Ink | Tinta criativa ou só mais um?
21/11/2024 0 Por Geovane SanciniAcho que já devo ter dito em um, dois ou vinte textos, que não sou muito chegado em roguelikes, mesmo tendo feito textos sobre um ou mais jogos do gênero (de cabeça, me vem aquele do Heavy Metal que eu esqueci o nome, e o beat’em up side-scroller do Team 17 que eu também esqueci o nome). Eu não sei de onde exatamente vem minha aversão ao gênero, talvez porque assim como os AAA imitam as tendências de um jogo de sucesso (lembra quando todo jogo queria imitar GTA, ou Gears of War? Ou quando todo jogo passou a ser “Mundo Aberto” com centenas de caralhos pra coletar, side-quests ruins a rodo pra esconder o quão vazia era a experiência principal? Acho que vale o mesmo pra roguelikes pra mim, agora TODO SANTO JOGO o dev quer colocar elementos de roguelike. Isso quando ele não mistura roguelike com FUCKING CARTAS. Sim, só olhar qualquer showcase de jogos independentes e fazer um drinking game de cada jogo roguelike… Shot duplo se tiver cartas. Você vai ter cirrose em seis meses. Se adicionarmos jogos de fazendinha imitando Stardew Valley? COMA ALCOÓLICO NO DIA.
Então, dá pra entender meu ceticismo ao falar sobre o gênero, é um do qual eu nunca fui particularmente fã, que todo aspirante a desenvolvedor indie quer pegar carona achando que virá “grana fácil” (Isso aqui é completamente subjetivo já que todo desenvolvedor indie SABE que é mais fácil ganhar na mega sena do que ter “grana fácil” desenvolvendo jogos). Mas ainda assim, mesmo eu não gostando do gênero, aqui no Arquivos do Woo, prezamos pelo nosso profissionalismo e integridade jornalística (sim, alguém tem que ter esse tipo de coisa trabalhando com jogos, mesmo que certos sites gringos e nacionais tenham jogado a integridade na latrina… Star Wars: Outlaws “um dos melhores jogos de Star Wars”? SÉRIO, JOVEM NERD? Outro Ubisoft: The Game com skin de Star Wars, extremamente mediano com personagem sem carisma, e vocês chamam de “um dos melhores jogos de Star Wars?” Num mundo com os dois Star Wars Jedi da EA, os Battlefront originais (e até mesmo o Battlefront 2 da DICE é bom, descontando o caminhão de microtransações), os Knights of the Old Republic (incluindo o MMO) e Force Unleashed. Tenha paciência). Aonde eu estava? Ah sim, integridade jornalística. Aqui, prezamos esse tipo de coisa, e analisamos jogos de gêneros que não somos tão ligados assim.
Foi assim que Ink. (Sim, tem um ponto no título do jogo. Boa sorte tentando pesquisar no Google/Duck Duck Go/Seu motor de pesquisa), título independente da Brainium Games, desenvolvido pela Linked Rooms Games (boa sorte tentando pesquisar sobre eles também) chegou as minhas mãos, e ao acesso antecipado no Steam. Será que vale a pena pegar, ou é só mais um em meio a milhares de roguelikes?
Aventuras através dos Olhos de uma Criança
Tecnicamente, o protagonista do jogo é Liam, uma criança criativa que dá vida a incríveis histórias através de seus desenhos, e o jogador em si, assume o papel de um dos três diferentes gatos de pelúcia que ele possui (Spok, Smuk e Skrat) e basicamente… Você cria a sua história, atirando em tudo o que se mexe, pois possivelmente Liam assistiu muito Rambo, Braddock e Commando, pois seus gatinhos de pelúcia atiram em tudo o que se mexe.
