Videoverse | Forum Simulator 2003

Videoverse | Forum Simulator 2003

12/08/2023 0 Por Geovane Sancini

É difícil eu começar com um assunto que possa se transferir pro texto, então vou um pouco mais direto ao ponto: Apesar de ter ouvido coisas boas sobre o jogo anterior da Kinmoku, “One Night Stand”, eu não cheguei a jogá-lo. Por uma razão ou outra. Mas tudo bem, com o caminhão de jogos que saem todos os dias, é compreensível o fato de que vários jogos passam batido pelo seu radar. Diabos, eu nem sabia que haviam feito um segundo Shaolin vs. Wukong.

Enfim, um gênero que possui vários subgêneros dentro de si, é o das visual novels. No cerne, ainda são textos com escolhas a serem feitos, só que se olharmos um pouquinho a fundo, vários subgêneros podem ser encontrados dentro. Desde os Raising sims, como o clássico True Love, onde você precisa fazer escolhas de atividades que podem levar a rotas específicas com determinadas garotas, outro subgênero surgido, é o dos Otome games, iniciado com o estúdio Ruby Party, da Koei Tecmo com Angelique, o primeiro jogo da série Neo Romance. (Ironicamente, o único jogo com input do Ruby Party a chegar ao ocidente foi o spin-off de Touken Ranbu, Touken Ranbu Warriors, de PC e Nintendo Switch). Fora isso, temos novels de terror, eróticas, comédia, até mesmo Dungeon Crawlers, como a série Lightning Warrior Raidy.

O que isso tem a ver com o título de hoje? Bem, o jogo é uma visual novel, e como eu deixei implícito no primeiro parágrafo desse texto, é da criadora de One Night Stand. A diferença é que Videoverse passa longe de ter a mesma pegada de One Night Stand, desde a arte até o roteiro. Mas será que ele vale a pena seu tempo? Confira conosco.

Reprodução: KINMOKU

As desventuras de fóruns do começo dos anos 2000

Você está no papel de Emmett, um garoto britânico de quinze anos que vive na Alemanha em 2003, e entre as aulas, gosta de jogar no seu Kinmoku Shark, um console popular com gráficos monocromáticos e acesso a uma rede online chamada Videoverse, onde se pode entrar em contato com outras pessoas, fazer amigos e jogar online, os jogos que possuem essa função.

E basicamente, o que temos que fazer no jogo é, além de acompanhar o progresso de Emmett em Feudal Fantasy, interagir com as pessoas, e manter a comunidade segura de alguns trolls online. É difícil fazer um resumo básico de Videoverse porque muito do que faz a trama dá pra ser considerado spoiler.

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A trama do jogo faz um ótimo trabalho em capturar a essência dos fóruns no começo dos anos 2000, a maioria das pessoas ainda aprendendo como aquilo funciona, conhecendo uns dos outros. Tá certo que eu particularmente não tinha experiência em fóruns gringos em 2003, na época eu geralmente navegava por fóruns de RPG Maker, Cavaleiros do Zodíaco e Harry Potter…

E o jogo é bem longo num primeiro playthrough, levando mais ou menos sete horas do começo ao fim, pelo menos esse é o tempo que tá registrado na minha conta do Steam quando terminei o jogo.

Reprodução: KINMOKU

Escolhas, tarefas, diálogos e múltiplos finais

Videoverse é uma visual novel, mas não tem sua progressão ou mesmo maneira de se jogar, como uma tradicional, com texto e escolhas. Esses elementos ainda estão lá, mas parte do que o jogo tem, funciona como um point and click, com elementos que precisam ser clicados, seja o login na Videoverse ou entrar nos sub-fórum, interação com alguns elementos e etc.

Pra alguém da perspectiva de fora, isso pode não pode parecer muito, mas para a perspectiva de alguém que conhece a engine que Videoverse foi feito (Ren’py), é meio que um pesadelo, mas uma conquista e tanto em termos de programação, com a centena de map buttons utilizados.

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Não vou entrar em muitos detalhes sobre isso porque não é importante explicar detalhes de programação na análise dele. Mas acredite, simples coisas clicáveis em cenário na Ren’py podem ser um pé no saco de programar.

Videoverse tem um excelente fator replay para uma visual novel, com múltiplas escolhas que levam a múltiplos finais. Quantos finais? Não sei ainda, talvez eu edite esta análise após confirmar a quantidade. E se você se sentir perdido com relação a como fazer as coisas que o jogo pede, há um tutorial simples de como fazer a navegação básica pelo mundo de Videoverse.

Reprodução: KINMOKU

Trilha sonora bacanuda e uma arte pra cada momento

Primeiro, passar aqui pra dizer que a trilha sonora do jogo é muito bacana, composta por Clark Aboud, com musicas que refletem cada momento da jogatina, desde quando estamos meramente vagando pelo fórum, ou dentro do fictício Fin, digo, Feudal Fantasy, ou momentos mais tensos da história, todas elas são muito boas. O jogo possui uma dublagem (em inglês) em alguns pontos, que é justificada no final. E ela é decente.

Graficamente, é meio difícil classificar? Porque temos o exterior, com uma estética representando o quarto de um jovem do começo dos anos 2000, com o console, revistas de jogos, fotos, cartuchos e tudo mais. Nisso, temos um estilo limpo, se procurarmos, encontramos paródias de jogos famosos, e alguns jogos reais, como o próprio One Night Stand, da Kinmoku.

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Dentro da área do console/videoverse, temos um estilo monocromático, com duas cores que pode ser alterado com certos temas. No jogo em si (Feudal Fantasy), é azul claro/azul, mas nos fóruns do Videoverse, são outras cores usadas. E apesar da estranheza no início, é agradável aos olhos. As artes dos membros do Videoverse são de estilos variados, incluindo a sua própria, que vai evoluindo ao longo do jogo. E temos os momentos de videochamadas, onde a animação e expressões faciais dos personagens lembram as animações usadas em One Night Stand.

Por fim, temos algo que eu não posso dar spoilers, mas a cutscene final do jogo é mostrada num estilo que lembra muito histórias em quadrinhos e a arte é boa.

Reprodução: KINMOKU

Conclusão

No meu caso em particular, Videoverse é meio que uma viagem no tempo, a uma época mais simples da Internet, num período pré redes sociais, onde tínhamos menos preocupações, e como comentei na análise, todo mundo ainda aprendia como funcionava o mundo online.

E se você curte visual novels em geral, essa aqui é uma recomendação em caps lock (apesar de ter escrito em caixa baixa).

Nota Final: 9/10

Videoverse está disponível para PC, e esta análise foi feita com uma chave gentilmente cedida pela Kinmoku.