Void Sols | Triângulo esquiva, triângulo morre

Void Sols | Triângulo esquiva, triângulo morre

18/11/2024 0 Por Geovane Sancini

Cara, pra quem não é um jogador de Souls-like, eu tenho e até fiz análises de uma certa quantidade de jogos do gênero, desde prévias de títulos como Salt and Sacrifice e Nioh 2, a títulos como Morbid, Mortal Shell e Mronos: Before Ashes, digo, Chronos: Before Ashes, além de títulos que tenho na biblioteca, como o Demon’s Souls original de PS3, Bloodborne no PS4, Nioh e Nioh 2, e outros que voam por baixo do radar, como Eternity: The Last Unicorn, que é brasileiro. Além de na época que eu assinava a Plus e o EA Play, eu joguei títulos como Blasphemous, e terminei o Star Wars Jedi: Fallen Order. Tecnicamente, dá para considerar o brasileiro Dandara um Souls-like pelas mecânicas, design de combate e tudo mais. Ah, e também cheguei a jogar Demon’s Sperm, uma paródia hentai de Demon’s Souls, mas sendo obviamente 2D, tal qual Blasphemous.

Agora, parando pra pensar, pra um cara que não curte o gênero, eu até tenho certa experiência, apesar de não ser o mais habilidoso no gênero. Enfim. Essa introdução longa nos leva ao título de hoje, que segue a boa e velha fórmula estabelecida por Demon’s Souls, lançado há quase quinze anos… Jesus, Demon’s Souls tem QUINZE FUCKING ANOS. Anyway, com seu lançamento no PC na semana passada, desenvolvido pela Finite Reflection e publicado pela Modern Wolf, Void Sols aplica uma pegada minimalista ao gênero. Mas nesse mar de títulos lançados diariamente no Steam, será que Vold Sols termina como minhas tentativas de fazer chá, ou é bem sucedido em seu objetivo de entreter? Confira conosco.

Liberar a região de um Tirano

O jogo não tem um roteiro extremamente definido, apenas algumas sugestões do que acontece. O começo do jogo até me lembra a cutscene inicial de Skyrim, onde você acompanha a execução de uma outra pessoa, neste caso, um outro triângulo. Neste caso, você, um triângulo, deve fugir da prisão e acabar com a loucura que subjulgou a nação… Então, como um parágrafo não convence, vou tentar bolar uma história idiota pra ocupar espaço no review.

Você é um triângulo, da ordem dos triângulos, e foi enviado em uma missão para libertar a região de Etagaes de um tirano chamado Lutom… Okay, Lutom não é um bom nome de vilão, e o final boss do jogo tem nome, Zenith. Você foi enviado pela ordem para eliminar Zenith, mas falhou em sua missão porque os caras te mandaram sem nenhum equipamento, apenas uma faquinha, aparentemente porque jogaram muito Green Beret no NES. Enfim, você foi capturado e viu um amigo morrer, o que lhe deu um ímpeto de vingança, agora você irá matar tudo o que se mexe e tem barra de HP para vingar a morte do seu amigo e matar Zenith, porque agora… É pessoal.

Bom, foi o que deu pra fazer em 5 minutos, eu devia ser escritor, caralho, como sou foda! Sim, caso não tenha percebido, é um duplo sarcasmo com o enredo genérico que bolei e o fato de que tecnicamente eu já sou escritor com 3 livros publicados na Amazon. Mas enfim, como os jogos da série Souls, o roteiro é vago e abre interpretação para você criar suas teorias com base nos cenários e no que o jogo te dá.

Souls-like topdown

Cara, antes de mais nada, eu quase tirei ponto do jogo por conta de duas coisas… Primeiro que o jogo recomenda se jogar com controle, coisa que eu não tenho (meu dual shock 4 tá com tanto drift que poderia ser um carro de Initial D), e o fato de que qualquer jogo que use o mouse e teclado no touchpad se torna um parto (comentei isso na análise de Mustache in Hell, quando mencionei o original de PC, devo ter falado o mesmo na análise de Action Taimanin). Felizmente, o jogo permite remapeamento de teclas, então trocar os botões do mouse para duas teclas não utilizadas torna o jogo 30% melhor… Pena que só fiz isso tipo, eu já tinha derrotado 5 dos 9 chefes. Oh, well…

Enfim, se você já experimentou algum souls-like na vida, sabe o que esperar do combate. Mais ou menos, mas enfim, Você tem dois ataques com sua arma principal, um rápido e um carregado, que felizmente estão no mesmo botão. Com o tempo, você ganha uma arma de ataque a distância que pode ajudar a atacar inimigos distantes. Essa arma em si recarrega conforme se mata inimigos. Como é de lei no gênero, a morte estará a espreita em cada canto, especialmente com a variedade de inimigos que se tem.

