Unknown 9: Awakening | Podia ter sido muito mais…
26/10/2024É difícil entender a chamada “audiência moderna”, você sabe, aquele grupo de pessoas que até hoje clama que o fracasso do Caça-Fantasmas de 2016 foi por conta de machismo, sexísmo, extrema direita e Trump (sim, aquele filme foi usado como munição nas eleições americanas), e não por ser um filme completamente sem graça, arrastado e que o público para o qual apelava NÃO FOI VER. Digo, você clama por algo online, mas quando tal produto existe… Você NÃO VAI LÁ COMPRAR/ASSISTIR/JOGAR? Quase como se essas pessoas só quisessem tornar o hobby de outros uma experiência miserável porque não passam de bullies que atazanavam nossa vida no passado.
Agora saindo numa tangente totalmente desconfortável, uma das principais reclamações que podemos colocar na indústria AAA, são as tentativas de reboot ou continuação que tiram o que faziam algo ser especial e substituem por… Nada. Como o reboot de Saints Row que é um dos jogos mais covardes de todos os tempos, que removeu o humor edgy dos últimos dois jogos (e expansão), e pretendia por substituir por um humor com tendência “progressista”, mas que no final falhou miseravelmente nisso a ponto de fecharem a Volition.
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Pelo menos ultimamente, alguns dos fracassos tem sido ip’s originais, o que quer dizer que ao menos estão tentando criar algo. Infelizmente esse algo que foi criado, são produtos como o Cringefest chamado Forspoken (que ainda quero jogar, porque porra, é o Isekai da USP mano), e a completa comédia que é Dustborn (Que em uma das músicas do jogo comete a pachorra de rimar born com born). Claro, flops com ip’s famosas ainda são lançados, como não lembrar o fiasco que foi o jogo do Esquadrão Suicida, que praticamente catalisou o Gamer Gate 2? E Concord, que vendeu 25 mil cópias e teve seus servidores fechados em menos de duas semanas, menos tempo que um scam chamado The Day Before.
Um jogo que até chamou minha atenção quando revelado, mas passou batido por muita gente (inclusive pelo Diogo, que me contou sequer saber da existência dele) e posteriormente também foi sugado nesse vórtice da guerra cultural. Claro, falo de Unknown 9: Awakening. Distribuído pela Bandai Namco e desenvolvido pela Reflector Entretainment, o jogo é estrelado pela atriz Anya Chalotra, que fez a Yennifer na adaptação de The Witcher da Netflix, o jogo chegou com tanto marketing quanto a Sony fez para Concord e Everybody’s Golf (o de PS4)
As Aventuras de Yennifer
Os jogadores estão no papel de Haroona, uma Quaestor nascida com a capacidade de se aventurar numa dimensão misteriosa que se sobrepõe à nossa, conhecida apenas como Umbral. Na sua demanda por conhecimentos ocultos, Haroona aprenderá a dominar a sua ligação única ao Umbral e que lhe permite canalizar os seus poderes no nosso mundo… Mas estes poderes não passam despercebidos e Haroona passa a ser o alvo de uma fação renegada conhecida como os Ascendentes, que quer usar o Umbral para alterar o rumo da história humana.
Em teoria, a história de Unknown 9: Awakening tem potencial pra ser algo decente, mas tudo parece ter sido feito pela metade… E obviamente, a narrativa é lotada dos tropes de escrita pro público moderno, como “mulheres sábias e homens burros”. E claro, não podemos esquecer dos diálogos que são tão naturais quanto Ryan Gosling interpretando o Pantera Negra ou Miles Morales sendo um Deus Nórdico. (Adivinhem qual dessas duas alternativas foi feita real nos quadrinhos?).
É uma pena, como eu disse, tinha um potencial, mas pelo visto a consultoria de um certo grupo canadense é feita por gente que não sabe escrever. No fim, é o típico quase chega lá.
Combate quase divertido
Assim como a história, há muitos elementos da jogabilidade de Unknown 9: Awakening que me agradam. O problema é que o combate não possui refinação o suficiente para chegar ao nível de jogos aclamados. O corpo a corpo é totalmente duro. E mesmo o stealth é básico demais.
