Blaster Master Zero 2 | Salve a Waifu, Salve o Universo!
25/07/2020As vezes é bom você fazer review de dois jogos de uma mesma franquia em sequência, assim você não precisa repetir o blá blá blá de como eu conheci a franquia e ir direto pros finalmente.
Mas, vou fazer um resumo básico: Ouvi falar sobre Blaster Master, joguei Blaster Master 2 (e spoilers: é uma bosta), joguei o primeiro em 2016, traduzi parte do livro, comprei Blaster Master Zero e é du caralho. Para a versão completa desta história, leia meu review de Blaster Master Zero.
Blaster Master Zero havia sido um sucesso de crítica e vendeu razoavelmente bem (Por volta de 100 mil cópias vendidas no fim de 2017), então é lógico que a Inti Creates faria uma sequência. E ela foi anunciada em um Nintendo Direct em 2019. E lançado no mesmo dia.
Blaster Master Zero 2 chegou aos PC’s alguns meses depois, e no ano seguinte, o jogo finalmente aterrizara no PS4, juntamente com o primeiro Blaster Master Zero. Aliás, falando nisso, o jogo também está disponível num bonito pacote com os dois jogos, mais os DLC’s em mídia física, numa edição bacanuda da Limited Run Games. (Pra quem quiser me dar de presente).
Agora, como é o jogo? Vem comigo que eu conto.
Save the Waifu, Save the Universe
O jogo começa pouco depois do final verdadeiro de Blaster Master Zero. Após o embate contra Invem SOPHIA (a forma corrompida do Sophia III), Jason salvara Eve e os dois passaram a viver juntos na Terra. Só que o mesmo parasita mutante que corrompera o Sophia III, infectara Eve, começando a corromper o corpo dela.
Procurando pelo submundo da Terra, a busca de Jason por uma cura é tão intensa que danificara o Sophia Zero. Não se dando por vencido, ele reforma o Sophia, dando ao mesmo a capacidade de viagem interplanetária, pois uma possível cura estaria no planeta natal de Eve, Sophia.
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A partir daí, Jason corre contra o tempo para salvar Eve, e nessa jornada, eles descobrem (na verdade é revelado ao jogador) que a luta contra os mutantes não estava confinada somente a Terra, mas a todo o universo. Também somos apresentados a outros pilotos de Tanque, que combatem o mal em outros pontos da galáxia.
O escopo da história aumentou, já que não estava mais preso as amarras de ser um remake do primeiro jogo (e nenhuma alma decente faria um remake de Blaster Master 2), mas o risco é maior, já que a falha representa não só a morte de Eve, mas o universo tomado pela ameaça mutante.
Livre das Amarras, pronto pra inovar
A estrutura do jogo mudou completamente em relação ao jogo anterior. Ao invés de termos um mundo aberto interconectado, cada seção principal do jogo está em um setor da galáxia, que usualmente possui um planeta principal (com uma exceção) e diversos planetoides ao redor.
Os planetas possuem um ponto de desembarque, onde pode-se sair, e existe um mapa do universo conectando esses planetas. Antes de entrar num planeta, pode-se checar o que há para coletar no mesmo.
Por outro lado, a estrutura da jogabilidade permanece a mesma, com seções onde navegamos com o Gaia-Sophia e a jogabilidade permanece mais ou menos a mesma. Digo mais ou menos, porque algumas das habilidades do tanque são diferentes das do jogo anterior.
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Novas habilidades foram dadas, como a capacidade de fazer um wall kick (e descer arrastando pela parede, feito o Mega Man X), usar uma broca para furar certos objetos e dar um dash (seja no chão ou ar) e outras mais. As armas do Sophia também estão diferentes, com menos opções de armas.
A barra de sub-arma/hover agora não é mais recarregável só pelos sub-itens encontrados, mas também caindo de certas altitudes ou tomando dano. Mas cuidado, se você gastar a barra toda, o poder de ataque do Gaia-Sophia irá diminuir exponencialmente e a barra irá se encher (mas seus ataques causarão pouco dano aos inimigos.).
A exploração de dungeons no modo Top-down continua como no jogo anterior, mas assim como o tanque, as armas de Jason mudaram, logo você deve encontrar a arma ideal para cada tipo de situação.
O sistema de upgrades dela é semelhante ao do Blaster Master Zero 2, com os itens rosados a serem pegos de inimigos ou rochas. As sub-armas são um caso a parte porque algumas permanecem, outras foram modificadas (o detonador remoto agora virou uma mina sem detonação remota) e uma novidade para o Jason foi adicionada: Um botão de contra-ataque. Usando uma terceira barra presente na tela, quando um inimigo disparar contra você, aperte um botão e Jason executará um ataque, se esquivando e atirando.
Pode parecer estranho a princípio, mas com o tempo se pega o jeito.
Mais difícil… E mais leniente?
Um dos pontos que na minha opinião, me cansaram mais na jogatina de Blaster Master Zero, foi a OBRIGAÇÃO de pegar 100% dos itens e upgrades para fazer o final verdadeiro do jogo.
Não é um ponto contra o jogo, mas ter que pegar tudo pra ver o final verdadeiro cansou um pouco. Aqui, essa obrigação foi mandada pras cucuias.
Pra fazer o final verdadeiro, é necessário conseguir três emblemas, e eles são adquiridos fazendo três side-quests específicas com os pilotos de Metal Attackers (Salteador Metálico na tradução). Completando estas side-quests, os mesmos darão estranhos emblemas a Jason, que os entrega para Eve que deseja analisá-los.
