Digimon Story: Cyber Sleuth – Hacker’s Memory | Memórias Preciosas
17/12/2019A minha relação com Digimon vem de cerca de vinte anos atrás, quando para combater a febre Pokémon, a Globo adquiriu a primeira temporada dos Monstros Digitais. E, episódios assistidos depois, era um tanto notável que Digimon e Pokémon tinham mais diferenças que semelhanças, porque enquanto em Pokémon, era a jornada do Ash para se tornar um mestre Pokémon (ou ganhar alguma liga, coisa que levou tempo demais.), em Digimon, havia aquele grupo de crianças que havia ido parar em um território desconhecido e precisava lidar com ameaças para encontrar um jeito de voltar pra casa…
Pelo visto Digimon tem mais a ver com Caverna do Dragão do que com Pokémon, mas enfim. Uma das coisas mais legais de se assistir a primeira temporada, era se perguntar… Qual Digimon vai digievoluir nesse episódio? Mas enfim, confesso que em relação a desenhos animados, só assisti até a quarta temporada de Digimon (Frontier) e no âmbito dos videogames, minha única experiência foi Digimon World DS, que tinha uma curiosidade. No jogo, como forma de promover a nova série animada, os personagens de Digimon Savers fazem uma aparição. Só que como o anime ainda não havia sido adaptado pro ocidente, temos eles com seus nomes originais. Então, não vemos Marcus, mas sim Masaru. Mas sim, nunca joguei nenhum outro Digimon… Talvez eu tenha jogado uns 20 minutos de Digimon Online no PC, mas foi isso pra nunca mais.
Pelo menos até eu estar andando serelepe em Caxias e achar uma cópia de Digimon Story: Cyber Sleuth – Hacker’s Memory por um preço bem em conta (principalmente considerando que o jogo estava por R$ 250 na Americanas e R$ 230 na PSN BR). E depois de muito enrolar, finalmente cheguei ao final do jogo. E então, ele vale a pena?
O jogo se passa ao mesmo tempo que os eventos de Digimon Story: Cyber Sleuth, complementando alguns espaços em branco que o outro deixara. Você é Keisuke Amasawa (você pode mudar o primeiro nome do protagonista), um garoto normal e indistinguível na multidão, até que a sua conta online (um avatar que personaliza quem você é na internet) é roubada e as pessoas passam a te acusar de crimes (online) que não cometeu. Para reaver sua conta de volta, você larga a escola e entra para um grupo de hackers chamado Hudie (borboleta em chinês), iniciando uma caçada online.
Claro, que nisso, muita coisa acontece, e não é mais uma caçada ao tesouro, quando todo o mundo está em perigo. Você encontrará novos personagens, e se jogou o Cyber Sleuth original, reencontrará velhos conhecidos. Mas, se você vai estar achando que aqui encontrará uma jornada alegre, tal qual a série, está tão enganado quanto a população carioca ao eleger o cone chamado Marcelo Crivella (sou culpado, mas alternativa era o Frouxo). Enfim, piadas políticas a parte, conforme o roteiro de Hacker’s Memory avança, as coisas ficam sombrias em muitos pontos, abordando coisas como suicídio, depressão e bullying.
E os personagens não são branco no preto, nosso protagonista é muitas vezes retratado como não sendo intelectualmente privilegiado (popularmente conhecido como burro), Ryuji é um babaca em pelo menos 80% do jogo e por aí vamos.
Mas enfim, falando sobre o jogo. É difícil porque tem muita coisa pra falar sobre. Primeiramente, a estrutura do jogo é linear, não é difícil seguir o roteiro base, mas na meiuca é que mora o suco da jogabilidade. O jogo se passa em dois locais base, o mundo real e o EDEN, um mundo virtual que é imenso e é um local onde as pessoas tem uma segunda vida, mas que está cheio de hackers e digimons ‘selvagens’.
As batalhas de Digimon são em turnos, com o jogador usando um grupo de três digimons, tendo espaço para mais oito na reserva. Nas batalhas, é bom levar em conta que o tipo de digimon e os tipos de magias que ele tem, porque dependendo, é possível causar danos massivos e facilitar as lutas. É bom ter digimons de elementos opostos no grupo, porque quando um digimon é fraco contra tal elemento, o outro vai ser forte contra ele.
Outra coisa necessária, é administrar a memória do grupo. Porque, para montar um grupo não é só colocar os digimons, cada digimon tem um custo de memória. A princípio, ele é pequeno, mas conforme se progride na história, fazendo as quests principais e as side-quest’s, adquire-se expansões de memória, que ajudam bastante, deixando a parte final do jogo mais fácil nesse sentido.
O jogo trouxe também as Batalhas de Dominação, nas quais um grupo de três hackers luta contra outro em um grid, com um objetivo em específico (Conseguir X pontos em X turnos), nos grids, cada espaço tem uma pontuação (1, 5 ou 10) e o interessante dessas lutas, é que quando um hacker está num espaço que você invade (e vice versa), uma batalha onde cada grupo só pode executar UMA AÇÃO por digimon. Isso faz com que essas batalhas sejam interessantes… Pelo menos até você ter um grupo poderoso e derrotar os inimigos com um peido, mas aí é outra história.
