de administração, mas com jogos dentro de jogos

Pelo contrato com seu pai, você deve trabalhar das oito da manhã às duas da tarde diariamente, mas você pode trabalhar tecnicamente até as duas da manhã, quando capota devido a exaustão. O core do jogo, na parte de simulação é dividido entre as tarefas da lavanderia (lavar e secar as roupas dos outros), manter o local limpo e vez ou outra, recolher o lucro das máquinas.

Felizmente, essa parte não é chata, apesar da repetitividade no começo (No princípio, as máquinas não dão tanto lucro assim), é tudo feito de maneira simples com alguns mini games, que vão de recolher o lixo do chão, entre outras coisas mais. Com o dinheiro conquistado, é possível reformar partes do terreno onde se encontra a lavanderia e comprar máquinas novas para o seu fliperama.

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As máquinas podem aumentar a sua popularidade conforme você as joga (coisa que pode-se fazer entre uma lavagem e outra de roupas), e você pode aumentar a popularidade de máquinas menos populares, colocando-as próximas das mais populares. Também pode-se aumentar a dificuldade, e fazer ajustes de preço pra cada uma das mesmas.

Obviamente, por razões monetárias (esse é um jogo indie, afinal de contas), não temos nenhum jogo famoso aqui, mas isso não é necessariamente um problema, pois você vai reconhecer muitos jogos através dos clones produzidos, e mesmo não sendo cópias fiéis, você vai reconhecer as fórmulas de jogos como Bomberman, Frogger, Outrun, e até mesmo misturas de ideias, como Racer Chaser, que mistura a ideia de Pac-Man, com o roubo de carros em GTA. Eu honestamente não achei que essa ideia ia funcionar, mas funciona muito bem.

Reprodução: Nosebleed Interactive, Wired Productions

A estética funciona muito bem

Eu admito que não sou lá fã do retrowave neon que o pessoal usa sempre que vai fazer algo inspirado nos anos 80. Isso é só uma opinião minha, que seja. Mas vou dizer que Arcade Paradise é um jogo bonito.

Os cenários da parte de simulação traduzem bem a estética de cidadezinha dos anos 90 nos EUA. Sim, é um conceito meio alienígena pra mim, mas eu já vi bastante coisa ambientada nos anos 90 nos EUA pra saber disso. As peças de lavanderia usam pixel art que lembra por algum motivo, os FPS da época (Doom, Wolfenstein, etc).

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As máquinas são bem modeladas, e até mesmo reproduzem bem o que deveria (a máquina de Shuttlecocks reproduz fielmente o gabinete de Pong), e os jogos dentro de Arcade Paradise possuem diversos tipos de gráficos, indo dos 8 aos 32 bits, praticamente me pedindo pra dizer que seria legal ter uma coletânea pra jogar esses jogos individualmente sem ser interrompido pela bip da lavanderia.

Como eu havia comentado no começo da análise, o pai da protagonista é dublado (e bem) pelo Doug Cockle que é o Geralt na série The Witcher. E a trilha de Arcade Paradise é deveras agradável, evocando uma sensação de anos 90. E é possível aumentar a trilha padrão que toca no seu fliperama, comprando musicas extras com o dinheiro ganho no mesmo.

Os pontos fracos, porque eles estão ali

O começo do jogo é um tanto enfadonho, porque não há muitas máquinas no fliperama e você precisa focar mais na manutenção da lavanderia e na limpeza, criando uma rotina quase robótica. Dá pra entender, olhando o jogo inteiro como um todo, mas isso não torna menos chato.

Outra coisa que infelizmente é de se criticar, é que não se pode contratar outros funcionários para realizar os serviços de lavanderia ou limpeza, apenas para o recolhimento de fundos das máquinas. Uma pena, pois em estágios avançados do jogo, seria uma boa ideia ter alguém pra fazer o trabalho mais pesado e poder aproveitar melhor os jogos, a melhor parte do jogo.

Reprodução: Nosebleed Interactive, Wired Productions

Yep, recomendado

Arcade Paradise traz uma ideia idiota (fliperama e lavanderia num ambiente só? Agora, se tivesse uma pizzaria junto…), mas a executa muito bem, sendo um jogo sólido. Tem suas falhas, mas elas não diminuem o valor do jogo.

Arcade Paradise está disponível para PC, PlayStation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch, contando com legendas em português brasileiro.


Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Wired Productions.