Dito isto, recomendo que vá atrás de 100% dos upgrades, porque a jornada pode não ser obrigatória, mas é essencial ter o máximo de upgrades, para encarar as batalhas contra os chefes, que estão difíceis. Pelo menos certas batalhas específicas, as batalhas contra os pilotos de Metal Attackers que estão pela galáxia, a princípio nenhum deles é amistoso com você, e eles irão lhe atacar antes e perguntar depois.
Alguns chefes também estão difíceis, por isso a recomendação dos upgrades. Como no jogo anterior, não tem mistério em como derrotá-los, apenas aprenda como eles atacam e crie uma estratégia em torno disso. E sim, ainda é uma mistura de chefes no modo Top-Down e chefes a bordo do Gaia-Sophia.
A verdadeira dificuldade vem no setor Omega, onde assumimos o controle de Eve e aí, cada movimento precisa ser calculado para evitar a morte, pois jogamos a primeira metade do mapa com Eve a pé, e ela não possui ataque de longo alcance (ou sequer uma arma para afetar os inimigos desse trecho) e tem aquele dano de queda do jogo que pode te matar antes que chegue ao próximo ponto de salvamento. A única arma que Eve possui é um toque que pode purificar águas e uma estranha habilidade de desacelerar o tempo.
O toque da Eve também pode empurrar um certo bloco que será utilizado de maneiras específicas (incluindo uma boss battle). Também há uma seção onde controlamos Eve numa dungeon, funciona mais ou menos da mesma maneira, mas dessa vez o toque da Eve pode matar inimigos (e certos inimigos precisam ser derrotados para abrir portas orgânicas da Dungeon).
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Por fim, há uma seção onde controlamos Eve em um Metal Attacker chamado ANDREIA (pertencente a um personagem falecido), e as habilidades dele são diferentes, mesmo a forma de recarregar a barra dele é diferente (basicamente a água recarrega a energia de ANDREIA).
Essa seção não é particularmente difícil, tá mais pra uma recompensa por ter superado o desafio da primeira metade. Essa seção leva ao penúltimo combate do jogo, que guarda um momento bem bacana.
Sabe aquele problema da seção de escadas do primeiro Blaster Master Zero? Ele ainda está aqui, mas em menor escala, de fato, não era nem uma seção obrigatória do jogo e de fato ela me lembrou mais Donkey Kong Jr do que Blaster Master Zero. Ainda é desafiante, ainda dá dor de cabeça, mas não é necessário pro True Ending.
Pura competência retro-moderna
Os gráficos de Blaster Master Zero 2 seguem a mesma linha do anterior, oferecendo um estilo 8-bit charmoso, mas sem as limitações do NES.
Dessa vez, os cenários estão mais bonitos e mais variados que seu antecessor porque ao invés de um ambiente inter-conectado E LIGADO ao Blaster Master original, Blaster Master Zero 2 tem um universo para explorar, isso nos traz cenários diferentes e isso reflete nos ambientes mostrados, um planeta baseado em plantas, um que é metade deserto e metade gelo, os dois divididos por uma ruptura dimensional (que causa mortes com um hit, então nem pense em tocá-las), uma estação espacial e um planeta inteiro QUE É O CHEFE.
As cutscenes mostradas possuem o mesmo vigor do anterior, feitas na mais pura e linda pixel-art, com destaque para as cenas que mostram a mutação da Eve (e o crescimento dos atributos da Eve, me leva a crer que ela não é um Androide no sentido robótico da palavra, mas uma ciborgue, tal qual os Andróides 17 e 18 em Dragon Ball Z), visto que ela pode também consumir alimentos orgânicos (isso foi mostrado em um wallpaper oferecido pela Inti) e as que mostram a razão pela qual Kanna possui muita arte da regra 34.
Os sprites de inimigos, personagens e chefes estão muitíssimo bem feitos, e Jason ganhou uma nova capa estilosa, colocando-o mais ainda no firme hall de personagens que poderiam fazer uma ponta em Mega Man. A própria Eve ganhou sprites também, e foram muitíssimo bem feitos, mostrando (assim como nas cutscenes) o quão mutada a personagem está.
Sonoramente, está melhor que o jogo anterior. O jogo anterior pecava por estar na sombra do Blaster Master original e não tinha composições que marcassem como a do original.
Aqui, as composições, feitas pelo mesmo time, vibram e passam as vibes certas nos momentos necessários. Se eu fosse destacar, colocaria “All Together” e “Connected Wolf” como as melhores faixas do jogo. Importante também frisar que as músicas das seções top-down são remixes das músicas da seção side-scroller do jogo.
Exploda rumo a vitória!
Infelizmente, Blaster Master Zero 2 não possui os modos extras que davam um gás e uma sobrevida ao jogo anterior. O único conteúdo extra inédito é o recém-lançado DLC “Kanna raising simulator”, no qual você pode cultivar sua própria Kanna.
Fora isso, há dois personagens extras que podem ser comprados, a “Empress”, de “Dragon Marked for Death” e o “Copen” de “Luminous Avenger IX”, dois jogos recentes da própria Inti Creates, e cada personagem tem suas peculiaridades em gameplay (A Empress é personagem de combate corpo a corpo, então vai ser difícil se adaptar a ela).
Finalizando, apesar do fator replay menor que Blaster Master Zero, Zero 2 acerta no que uma sequência deve ter. Com um escopo maior, jogabilidade levemente modificada, é um jogo que cumpre o que se propõe e traz diversão e desafio na medida certas.
Blaster Master Zero 2 está disponível para Nintendo Switch, PC e PlayStation 4.