Além das Batalhas de Dominação, temos as batalhas de ocupação, onde ao lado de um hacker aliado, você deve derrotar o líder de um grupo rival. Só que o mapa onde o grupo rival está está com cinco emblemas do grupo rival, e eles concedem uma vantagem ao adversário. Logo, para reverter essa desvantagem, deve-se tomar esses emblemas, que usualmente estão protegidos por um membro desse grupo. Tomando os cinco emblemas, a vantagem adversária será eliminada e revertida em uma vantagem na batalha contra o líder.
A Captura de digimon se dá da mesma maneira que nos jogos anteriores da série. Em sua jornada, toda vez que você vê um digimon, você o escaneia (dependendo do ranking do digimon, a quantia varia de 5 a 20%), e quando essa quantia chega a 100%, você pode ir ao DigiLab para converter o arquivo em um digimon.
No parágrafo anterior, eu citei sobre o rank de digimon, e dependendo do mesmo, há um limite máximo do nível que ele pode atingir. Depois disso, é necessário ir ao DigiLab para fazer a Digievolução do mesmo. Mas, eu falei em dois parágrafos sobre o DigiLab e não expliquei o que ele é, coisa que farei no parágrafo abaixo.
O DigiLab (Abreviatura de Digimon Laboratory) é o local onde você pode fazer as digievoluções, gerenciar as DigiFarms, curar seu grupo e comprar itens que só são possíveis de se adquirir lá (ou em side-quests).
Mas enfim, quando o digimon atinge um nível máximo, você precisa digivolvê-lo. Ele retornará ao nível 1, mas contará com técnicas mais fortes e poderá chegar num nível maior que o máximo da forma anterior. Claro, que não é apenas o nível do digimon o fator necessário para a digievolução. Muitas vezes, terão outros fatores, como a pontuação em um dos atributos base dele, ou a Habilidade (Ability/ABI), que só é aumentada quando digievoluímos, ou fazemos o digimon retornar a forma anterior. Outro fator na digievolução em alguns casos é a Camaradagem com o Digimon (ela pode ser aumentada deixando o digimon no grupo ativo durante as batalhas, ou dando carne pra ele na DigiFarm), certos itens possuídos (não se preocupe, eles não são itens secretos, mas adquiridos durante a jogatina), ou em um caso específico, estar no New Game+.
As DigiFarms são locais onde você pode deixar seus digimons criados lá treinando, e eles podem conseguir side-quests adicionais, desde que os ponha para investigar. Ou você pode acelerar o treinamento deles, além de pedir para que tragam itens para você. As fazendas são criadas com kits de desenvolvimento, conseguidos durante o modo história, e podem ser ampliadas até o rank máximo, com kits de melhora (conseguidos no modo história e em side quests). Existem itens (comprados na loja do DigiLab) que melhoram certos atributos dos digimon presentes na fazenda. Claro, que itens no lategame serão melhores do no começo do jogo, então o que comprar é questão de gosto.
Quanto as quests do jogo, existem quatro tipos de quests, as vermelhas, que são as quests importantes, que ao serem concluídas, darão prosseguimento a história. As amarelas, que são side-quests regulares, dadas por NPC’s, as azuis são side-quests relacionadas a Zaxxon (a principal guilda de hackers de EDEN) e as verdes são side-quests oriundas de investigações das DigiFarms.
Graficamente, diria que é uma faca de dois gumes. Os cenários urbanos estão muito bem feitos, representando localidades reais, como Akihabara, Odaiba, Asakusa e Shibuya (dentre outros). E o mundo virtual, apesar de ser muito “igual”, é bem feito. O design de personagens foi feito por Suzuhito Yasuda (ilustrador de Durarara!! e dos dois Devil Survivor do DS.) e os personagens são bem estilosos. O problema do jogo, graficamente falando, são as animações de batalha dos Digimons, que são simples. Do tipo, você não vê a animação do digimon atacando o oponente, você só vê o digimon fazendo a animação e o oponente a recebendo.
Sonoramente é competente. As musicas que vão embalar, vão de calmas, a nervosas. Claro, o tema de batalha vai ficar enjoativo depois de cinquenta horas, mas as músicas não prejudicam a sua jogatina. O jogo possui apenas dublagem em japonês e os seiyuus desempenham seu papel de maneira convincente, sendo irritantes, convencidos, falsos e babacas a ponto de você querer socar a cara deles (Ryuji, estou falando de você.).
Finalizando, Digimon Story: Cyber Sleuth – Hacker’s Memory é um bom jogo que complementa de maneira excelente o jogo original, mas consegue se sustentar sozinho. O jogo está disponível para Playstation 4, Playstation Vita, PC e Nintendo Switch (nas duas últimas plataformas, através da coletânea Complete Edition)