Sumatra: The Fate of Yandi | Uma aventura confusa
25/07/2021A maioria das pessoas está mais do que acostumada a ver os adventures point’n click como um gênero onde a comédia é maioria. Sim, há uma gama de títulos sérios, alguns mais adultos, mas convenhamos que temos aí títulos como Full Throttle, Secret of Monkey Island, Maniac Mansion, Day of the Tentacle, Sam & Max e por aí vamos. Mesmo mais recentemente, temos aí a série Deponia, Edna & Harvey, e jogos como Guard Duty e um dos que analisei recentemente, Trials and Traces: The Tomb of Thomas Tew, ou mesmo Tales from Borderlands (que é o melhor jogo da Telltale e o melhor Borderlands).
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Por isso, quando um título um pouco mais sério sai no mercado, é uma surpresa. Mas, dado o histórico da Cloak and Dagger (que fez Football Game, um point’n click com uma pegada de terror), não esperava que Sumatra: The Fate of Yandi fosse ser um point’n click do tipo engraçado. O jogo, lançado para PC em 2019, chegando aos consoles em março de 2021.
Será que ele vale a pena o seu tempo?
Sobreviver para viver um novo dia
Yandi é um homem que trabalha numa madeireira, e em um fatídico dia, juntamente com seu amigo Ramdan, sofre um acidente devido a um deslizamento de terra e acaba indo parar numa parte funda da selva. Agora, ele precisa reencontrar Ramdan para juntos, poderem sair de lá.
Ele também precisa voltar para casa, pois está tremendamente arrependido de suas discussões com sua esposa, Adiratna. E enquanto está na selva, Yandi encontrará todo tipo de gente, descobrindo segredos e fazendo amizades, enquanto resolve quebra-cabeças desnecessariamente complicados que só fazem sentido no universo do jogo.
Eu apreciaria mais todo o trabalho de pesquisa envolvido no jogo se não fosse o fato da mudança do tom de narrativa não fosse tão brusco. A princípio parece ser um jogo que tem a narrativa focada na sobrevivência do personagem, do nada vira uma investigação e até mesmo assassinatos. Pareceu que eu estava jogando dois jogos completamente diferentes.
Mas enfim, como eu havia dito, a pesquisa feita para o jogo em si foi boa o suficiente para eu até mesmo achar que os criadores do jogo eram Indonésios em si. Não sei quanto as reproduções da parte urbana, mas alguns dos detalhes como a fauna e locações foram transpostos de maneira convincente.
Point’n click curto ao estilo clássico, mas com falhas
O jogo é um point and click, o que significa que duas coisas serão óbvias: A primeira é que não existe um fator replay nativo, pela razão da solução dos enigmas do jogo será sempre a mesma, e a não ser que você tenha deixado passar dois troféus passíveis de se perder num primeiro playthrough. E eu esqueci qual seria a segunda, juro.
Enfim, uma coisa que aconteceu, é que como eu joguei o jogo do Thomas Tew e esse aqui quase em sequência, o acesso ao inventário me confundiu, porque em um jogo é com um botão, e esse aqui você acessa o inventário colocando o ponteiro na região do topo da tela, o que pode ser incômodo se você quer apenas mudar de área.
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Mas enfim, você segue pelos cenários, fazendo as coisas, resolvendo enigmas e favores. E as coisas funcionam exatamente como num point and click, clique para onde você quer mandar, pegue itens, combine-os e os use em pontos específicos para fazer o roteiro do jogo andar.
Em boa parte do jogo, tudo funciona bem (exceto o já supracitado problema com o inventário sendo ativado com o ponteiro no topo da tela), até um momento em específico no jogo que é possível do jogo simplesmente dar softlock. E não foi um caso isolado, foram várias vezes… E sempre no mesmo ponto.
Eu consegui passar por aquele ponto (de algum jeito), mas é frustrante você ter o progresso impedido por um softlock. Outro problema do jogo é o sistema de save, já que ele permite apenas cinco saves por vez.
Pode não ser um problema grande, já que Sumatra é curto e pode ser concluído em pouco mais de uma hora. Mas se você for fazendo saves conforme for progredindo, vai ter que apagar eles manualmente porque o jogo não oferece opção de salvar por cima.
Belos cenários, boas animações, porém…
Boa parte do departamento sonoro de Sumatra consiste de sons ambientes. O que por um lado é feito de maneira competente, já que isso alimenta muito da tensão na selva, por outro lado, talvez uma trilha sonora fosse uma boa ideia. Deponia mesmo tem uma trilha excelente, só trazendo aqui o comparativo.
Vou novamente dizer isso, já que devo ter falado em algum outro lugar aqui no site. Mas eu não sou fã desse estilo minimalista de pixel art. Porém, as animações dos personagens em Sumatra são muitíssimo bem feitas, e mesmo os sprites não tendo rostos, a movimentação corporal passa toda a expressividade que os personagens passam.
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Os cenários de Sumatra: Fate of Yandi são igualmente bem trabalhados. Claro, as vezes a quantidade de “Floresta” cansa um pouco, mas o jogo se passa na selva e isso era meio que esperado. Só queria que a reprodução da parte urbana da Indonésia que foi mostrada no jogo fosse um pouco mais… Acho que talvez o fato de que o que sei sobre a Indonésia veio de Satria Garuda Bima-X nublou meu julgamento. Enfim.
Talvez numa promoção
Sumatra: Fate of Yandi é um point and click decente, sem sombra de duvidas. Porém, os pequenos problemas dele acabam sendo o suficiente para que eu o recomende somente numa promoção… Ou se você é fã de adventures e quiser uma platina fácil.
O jogo está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch.
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Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Ratalaika Games.