Captain Tsubasa | A Jornada ao Sonho
12/01/2021O Capitão Tsubasa
Ah… Super Campeões. De todos os animes que foram exibidos na falecida Rede Manchete, Captain Tsubasa (seu nome original), talvez seja o menos lembrado.
Claro, comparado com animes de ação, com lutas, sangue, armaduras, gente morta voando e garotas de saia lutando contra o mal, Super Campeões tinha um enredo bem simples: crianças jogando futebol e desenvolvendo suas habilidades ao longo de seu crescimento.
Talvez você não saiba mas em 1998 — ano que o anime foi exibido no Brasil — a garotada ligava MUITO mais pra futebol por aqui. Mesmo quem não se importava muito, acabou se empolgando porque era ano de Copa do Mundo, o que gerou um certo frenesi com as crianças da época. Mas lógico, não chegou a 1% do hype gerado por Cavaleiros do Zodíaco.
Ah, é importante lembrar que a série exibida aqui na década de 1990 foi a segunda já feita, chamada de Captain Tsubasa J.
Essa série foi produzida em 1994, e funciona basicamente como um remake na série original de 1983, só que com metade dos episódios. Aqui tivemos a exibição completa, mas com aberturas trocadas no maior estilo Trem da Alegria e nomes dos personagens adaptados para algo mais ocidental, como Oliver no lugar de Ozora, Carlos no lugar de Taro e Benji no lugar de Genzo.
Vou usar os nomes originais pois não acredito que ninguém aqui tenha um elo tão forte com os nomes brasileiros. Uma outra adaptação da série lançada em 2002 também chegou por aqui, mas falemos dela em outro momento.
Animes vs. Mangá
Bem, confesso que eu li / leio o mangá esporadicamente, e as diferenças entre as séries variam muito.
Resumo de situações, com momentos específicos de dois ou três jogos mesclados em uma única partida… sabe, o fato do Yoichi Takahashi — o autor — não ser lá um bom escritor e tão pouco um bom desenhista, é notável quando você começa a assistir ou ler Captain Tsubasa e perceber que os clichés que ele usa se repetem muito ao longo da narrativa.
Exemplos disso são o protagonista super habilidoso e que nunca se deixa abalar (que sinceramente beira algum tipo de doença pois o Tsubasa não tem outra expressão além de um sorriso bobo); o sidekick que também tem habilidades que complementam a do personagem principal; o antagonista que depois vira amigo (e aqui temos logo dois), etc, etc etc.
Talvez isso seja fruto de sua época. Afinal, o mangá é do início da década de 1980, mas o Takahashi bem que poderia desenvolver a história um pouco além do que acontece no campo de futebol ou ao redor dele.
Sabe, temos personagens aqui até bastante carismáticos, como o Ishizaki por exemplo, mas tudo que é contato sobre eles são histórias que se passam em um estádio ou que envolvam alguma partida que vai acontecer.
Sei que esse é um mal de animes de esporte, mas em Captain Tsubasa, até a alternativa mais barata de ramificar uma história para meninos, um romance, é mal explorada… mas sobre isso falemos em outro momento.
A história várias vezes contada
Oliver Tsub- Digo, Tsubasa Ozora, no original, é um garoto prodígio que passa o dia inteiro chutando uma bola de futebol. Um dia, seus pais resolvem se mudar para uma cidade pequena chamada Nankatsu, que é conhecida por ter escolas com clubes de futebol, para que o garoto possa desenvolver melhor seu hobby.
Lá, Tsubasa, então com 11 anos, conhece seus amigos — que obviamente jogam futebol — e, com ajuda de Roberto Hongo (Roberto Maravilha, na dublagem da série J), começam a disputar torneios locais, até que vão evoluindo até um dia disputarem torneios pela seleção japonesa.
O roteiro é simples, porém competente no que se propõe. Como eu disse, o Takahashi não é lá o melhor dos roteiristas, mas ele sabe criar muitas situações inusitadas pra um mangá de esporte.
Os três arcos da história
O primeiro, “Kids’ Dream“, aborda o começo da história das crianças no clube da escola primária;
“Boys’ Fight” conta a história do último ano ginasial dos personagens;
Já “J Boys Challenge”, já aborda o torneio internacional de juniores.
São um pouco mais de 100 capítulos e a leitura é rápida, apesar do Takahashi cometer umas loucuras como FAZER CAPÍTULOS de 90 PÁGINAS, o que talvez seja o motivo do mangá ter 37 volumes… mas como eu disse, se você simpatiza com os personagens e está disposto a ler uma história com traço e roteiro ligeeeeiramente datados, pode ser uma boa leitura!
“Mas Horo! Qual eu assisto?”
Olha, eu tenho ótimas lembranças com a versão animada de CT, principalmente com a de 2002, já que foi a primeira que realmente assisti completa e tinha boas músicas.
Contudo, os quatro animes já feitos pra TV contam basicamente a mesma história, porém cada um com suas peculiaridades, com qualidade variando muito, onde cada um tem seu charme.
O anime de 1983 deixa os diálogos e eventos mais naturais, porém com animação bem limitada da época, enquanto a versão de 2018 — a mais recente feita pela David Production, mesmo estúdio de Jojo’s Bizarre Adventure — é exatamente o oposto disso.
LEIAM – Tudo o que você precisa saber sobre JoJo’s Bizarre Adventure | Phantom Blood
A série de 1994 (J, que passou na Manchete) resume os eventos do primeiro arco, porém toma liberdades com a arte.
Finalmente o anime de 2001 possui baixo investimento e faz um winrar com a história pra chegar logo no arco “Road to 2002”, que por sua vez também é diferente do mangá.