Pelo menos quando desbloqueamos as habilidades do Umbral, o jogo brilha levemente, com o combate ficando mais divertido, controlar um inimigo para atirar no outro é bem bacana. Um ponto positivo na minha opinião, é o design linear. Numa época onde todo santo AAA tenta fazer um mundo aberto com centenas de sidequest’s, coletáveis imbecis e alongamentos extremamente penosos, é bom ver um jogo ser linear. Sim, chegamos a ESSE PONTO, onde ser linear é positivo.
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Mas, chega de elogiar o combate de Unknown 9: Awakening, porque o combate contra chefes do jogo é boçal pra caramba, e se resume a repetição de padrões e fases, com tudo se resumindo a repetição até o fim. E agora vamos a rant do Sancini sobre uma coisa não só relacionada a Unknown 9, como aos jogos modernos de ação em geral.
Desde que Demon/Dark Souls se popularizou, muitos jogos resolveram colocar seu combate nos botões de ombro e essa é uma praga que eu detesto. Nem todo jogo precisa disso, por isso eu curti Nioh, onde o combate é com os botões de face do controle, como nosso senhor Jesus Cristo ordenou. E sim, se não deixei claro com isso, o combate de Unknown 9: Awakening USA OS BOTÕES DE OMBRO.
Belos cenários, modelos feios, performance medíocre
Uma das coisas que me deixou genuinamente impressionado são os cenários do jogo, que são absolutamente lindos. Eu sou fã de arquitetura de videogames, graças as recriações de Assassin’s Creed, então o que a Reflector conseguiu com Unknown 9 é admirável.
Pena que conseguiram estragar a parte gráfica com os modelos dos personagens, que são atrozes. Maldita essa tendência ocidental de enfeiar mulheres na hora de fazer seus jogos, embora pra ser honesto, TODO MUNDO É FEIO NESSA PORRA. Mas não, não vou passar pano, porque embarangaram a Anya Chalotra, uma atriz linda (não importando o que a produção do Netflix disse sobre escalá-la para ser a Yennifer), que ficou parecendo ter sido atingida por golpes de pá. E não, não é uma questão de poderio da geração passada, só olhar vídeos da versão de PC ou PS5, por exemplo, todo mundo continua feio.
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Falando em PS5… A performance do jogo não faz uso do poderio do mesmo (pra isso eu tive que consultar outros reviews, porque o pé rapado aqui só tem PS4) e o SSD do mesmo só é utilizado para loadings mais rápidos, o jogo é capado a 30 FPS no PS5. Bom, pelo menos nisso o jogo é equivalente no PS4, mas é triste quando jogos mais velhos do PS4 tem performance melhor que um lançamento de nova geração.
A dublagem é uma faca de dois legumes, já que a performance dos atores é inconsistente. Não é de toda ruim, mas inconsistente. Entretanto, se você não quer ouvir ocidentais falando, o jogo possui dublagem em japonês, pra ressoar com seu weeaboo interior.
Podia ter sido mais
Há coisas que eu genuinamente gostei em Unknown 9: Awakening, mas em sã consciência eu não poderia recomendar esse jogo a todos, especialmente pelo preço cobrado e a duração, entre 10 e 15 horas com uma história pretensiosa, modelos de personagens feios e jogabilidade refinada.
Se não fossem as circunstâncias ao redor dele, seria uma jóia bruta, mas sendo o que é, é um resquício do que poderia ser. Se eu jogaria ele de novo? Sim, mas esse sou eu que gosto de jogos medíocres. E no fim do dia, é o que define Unknown 9: Awakening, oportunidade desperdiçada. Se por malícia (da tal empresa de consultoria canadense) ou incompetência, fica a seu cargo decidir.
Nota Final: 6,5/10
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Unknown 9: Awakening está disponível para PC, Xbox Series S|X e PlayStation 5, e esta análise foi feita com uma chave digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Bandai Namco