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Coridden | Análise
19/02/2025Ah, o financiamento coletivo. Quando você não vem de uma família endinheirada ou tem a grana de uma corporação, é uma solução para tornar seu sonho de poder fazer um jogo, uma realidade. Claro, que tudo depende de vários fatores, como a maneira que a campanha é realizada, se ela vai atingir seu objetivo e depois disso tem a parte difícil, programar o jogo e lançá-lo, além de entregar as recompensas ao redor do mundo. Ou seja, mesmo tendo uma opção extra para produzir o jogo, ainda é uma operação complicada. E não é sempre que os jogos que entram em financiamento coletivo são de fato lançados. Temos o caso de Trajes Fatais aqui no Brasil, que tornou MUITO MAIS DIFÍCIL pra devs daqui conseguirem financiamento ou divulgação. E casos como o da Zoe Quinn, que deu um calote de 85 mil dólares e a mídia americana de games ficou CALADA, mesmo fazendo um alarde para a campanha… E você se pergunta porque ninguém confia em jornalistas de jogos.
Mesmo jogos que conseguem o financiamento e entregam o produto final, não há garantia de que será um bom jogo. Mighty No. 9 é um exemplo, que ainda que o jogo não seja ruim, ele ficou muito aquém das expectativas. Mesmo quando eu joguei uma build de prévia do jogo pra um preview na época em que eu escrevia pro Jbox, eu comentei que… O jogo parecia sem alma. Outro exemplo, dessa vez brasileiro, é o Tormenta: O Desafio dos Deuses… O que deu na cabeça da Jambô pra colocar um grupo de estudantes universitários pra fazer um Beat’em up? O resultado foi mediocridade.
Claro, muitas vezes também há casos de sucesso, já falamos aqui sobre Shovel Knight, um dos jogos que foi ao infinito e além em termos de entrega do prometido, e Lords of Exile, excelente classicvania. Aqui mesmo no Brasil, ainda que o jogo em si seja discutível, o sucesso do beat’em up 99 Vidas ajudou a alavancar a QUByte, que hoje é a maior publisher da América Latina. O jogo veio de uma campanha bem sucedida no Catarse. Como devem ter percebido, o título da análise de hoje veio do Kickstarter.
Misturando a mecânica de RPG’s de ação top-down com transformações a la Altered Beast e Metamorphic Force, Coridden chegou ao Steam no fim de janeiro. Será que ele vale a pena? Confira conosco.
Bom sozinho, melhor ainda no coop
Se você é familiarizado com RPG’s de ação isométricos como Diablo, Path of Exile, Marvel Ultimate Alliance (E os dois X-Men Legends), você vai se sentir em casa com os controles de Coridden, mas o que chama a atenção e vende o jogo é a habilidade de se metamorfosear em feras que você encontra na jornada. O jogo atinge as notas esperadas de um RPG top-down. Percorra o mundo, numa quest principal, faça side-quests e derrote criaturas.
O jogo tem certa variedade, com sete criaturas nas quais você pode se transformar e quatro classes (representadas pelos quatro personagens jogáveis), com habilidades únicas, com isso, as combinações de combate garantem um bom fator replay ao jogo. A sensação de começar o combate na forma humana, e no meio do combate mudar pra forma animal é bacana. Mas nem tudo são flores e alegria no reino de Kumbaya. Não, não é necessariamente um negativo, mas como muitos jogos de ação, o jogo tem uma barra de stamina, e você precisa ficar de olho.
O jogo é divertido e pode ser jogado solo sem nenhum problema, mas o foco real do jogo é o modo cooperativo para até quatro jogadores, seja local (Isso é, se você tiver amigos), ou online. Diabos, dá até pra você ampliar as possibilidades de combate, com um dos jogadores se transformando em uma criatura e outro jogador a montando. Esse é um jogo que redefine o conceito de dar uma montada em seus amigos… Exceto aqueles outros jogos em que você também pode montar no outro jogador e eu não sei da existência.
Considerando o preço cobrado pelo jogo, o fato de que foi desenvolvido por uma pequena equipe sueca (O estúdio foi fundado por duas pessoas), o jogo dura de 10 a 20 horas, podendo ser menos se o jogador souber o que está fazendo, então é uma boa relação custo-benefício. Não sei qual será o preço cobrado pela futura versão de consoles, mas não é a hora nem o lugar para discutir isso. O ponto fraco da jogabildade, certamente é o chefe final. Basicamente, é uma esponja de dano. Não é particularmente difícil, como todo jogo, basta saber como ele ataca e contra atacar, mas ele leva bem mais tempo que os outros não pela dificuldade.
Outro ponto fraco é a história, que tem certa promessa, mas algumas das reviravoltas acabam sendo mais previsíveis que mentira de político. O mundo construído é interessante, mas a história em si, é uma desculpa para introduzir as mecânicas do jogo, tanto que nem a resumi em uma seção própria.
Gráficos e Sons
Os cenários de Coridden são lindos. Com biomas variados e construções bem feitas, o jogo tem um certo charme típico dos jogos de ação top-down, mas é claro que suas expectativas não podem ser altas, esse é um jogo feito com um orçamento de menos de 30 mil euros (estou contando aqui também impostos e a fatia que o Kickstarter leva). Os retratos dos personagens são meio cursed, mas ei… Não se pode ter tudo. Sonoramente, é competente, a dublagem dá pro gasto na maior parte do tempo.
Recomendo
Apesar da história fraca, a jogabilidade mais do que compensa em Coridden. O jogo tem potencial para se tornar franquia, se o time de produção levar em consideração o feedback dos jogadores, uma continuação pode corrigir os problema do primeiro jogo. Como está, Corridden é um jogo bastante sólido. Recomendo.
Nota Final: 8/10
Coridden está disponível para PC, com versões para consoles possivelmente lançando em algum ponto do futuro. Está análise foi feita com uma chave do Steam, fornecida pela Anshar Publishjing.