Explicando o conteúdo de cada versão
Por toda essa confusão, achei melhor separar os arcos com base nos diversos mangás e colocar embaixo de cada um deles a versão animada correspondente (caso exista).
Lembre-se que aqui não estarão listados alguns OVAs e filmes com história original.
Mangá: Captain Tsubasa
Arcos:
[1] Kids Dream
Plot: Nankatsu primário no torneio nacional
Animes: Captain Tsubasa (1983) (até o episódio 80)
Captain Tsubasa J (1994) (até o episódio 35*)
Captain Tsubasa (2002) (até o episódio 11)
Captain Tsubasa (2018) (até o episódio 28)
*: O anime Captain Tsubasa J (1994) não adapta os arcos “Boys’ Fight” e “J Boys Challenge”, pulando da infância dos garotos já pra fase quase adulta.
[2] Boys’ Fight
Plot: Nankatsu ginasial no torneio nacional
Animes: Captain Tsubasa (1983) (episódio 81 até o final)
Captain Tsubasa (2002) (episódio 12 ao 20)
Captain Tsubasa (2018) (episódio 29 ao 52)
[3] J Boys Challenge
Plot: International Jr. Youth na França
Animes: Shin Captain Tsubasa (OVA)
Captain Tsubasa (2002) (21 ao final**)
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Mangás: Captain Tsubasa Saikyo no Teki! Holanda Youth & Captain Tsubasa World Youth Hen
Arcos:
[4] Battle of World Youth
Plot: Eventos pós Jr. Youth
Animes: Saikyo no Teki! Holanda Youth (Filme)
Captain Tsubasa J (episódio 36 até o final*)
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Mangá: Captain Tsubasa Road to 2002
Arcos:
[5] Road to 2002
Plot: Tsubasa sai do São Paulo e vai pro Barcelona
Anime: Captain Tsubasa (2002) (21 ao final**)
**: O anime Captain Tsubasa (2002), além de resumir duas sagas inteiras em dez (!) episódios, também criou material novo na sua segunda metade, misturando plots dos arcos “J Boys Challenge” e “Road to 2002”. Pode ser considerado material original, de certa forma.
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Mangá: Captain Tsubasa: Golden-23
Arcos:
[6] Golden-23
Plot: O Sub-22 do Japão se prepara e joga as Eliminatórias para os Jogos Olímpicos de 2004
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Mangás: Captain Tsubasa: Kaigai Gekito Hen in Calcio – Hi Izuru Kuni no Giocatore & Captain Tsubasa: Kaigai Gekito Hen en La Liga
Arcos:
[7] Overseas Fierce Fights
Plot: Os personagens principais jogando seus torneios locais e Tsubasa jogando o Campeonado Espanhol
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Mangá: Captain Tsubasa: Rising Sun
[8] Rising Sun
Plot: Os Jogos Olímpicos de 2004 no México, continuação da preparação feita no mangá Golden-23
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E por enquanto é só de anime e mangá (ufa!)
Recomendações Pessoais
Olha, é inegável que é necessário ter um certo gosto pelo esporte pra assistir Captain Tsubasa, por isso, tenha isso em mente antes de se aventurar pois muito do que se sustenta a série é o fato de ter partidas de futebol acontecendo. Dito isso, minhas recomendações são:
Captain Tsubasa (1983): indicado pra quem não se importa com arte datada. O roteiro consegue melhorar o mangá, deixando o ritmo mais natural, porém demorado. A maioria dos filmes é baseada nessa série.
Captain Tsubasa J (1994): sinceramente só consigo recomendar pra quem assistiu na Manchete e por favor, veja legendado. A dublagem erra muita coisa, além de trocar o nome dos personagens.
Captain Tsubasa (2002): mais uma série que só consigo recomendar pra quem assistiu na época, seja no Cartoon Network ou na RedeTV anos depois. A dublagem dessa vez consegue mudar o nome dos personagens no MEIO da série, então do nada o Tsubasa deixa de ser Oliver, além de clássicos como a voz escrota da Yayoi Aoba:
Captain Tsubasa (2018): Inegavelmente a versão mais fiel em relação ao mangá. Mesmo adaptando somente os dois primeiros arcos, a versão 2018 não tira nada da história original, ainda que trazendo a mesma para os tempos atuais (o pai do Tsubasa conversa com ele por mensagem ao invés de mandar uma carta a cada final de torneio).
Porém, PRA MIM, isso causa um efeito um pouco comum em séries atuais que é a falta de naturalidade da animação por causa dessa busca por verossimilhança em relação a obra original.
Certos momentos e cenas parecem nada mais que uma página colorida do mangá. Isso é uma característica do estúdio, já que Jojo também sofre do mesmo problema. Se isso com certeza não te incomoda tanto, talvez seja o melhor caminho para começar.
Captain Tsubasa (mangá) (1981): O mangá é muito feio, porém a real história está contida nele e é inegável que é a única forma de acompanhar a história em sua plenitude.
Uma forma que eu considero ok de acompanhar a série seria assistir o anime de 1984 ou o de 2018 inteiro, e depois o mangá a partir da parte correspondente (listada mais acima no texto).
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Então é isso! Depois desse resumão gigantesco e toda essa junção de informações espaçadas na internet + conhecimento pessoal, espero que consiga estimular mais gente a conhecer a história do Tsubasazinho. Infelizmente ele jogou no São Paulo (ou “Brancos”, como no anime de 2002) e não no meu Mengão, mas aí também é querer demais.
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Esse artigo foi originalmente publicado em 17/09/2017 e re-editado em 12/01/2021, com correção de informações, formatação e novas imagens. Espero que gostem!