Tropes de Souls-likes estão presentes a rodo, como a experiência sendo perdida ao morrer, e acredite… Você vai MORRER MUITO, MERMÃO. O jogo até quebra um galho com os ítens de cura, que recarregam sempre que se usa uma fogueira (ou o equivalente), é claro que as fogueiras respawnam os inimigos (exceto chefes e alguns mini-chefes). Nas fogueiras você pode aumentar seus status assim que ganhar níveis. Obviamente, existem minúncias de build, mas uma das coisas que posso adiantar, assim que conseguir o martelo, aprenda a dominá-lo, e POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO, NÃO USE A FOICE, PORQUE APESAR DO COMBO DELA CAUSAR ATORDOAMENTO, A ARMA É UMA MERDA.

Atalhos podem ser desbloqueados e áreas secretas podem ser encontradas na maioria dos lugares. Algumas só são acessíveis depois que terminam-se certos bosses. A natureza aberta de Void Sols entretanto pode deixar o jogador perdido sem saber pra onde ir, então a exploração e a localização dos mapas é essencial pra se navegar sem andar em círculos por 30 minutos.

Batalhas de Chefe, jogue como quiser

Vou detalhar aqui um negativo que tive na minha experiência com o jogo, não sei se é do meu hardware ou bug do jogo, mas mais de uma vez o jogo não renderizou a área em que eu estava, com o jogo ficando completamente as escuras, e até mesmo fui parar fora dos limites do jogo uma vez… Ainda não sei se foi culpa minha, mas… E teve uma vez em que após ir parar fora dos limites e ser mandado pra fogueira, o jogo parou de responder a qualquer controle exceto a tecla do mapa.

Uma das coisas que Void Sols faz muito bem, é permitir a customização da dificuldade a cargo do jogador, não com dificuldades arbitrárias do tipo, Easy, Normal e Hard, que são funcionais e tal, mas Void Sols faz de maneira esperta. Na área de acessibilidade do jogo, além dos aspectos de acessibilidade normais, como tremor de tela, flashes e coisas do tipo, você pode customizar a quantidade de dano que seu personagem aplica e o dano que seus oponentes dão… E se você quiser se sentir Deus, pode colocar dano 0 pros oponentes e assistir a eles bater em você por horas.

As batalhas contra chefes são a diversão esperada de Souls-like, aprenda o padrão, esquive e contra ataque. Tem muita coisa da jogabilidade de Void Sols que eu não expliquei, como artefatos que você pode recolher pra bônus, melhorias para seus equipamentos, segredos a se descobrir.

Luz, sombras e belos visuais (trilha matadora)

Aqui começo com a trilha sonora, com temas compostos por Vivi Mouse. Em boa parte do tempo, o jogador terá apenas o silêncio como companhia, e sons ambientes, até que as baquetas soam nas batalhas contra chefes, com excelentes temas com uma pegada eletrônica e são excelentes. Pena que não tem no Youtube no momento, apenas no Bandcamp e no Steam.

Apesar do estilo minimalista, os gráficos do jogo são ricos em detalhes. O jogo usa luz e sombras pra ambientar e aclimatar o jogador, e os cenários e efeitos são muito bonitos. Novamente aqui entra uma crítica minha, que vai mais contra os desenvolvedores de jogos de PC modernos. Ao abrir o jogo, ao invés de otimizar pro PC do jogador, ele abre imediatamente com as configurações no Ultra, o que é ruim, mesmo pra um jogo leve.

Concluindo

Void Sols é um jogo deveras competente em tudo o que se propõe, e dos jogos que analisei esse ano, está entre os melhores de 2024. Recomendo, especialmente se você curte Souls-likes.

Nota Final: 9,5/10

Void Sols está disponível para PC, e essa análise foi feita com uma chave do Steam cedida pela Modern Wolf.