É, o jogo não oferece tanto em narrativa, é o jogador, através das decisões e caminhos que toma em suas runs é que cria o que os gatinhos vivenciarão. Nada contra isso, mas também…
Jogar no touchpad é uma miséria
Eu não sou o maior versado em PC gaming, mas Jesus Cristo de cascatinha, touchpads de laptop e jogos NÃO COMBINAM. Eu reclamei disso na análise de Mustache in Hell, mencionei em Void Sols e só por desencargo de consciência, devo mencionar também quando joguei o híbrido de visual novel e simulador de fotógrafo da Super Sonico no PC: TOUCHPADS DE LAPTOP SÃO UM HORROR PRA JOGAR. Então, se você tem um mouse e teclado, ou um controle… Pode ficar tranquilo, que Ink. é fácil de jogar e compreender em termos de controle. Ele funciona no seu mais básico, como um dual stick shooer, você se move com um analógico/WASD e mira com o outro analógico/mouse. E obviamente atira com o botão esquerdo do mouse, usando o direito para esquivar. Controles realmente básicos e que não lhe deixam na mão, a não ser que você seja um idiota como eu e use o touchpad pra jogar. Ou pior, esteja tão acostumado com a esquiva do Void Sols no shift, que você usa o shift pra tentar esquivas aqui e sofrendo dano desnecessário (eu já disse que sou um imbecil?).
O jogo usa um esquema de navegação parecido com o jogo de Heavy Metal que eu mencionei e ainda não tive a cara de pau de lembrar o nome, no qual as salas são randomizadas e devemos navegar por elas matando tudo o que se mexe, atirando, esquivando e coletando possíveis power-up’s para a nossa arma. No geral, apesar de não ser o jogo mais criativo do mundo, Ink. é funcional. Claro, que como um jogo em Acesso Antecipado, a campanha de Ink não está completa, com apenas dois capítulos disponíveis, então sua diversão por hora será limitada. Nem tão limitada assim, já que Ink possui modo cooperativo local para até três jogadores atirarem em tudo o que vêem pela frente.
Uma crítica que tenho embasamento para fazer, e também é válida em Void Sols (e mencionei na análise) é que quando se abre ele pela primeira vez, o jogo abre com as configurações no máximo… Qual é a tara de devs que acham que todos tem PC’s da Nasa pra rodar tudo no máximo? Como manda a cartilha de roguelikes, Ink possui um arsenal de armas variado e que deixaria Stallone com um sorriso no rosto… Ou o Arnold clássico. Enfim, o arsenal de Ink é variado, apesar da arminha de merda que você começa. Creio que uma boa dose de sorte é necessária para encontrar um arma boa o suficiente para quebrar a run, tal qual aconteceu comigo naquele roguelike de Heavy Metal, que até documentei em vídeo.
Bonito graficamente
Só de olhar as screenshots, percebe-se que Ink. chama a atenção pelos gráficos, vistosos com sprites bem desenhados, apesar da movimentação parecer meio não natural. Os inimigos também tem essa pegada, com eles tendendo a puxar pro nojento, mas não num nível Binding of Isaac, que chega a ser Nightmare Fuel, mas um bonitinho grotesco.
Os cenários… Pelo menos o que o jogo oferece até aqui, parecem repetitivos, creio que conforme o jogo vá se desenvolvendo no futuro, uma maior variedade de biomas será adicionada. Ou não, não sei, não prevejo o futuro.
Sonoramente.. É um jogo funcional, nada ofende, mas nada marcante. Não há do que reclamar, mas não irá ficar na sua cabeça.
Uma outra reclamação que pode entrar na parte gráfica do jogo, é que o jogo pode apresentar quedas de frames em PC’s menos potentes em momentos, quando o seu HP está em baixa e a tela escurece, os efeitos exigem do PC e pode dar um slowdown absurdo. Pode ser resultado da minha máquina merda? Certamente, mas ei, meu texto, minhas regras.
Finalizando
Ink. tem potencial, ainda está no início do desenvolvimento (dois capítulos dos nove previstos estão disponíveis em Early Access), mas essa é a maravilha do Acesso Antecipado, um título que possui falhas, melhorar a ponto de faturar premiações de jogo do ano (Aconteceu com Baldur’s Gate 3, o jogo teve recepção morna em acesso antecipado, mas graças ao feedback dos fãs, a Larian entregou um mega hit quando chegou a versão 1.0). Se eu acho que Ink. vá chegar a ser jogo do ano? Não, mas assim como todo jogo em Acesso Antecipado, tem potencial de se tornar um excelente jogo, do jeito que ele está, é uma boa pedida e relativamente barato para fãs de roguelikes.
Nota: 7/10
Ink. está disponível para PC no Steam e em Acesso Antecipado, e essa análise foi feita com uma chave fornecida pela Brainium Games.
Sobre o Autor
Geovane, mais conhecido como Sancini (ou Kyo, se você for velho o suficiente pra lembrar do nick antigo dele) é um escritor e speedrunner que joga videogames desde que se entende por gente.